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Pacheco em MG, Trump, gasolina e Kassab: os planos de Lula para 2025
Presidente deu sua primeira coletiva do ano e fez um balanço do seu terceiro mandato à frente do Planalto
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Siga noO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (30/1) que quer ver o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), como próximo governador de Minas Gerais. "Eu não posso dizer quem é que vai ser [ministro], gente. Se pudesse falar, eu falaria. Mas eu quero que o Pacheco seja governador de Minas Gerais. É isso que eu quero", disse.
A declaração foi dada em uma entrevista coletiva com jornalistas em Brasília, a primeira desde que Sidônio Palmeira assumiu a Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo e prometeu mais diálogo com a imprensa. O petista foi questionado sobre a possibilidade de Pacheco e Arthur Lira (PP-AL) ocuparem cargos de ministros do governo em uma possível reforma ministerial.
Ao ser indagado sobre o tema, Lula não falou sobre a situação de Lira, mas, em relação a Pacheco, disse querer que o parlamentar seja eleito como chefe do Executivo mineiro. O nome da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, também esteve entre os possíveis novos ministros de Lula. "Ela tem competência para ser ministra em qualquer país do mundo, mas ainda não conversei com ela. Não sentei para pensar nisso", afirmou.
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No próximo sábado (1/2), o Senado escolhe seu novo presidente, que vai comandar os trabalhos entre 2025 e 2027. O favorito na disputa é Davi Alcolumbre (União-Brasil), senador pelo Amapá que busca retornar ao comando da presidência, cargo que ocupou entre 2019 e 2021. Ele foi um dos principais articuladores da eleição de Rodrigo Pacheco, seu sucessor, e manteve forte influência nos bastidores.
Com a mira em Minas Gerais e fora da cadeira da presidência do Congresso, Pacheco deve ser recolocado para assumir uma pasta do governo Lula. O senador é cotado para o Ministério do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A ideia é não deixar de perder prestígio, já que a vontade do presidente Lula é que Pacheco concorra às eleições de 2026 no estado, que é um dos mais estratégicos quando o assunto é também a conquista do Palácio do Planalto.
Não é só Pacheco que deve assumir uma cadeira na Esplanada. Lula já cogita uma nova reforma ministerial. As especulações sobre mudanças nos ministérios se arrastaram até o fim de 2024, mas agora há um senso de urgência: a aprovação do governo precisa melhorar. Com metade do mandato já transcorrido, pesquisas indicam um aumento do descontentamento da população em relação ao governo Lula. Se em dezembro de 2024 havia um empate entre aprovação e desaprovação, janeiro de 2025 trouxe uma virada negativa. Para reverter esse cenário, o governo precisa entregar resultados e garantir sintonia entre os ministérios e a base no Congresso.
A presença de aliados nos ministérios também facilita o acesso de Lula aos municípios, essenciais para articulações eleitorais. Nas eleições municipais, partidos de centro-direita e direita saíram fortalecidos: o PSD liderou o ranking, seguido por MDB, PP, União Brasil, PL e Republicanos. Juntos, esses partidos controlam mais de quatro mil cidades, enquanto o PT ficou apenas em 9º lugar, com 252 prefeituras—menos da metade do Republicanos e um quarto do PSD. Abrir espaço nessas bases locais tornou-se uma necessidade inadiável.
A reforma ministerial de Lula levará em conta o peso desses partidos, que também dominam o Congresso. Os dois maiores blocos partidários da Câmara somam 307 votos, suficientes para barrar propostas do Executivo. União Brasil (59), PP (50), Republicanos (44), Podemos (14), PSD (44) e MDB (44) formam um grupo que não pode ser ignorado. São eles que o presidente precisa agradar—o chamado centrão, um bloco suprapartidário conhecido pelo apetite insaciável por verbas e cargos.
Com as mudanças, outro mineiro deve ser realocado: o ministro Alexandre Silveira, atualmente à frente do Ministério de Minas e Energia. Segundo apuração do EM, ele deve assumir a Secretaria de Relações Institucionais. Silveira é um dos aliados mais próximos e estimados pelo presidente Lula, integrando seu núcleo de confiança.
Combustível
Ainda em coletiva, Lula falou sobre a alta da gasolina e do diesel. O presidente negou ter autorizado a Petrobras a aumentar o preço do diesel e enfatizou que essa decisão não cabe a ele. Segundo Lula, a palavra final é da estatal. "Eu não autorizei o aumento do diesel. Desde o meu primeiro mandato, aprendi que quem decide o preço do petróleo e seus derivados é a Petrobras, não o presidente da República", afirmou.
Lula destacou que, mesmo com um eventual reajuste, o preço do diesel seguirá abaixo do valor registrado em dezembro de 2022, último mês do governo Jair Bolsonaro (PL). A política de preços dos combustíveis foi discutida na quarta-feira (29) pelo Conselho de Administração da Petrobras, que avalia um aumento para reduzir a defasagem em relação ao mercado internacional.
Atualmente, o diesel no Brasil custa entre R$ 0,46 e R$ 0,55 a menos que no exterior, uma diferença de 13% a 16%. No caso da gasolina, a defasagem chega a R$ 0,24 (18%). Os dados são da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).
Trump
O chefe do Executivo também afirmou que, caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, imponha tarifas sobre produtos brasileiros, o Brasil adotará medidas recíprocas sobre produtos norte-americanos. “É muito simples. Se ele taxar produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos exportados para os Estados Unidos. É simples. Não tem nenhuma dificuldade", afirmou Lula.
Ao ser questionado sobre o assunto, Lula acrescentou que a exportação para os Estados Unidos não representa uma "supremacia", no sentido de superioridade do país norte-americano sobre o Brasil, mas que o desejo é manter e aprimorar essa relação comercial. “A nossa exportação com os Estados Unidos não é essa supremacia que as pessoas pensam que é, de superioridade com relação ao Brasil. É mais ou menos R$ 40, R$ 45 bilhões", explicou o presidente brasileiro.
Relação com PSD
Lula finalizou a coletiva ironizando a declaração do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Ele afirmou que, se a eleição fosse hoje, o PT sairia derrotado. Kassab, que comanda um partido da base aliada e ocupa a Secretaria de Governo e Relações Institucionais da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo, disse que Lula não estaria na condição de favorito, mas de perdedor.
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"Quando eu vi a declaração do companheiro Kassab, eu comecei a rir. Porque, como ele disse que, se a eleição fosse hoje, eu perderia, olhei no calendário e percebi que a eleição é só daqui a dois anos. Então, fiquei muito tranquilo, porque hoje não tem eleição", disse Lula, rindo.