Zema diz que PEC contra pedágio na RMBH vai 'fossilizar o estado'
Governador criticou proposta assinada por 33 deputados estaduais. Autora do projeto, Bella Gonçalves (PSOL) diz que pedágios não desenvolvem a região
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Siga noO governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), criticou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) assinada por 33 deputados estaduais e que pretende proibir a instalação de praças de pedágio nas rodovias que cortam os municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Em coletiva nessa quarta-feira (19/2), o chefe do Executivo mineiro afirmou que a proposta “fossiliza” o estado e impede avanços na infraestrutura.
A PEC foi apresentada na tarde de ontem, após discussões sobre a concessão das rodovias MG-010, MG-424 e LMG-800, todas no vetor norte da Grande BH. O edital prevê a instalação de 12 praças de pedágio que vão desde a capital mineira até Matozinhos e Santana do Riacho, na Serra do Cipó. Segundo Zema, os pontos de cobrança são importantes para atrair investimentos na região.
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“Eu escuto a reclamação dos prefeitos que querem mais investimentos (no vetor norte), mas, na hora que escuto os investidores não querem ir e falam: ‘você conhece as estradas lá?’. Nós queremos ficar estagnados ou avançar? Fazer populismo, fossilizar o estado com uma lei que pode ser aprovada ou viabilizar o estado?”, indagou o governador.
Zema ainda citou o exemplo da concessão da BR-381, assinada no início de fevereiro em uma cerimônia no Vale do Aço. Para o governador, no “o mundo ideal” não seriam necessários impostos e pedágios.
“Mas temos o mundo real. Há duas semanas estive no Vale do Aço para dar início às obras de duplicação da BR-381. Teremos pedágios com a concessão desta via. E as pessoas estão satisfeitas porque sabem que a região Leste não se desenvolve economicamente sem uma logística confiável. Com essa duplicação, nós vamos resolver o problema”, ressaltou Zema.
Nas últimas semanas, o tema tem gerado polêmica entre deputados estaduais, federais e vereadores na Grande BH. A principal reclamação se dá em relação à dificuldade de quem mora em uma cidade e trabalha em outra terá para se locomover, mesmo com o desconto por usuário frequente. A maioria das praças previstas na concessão do vetor norte devem ser instaladas em distâncias curtas entre si, com tarifas que variam entre R$ 1,66 e R$ 5,04.
Na MG-010, por exemplo, são previstos quatro locais de cobrança para os motoristas que trafegam pela região, sendo que a menor distância estará entre o ponto instalado no Km 17,4, entre BH e Vespasiano (R$ 1,68), e o instalado entre Vespasiano e Lagoa Santa (R$ 3,61) no Km 28,5 - dois pedágios em menos de 12 km.
Os possíveis valores das tarifas de pedágio foram apresentados pela Seinfra em uma apresentação de audiência pública realizada pelo governo do estado em novembro de 2024. O leilão de concessão do lote está previsto para ocorrer no dia 13 de junho na Bolsa de Valores de São Paulo (B3).
Em resposta às críticas do governador, a deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL), autora da PEC, disse que a instalação de pedágios em regiões metropolitanas não promove o desenvolvimento econômico. Segundo a parlamentar, os pórticos dificultam o acesso a empregos, educação, saúde e serviços que a integração da região pressupõe.
“O que deve estar fossilizado são os ouvidos de Zema, que não escuta os clamores de prefeitos, vereadores e da população que está indignada com a instalação de praças de pedágio na Região Metropolitana de BH. Ao colocar pedágios, Zema desmonta o princípio básico das regiões metropolitanas é a integração, que se dá sobretudo pela mobilidade urbana”, exclamou a pessolista.
“Pedágios vão dificultar que pessoas que moram em Vespasiano acessem hospitais como o Risoleta Neves, por exemplo. Ou que moradores de Lagoa Santa possam estudar na capital. Além disso, vai dificultar o trânsito de pessoas que moram em uma cidade e trabalham em outra, prejudicando assim o desenvolvimento econômico e social da nossa região metropolitana. Nossa PEC conseguiu muito apoio dos deputados da ALMG e vamos lutar para que seja aprovada e impeça esses pedágios abusivos”, completou.
ALMG
Outras propostas foram apresentadas na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) com o mesmo teor. O deputado Betão (PT), por exemplo, apresentou um projeto de lei que impede a cobrança de pedágio em distâncias menores que 100km entre dois pontos de rodovias estaduais. O deputado Alencar da Silveira Jr (PDT), também apresentou um projeto que impede a cobrança nas rodovias da Grande BH.
O presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite (MDB), destacou que os pedágios geram debates entre os parlamentares e citou a criação da Agência Reguladora de Transportes de Minas Gerais (Artemig) como importante para fiscalizar as concessões, seja na capital ou no interior do estado.
“Eu acho que pode ser necessário e importante termos uma agência independente para fiscalizar e discutir este assunto, que hoje é muito polêmico. E a população vem cobrando muito isso. É um projeto de autoria do governo do Estado que nas próximas semanas vamos começar a construir o ambiente para pautá-lo”, disse.
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Veja as praças de pedágio
MG-010
P17 Km 17,4 - BH e Vespasiano - R$ 1,68
P16 Km 28,5 - Vespasiano e Lagoa Santa - R$ 3,61
P06 Km 47,1 - Lagoa Santa e Jaboticatubas - R$ 5,04
P05 Km 93,4 - Jaboticatubas e Santana do Riacho - R$ 4,90
MG-424
P15 Km 4,5 - Vespasiano e São José da Lapa - R$ 1,66
P11 Km 10 - São José da Lapa e Confins - R$ 1,66
P12 Km 15 - Confins e Pedro Leopoldo - R$ 1,66
P14 Km 23,7 - Pedro Leopoldo e Matozinhos - R$ 3,19
P09 Km 35,8 - Matozinhos e Prudente de Morais - R$ 3,08
LMG-800
P22 Km 5 - Aeroporto - R$ 3,54
P10 Km 11,7 - Pedro Leopoldo e Confins R$ 2,04
Contorno de Matozinhos (CMAT)
P21 Km 3 - A ser instalado em equilíbrio de tarifas com as praças do Km 23,7 e 35,8 da MG-424
Fonte: Apresentação de audiência pública do Governo de Minas em novembro de 2024 e Edital de concorrência internacional N° 0001/2025