INTOLERÂNCIA

Violência política cresceu no Brasil

Minas Gerais aparece entre os estados que mais registraram casos entre 2022 e 2024. No país, maiores registros ocorreram nas eleições municipais

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O Brasil registrou 706 casos de violência política em 2024. É o maior número da série histórica feita pelo Observatório da Violência Eleitoral e Política no Brasil, da Universidade do Rio de Janeiro (OVPE/Unirio). A entidade monitora os casos desde 2020. Naquele primeiro ano, que também era de eleições municipais, foram registrados 235 casos.

No ranking dos estados mais violentos do Brasil para o exercício da política, Minas Gerais segue entre os que mais registraram casos. No ano passado, o estado ficou em quinto lugar com 41 casos, atrás de São Paulo (111), Rio de Janeiro (77), Bahia (65) e Ceará (47). O estado do Amapá é o último da lista, com apenas um caso ao longo do ano. Ao todo, foram registrados 706 episódios de violência política em 26 unidades da federação. O auge foi em setembro, mês que antecedeu o primeiro turno das eleições, com 360 registrados, mais da metade (51%) do total.

De acordo com os dados, entre o início das campanhas eleitorais e a realização do segundo turno das eleições do ano passado, foram registrados em todo o Brasil, 328 casos de violência física, psicológica (ameaças e intimidações contra lideranças políticas e/ou seus familiares) e econômica, entre 16 de agosto (início formal das campanhas) e 27 de outubro (realização do segundo turno das eleições). Em Minas Gerais, do total de 41 casos, 23 foram registrados entre agosto e novembro.

De acordo com Miguel Carnevale, pesquisador do OVPE/Unirio, as eleições municipais, desde o início do levantamento, sempre concentram taxas mais altas de violência do que no pleito que escolhe deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República. “Comparativamente, entre os anos de disputa de eleições, as municipais tendem a registrar mais episódios, e não só mais episódios em termos gerais. Elas tendem a registrar mais episódios especificamente contra candidatos e candidatas envolvidos no pleito em questão”, aponta.

Somente neste período, foram 26 homicídios e 62 tentativas. No entanto, destaca Carnevale, a violência é um marco da política brasileira, independentemente de ser ou não ano eleitoral e da polarização. As eleições municipais, avalia o pesquisador, não tendem a ser afetadas pelo mesmo grau de polarização e disputa ideológica do pleito geral. “No Brasil, a forma de violência política que parece ser predominante é aquela calcada em disputas locais de pequenos municípios, disputas por poder econômico da região. Então, nós tivemos como evidência nesse último ciclo eleitoral uma manutenção da violência como um marco da política brasileira”, analisa o pesquisador.

Os homens são as maiores vítimas de violência política (68,9%), reflexo da sobrerrepresentação de homens na ocupação de espaços públicos. As mulheres representam 31,1% das vítimas, percentual superior à cota de 30% de candidaturas do sexo feminino exigida pela legislação eleitoral. Para Carnevale, esses números da violência contra mulheres nas eleições demonstra que existe uma ação deliberada para impedir a entrada de lideranças femininas na política.

“A proporção de mulheres vitimadas é muito maior do que a proporção de mulheres com candidatura e, principalmente, de mulheres efetivamente eleitas nos processos eleitorais. E o que se debate é que o meio político parece agir ativamente contra a entrada dessas lideranças”, afirma. Segundo ele, as formas mais frequentes de violência são a psicológica e a semiótica: “que visam apagar essas lideranças, afastar, remover o direito dessas mulheres de participarem da política. Então, é um fenômeno que tem muitas facetas e parece atingir o público feminino com maior força”.

O PT, legenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi a legenda que mais sofreu violência. Em 2024, 24 partidos tiveram, ao menos, uma candidatura alvo de violência. O PT lidera o ranking com 48 registros (14,6%), seguido pelo MDB, com 39 (11,9%), União Brasil, com 34 (10,4%), e PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, com 31 (9,5%). Os números da violência são maiores do que os registrados em 2022, quando foram eleitos governadores, deputados estaduais e federais e senadores, além do presidente da República. Naquele ano, foram contabilizados 645 casos e Minas Gerais ficou em segundo lugar, atrás apenas de São Paulo, que registrou 86 registros de violência política.

Confira os números por estado:

Casos de violência politica desde 2022

Casos de violência politica desde 2022

Editoria de Arte

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