EM MINAS

Qual Simões veremos em 2026?

Mateus Simões sensibilizou a plateia e as autoridades presentes ao contar as trágicas histórias dos acidentes que vitimaram seu irmão e seus pais na BR-262

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A eleição de 2026 já se divisa no horizonte e provoca reações nos atores políticos. A mais abrupta e curiosa no cenário de Minas Gerais da última semana aconteceu na quinta-feira (20/3) em Uberaba. Em evento que marcou o início das obras na BR-262, do Triângulo Mineiro até Betim, o vice-governador Mateus Simões (Novo) e o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB-AL), protagonizaram uma dobradinha bem sintonizada, com elogios mútuos, cobranças bem educadas e agradecimentos em profusão. Alguém mais desligado do noticiário político que acompanhou a cerimônia poderia garantir e até apostar que se ocorria ali o encontro entre aliados.

Simões sensibilizou a plateia e as autoridades presentes ao contar as trágicas histórias dos acidentes que vitimaram seu irmão e seus pais na BR-262. E concluiu o relato agradecendo pelo “pagamento de uma dívida histórica do poder público com os mineiros” ao citar as obras de duplicação da estrada. Ele prosseguiu com elogios a Renan Filho, a quem se referiu como alguém que sempre cumpriu todas suas promessas com Minas Gerais.

O ministro falou na sequência e não se conteve nos elogios ao discurso de Simões. “Você é daquelas pessoas que falam com sinceridade e que solta as palavras com facilidade e isso dá muita segurança para as pessoas. Quem ouve sabe que o tom sóbrio e sereno não é o tom mais fácil e não busca o aplauso fácil ou o elogio vazio”, disse Renan Filho. Em nada o alagoano remetia à sua versão que nos meses anteriores criticou Romeu Zema (Novo) por priorizar a política em detrimento do governo e disse que as redes sociais do governador mineiro mais parecem “Teletubbies, sem conteúdo”.

O contato republicano entre dois opositores políticos não chamaria a atenção se Zema não dobrasse, semana após semana, a aposta em suas críticas ao governo federal. O mineiro age nas redes como um comentarista raivoso que não perde uma oportunidade para falar mal de Lula, seja pelo preço dos alimentos, a dívida com a União, o aumento da taxa Selic ou a segurança pública.

A postura de Zema pode até fazer sentido a quem já planeja voos em nível federal. O que ele quer é se cacifar nacionalmente como uma inequívoca figura antipetista. Seja para concorrer à Presidência ou, ao menos, ser um cabo eleitoral óbvio para qualquer candidato da direita no braço mineiro da campanha. A questão é que, enquanto o governador faz barulho além das fronteiras de Minas, ainda precisa atuar no comando do Executivo. E isso dificulta que suas críticas tenham substância e conteúdo para além da forma.

Zema atacou os vetos presidenciais ao Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag) mesmo ciente de que precisará aderir ao projeto e que ele representa um enorme avanço para a situação fiscal em Minas. Ele também questionou as obras na BR-381, mesmo com a atual gestão do Ministério dos Transportes logrando sua privatização após décadas de fracassos.

Neste cenário, Simões pode emergir como quem vai comandar o estado a partir da licença de Zema no ano que vem e como uma figura capaz de tecer críticas mais sofisticadas ao governo federal e ao petismo. Alguém capaz de cobrar e se relacionar com o diferente enquanto o outro come banana com casca e tudo. A questão é se ele será capaz de se descolar o suficiente da figura beligerante que seu superior assumiu.
Como um motorista distraído que pega uma alça de retorno em alta velocidade, o comportamento de Simões com Renan marca uma completa mudança de postura nas relações entre Minas Gerais e o Planalto.

Se esse comportamento for mantido, ele pode atrair o olhar mais atencioso de apoiadores importantes como o PSD, dividido entre reeditar a dobradinha com o PT e lançar Rodrigo Pacheco ao governo e seguir como base zemista.

Os próximos meses darão a medida de como o vice-governador se enquadrará para a disputa eleitoral mais como um tradicional conciliador à mineira ou tentará a via mais agressiva, na qual Cleitinho Azevedo (Republicanos) e Nikolas Ferreira (PL) já nadam de braçada.

Antes do fim

O vereador Bráulio Lara (Novo) preside a Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços da Câmara Municipal de Belo Horizonte. O cargo foi comemorado logo depois de sua nomeação, há cerca de dois meses. E tratado como um merecido prêmio por seu trabalho na legislatura anterior. Na quinta-feira (20/3), porém, o parlamentar deixou uma audiência pública em sua comissão antes do fim e sem ouvir as críticas de colegas da Grande BH aos pedágios que Zema, seu correligionário, pretende instalar.

PSD reunido em BH

Ator central nas eleições de todo o Brasil, mas especialmente em Minas Gerais, o PSD fará uma reunião nacional sediada em Belo Horizonte em 27, 28 e 29 de março. O evento terá a presença de deputados e prefeitos de todo o país, além do presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab. Desta convenção devem sair rumos importantes para a legenda lula-zema-tarcisista em 2026.

Vetos à vista

Na próxima terça-feira (25/3), vetos do governador Romeu Zema travarão a pauta da Assembleia, exigindo sua apreciação para o andamento de qualquer outro tema em plenário. O fato pode ser mais um empecilho aos deputados governistas, que tentam viabilizar a votação em segundo turno da Agência Reguladora de Transporte do Estado de Minas Gerais (Artemig) e lidam com a obstrução da oposição.

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