ENTREVISTA

Cássio Soares comenta gestão do PSD, pedágios e privatizações em foco em MG

Em entrevista ao EM, Cássio Soares discutiu futuro das estatais, avaliou desempenho de Zema na Assembleia e projetou futuro do PSD na política mineira

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Parte significativa dos temas cruciais para Minas Gerais neste biênio que antecede as eleições de 2026 está em discussão na Assembleia Legislativa (ALMG) do estado. Temas como a dívida com a União, a privatização de empresas estatais e a concessão de rodovias movimentam a Casa e são assuntos da série de entrevistas com deputados estaduais feitas pelo EM que começa com Cássio Soares, presidente do PSD mineiro e líder do bloco governista Minas em Frente na Casa.

À frente do PSD mineiro, Soares coordena um dos partidos que mais cresceu na política nacional recentemente e tem como uma de suas características principais a diversidade de apoios. Ao Estado de Minas, o deputado falou sobre sua atuação como liderança de apoio ao governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia; as chances da legenda reeditar a dobradinha com o PT e lançar o senador Rodrigo Pacheco ao governo estadual; tudo isso somado a uma presença em Brasília que conta, ao mesmo tempo, com ministérios no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com deputados federais alinhados à direita.

Cássio Soares também opinou sobre o futuro das estatais mineiras. Para o deputado, a privatização de Cemig e Copasa devem ser discutidas na Assembleia, mas a companhia de saneamento tem uma predisposição maior para a concessão. Sobre a inclusão das empresas no Programa de Pleno Pagamento de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag)- obras de seu correligionário, Pacheco -, o parlamentar acredita que a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) será suficiente.





  • O PSD terá no próximo fim de semana um evento nacional em Belo Horizonte. Qual a expectativa para essa reunião?

Nós teremos um encontro semestral da Bancada Federal do PSD. Essa é uma iniciativa do líder da bancada, o deputado Antônio Brito, que optou por, semestralmente, o partido se reunir em algum estado. E, neste semestre, nós escolhemos Minas Gerais. 

Serão 45 deputados federais do PSD que estarão em Belo Horizonte, além de senadores da República. Teremos também prefeitos de capitais. Já estão confirmados o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes; o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto; e o prefeito de São Luís do Maranhão, Eduardo Braide. O presidente nacional, Gilberto Kassab, também estará presente, assim como ministros e outras autoridades.

É um encontro que tem por objetivo três dias de discussões programáticas e de planejamento, para que o partido possa entregar bons resultados na Câmara Federal e também nos espaços de poder que estamos ocupando hoje.

Eu costumo dizer que partido político é uma instituição para entregar serviços à população. Infelizmente, ainda há resistência, e os partidos, de forma geral, são mal vistos. Mas nós temos que mudar essa percepção e entregar à população bons resultados.

O PSD é um partido plural, um partido que respeita a opinião alheia. É um partido de centro que tem uma atuação com muita liberdade e também sob a condução do nosso presidente nacional, Kassab, que é uma pessoa extremamente preparada, equilibrada e que dá sustentação para que o partido, nos estados e aqui em Minas Gerais — e eu posso dar esse testemunho —, tenha condições de aplicar as políticas públicas em que acreditamos.

Não é à toa que, hoje, estamos na base aliada do governador Romeu Zema. Estamos atuando para dar sustentação ao governo do estado e entregar resultados à população, sendo que temos tantos desafios. E eu acho que os prefeitos se sentem à vontade com essa condução. Então, há esse atrativo.

E também, sem sombra de dúvida, há um planejamento para que isso possa acontecer. Se elegemos 142 prefeitos na eleição passada, não foi do nada.

Nós fizemos um planejamento prévio para identificar candidaturas de qualidade — não apenas números, não apenas quantidade —, mas, sobretudo, pessoas capazes, que, depois de eleitas, terão condições de entregar resultados efetivos à nossa população.

  • Neste cenário de crescimento qual a sua pretensão eleitoral para 2026?

Hoje, eu estou me programando para ser candidato a deputado federal. Estou no meu quarto mandato de deputado estadual e digo que ainda estamos distantes desse processo eleitoral. Falo isso porque, até em respeito ao cidadão e à cidadã, estamos praticamente na metade do nosso mandato. Antecipar em tanto tempo a questão eleitoral parece até um desrespeito ao eleitor e à eleitora.

Nós temos que, hoje, focar no trabalho de resultado, de entrega, na melhoria da segurança pública e das estradas de Minas Gerais, que ainda precisam de um vigor maior nos investimentos. As melhorias estão acontecendo, mas ainda falta muito.

Na saúde pública, por exemplo, que é sempre um calcanhar de Aquiles para o cidadão e a cidadã que precisam de um atendimento de qualidade no SUS. Por isso, eu prefiro, neste momento, focar no trabalho e nos resultados.

  • O senador Rodrigo Pacheco (PSD) recentemente descartou assumir um ministério, mas não negou a chance de concorrer ao governo de Minas com o apoio do presidente Lula. Como é vista dentro do partido a chance de reeditar a dobradinha com o PT na disputa pelo estado?

O Rodrigo, querendo, é o nome prioritário de qualquer partido. Hoje, ele está no PSD, então passa a ser o nome prioritário dentro do PSD.

Mas, como eu disse, estamos muito distantes ainda do processo eleitoral. O Rodrigo, em determinados momentos, se esquiva dessa possibilidade de candidatura, acho que até pelo argumento que usei aqui: estamos muito distantes ainda do processo.

Muita água vai rolar debaixo da ponte, e a gente precisa entender esse processo no momento certo. É óbvio que o Rodrigo é um bom nome, mas ainda dependemos de muitas variáveis. Não sabemos como estará o governo federal.

Hoje, posso dizer que a maior parte do partido tem um alinhamento com o governo do estado, que não é um governo alinhado com o governo federal. Mas essa discussão será feita internamente, e nós vamos chegar a um denominador comum.

  • Além de presidente estadual do partido, o senhor é líder de um bloco governista na Assembleia. Como é transitar entre o apoio ao governador Romeu Zema e integrar o governo Lula?

Conforme eu disse, o presidente Kassab dá liberdade a todos.Hoje, temos o senador Rodrigo Pacheco, que tem um alinhamento com o presidente Lula. Temos também o ministro Alexandre, que é um dos ministros mais próximos do presidente da República. Mas, ao mesmo tempo, contamos com uma base de deputados federais cuja atuação é mais voltada para o campo de centro-direita, como é o caso de Misael Varella, Stefano Aguiar e o deputado Diego Andrade, de forma geral.

Enfim, tudo depende muito dessa condição. A liberdade está posta. Agora, o que nós queremos é colaborar, dentro dos espaços que ocupamos, com políticas públicas que acreditamos ser as melhores para a população.

  • Como o senhor avalia as recentes discussões entre Lula e Zema e as críticas feitas pelo presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB), à troca de farpas?

Quando eu li a matéria dizendo que o presidente da Assembleia fez essa chamada, mandei uma mensagem para ele na hora, parabenizando-o, porque é exatamente o meu pensamento. Eu acho que a classe política, às vezes, vai perdendo a credibilidade perante a população exatamente por isso. Estamos a dois anos de um processo eleitoral e não é o momento.

Então, ali, estamos tratando de um presidente da República, seja ele de esquerda, de direita ou de qualquer campo político de atuação. Ele é o presidente da República, o presidente de todos os brasileiros e brasileiras. Da mesma forma, temos um governador do estado, que é o governador de todos os mineiros e mineiras.

Se são de campos diferentes, naquele momento, em momentos de trabalho, eles têm que sentar à mesa e olhar para o que é melhor para a população. E essa é uma obrigação, desde que foram eleitos e escolhidos pelo povo.


  • Essas brigas afetam seu trabalho como líder de um bloco governista na Assembleia?



De forma alguma. Eu tenho essa condição e liberdade de atuar, e aqui estou fazendo uma análise especialmente de um fato isolado que aconteceu em uma cerimônia.

Eu acho que qualquer farpa trocada em um ambiente público não é o que as pessoas esperam da gente. O processo eleitoral está distante. Então, o que eu acredito é que devemos buscar soluções para os problemas que enfrentamos hoje — e não são poucos.

  • Houve uma clara mudança no diálogo entre Zema e a Assembleia de um mandato para o outro. Como o senhor avalia essa alteração de postura?

O diálogo do governo do estado com a Assembleia aumentou muito. Os motivos estão postos, são conhecidos. Mudaram-se os atores. A única exceção foi o governador, mas o presidente da Assembleia, Tadeu, se dispôs ao diálogo de uma maneira diferente. Além disso, entendo que, naquele primeiro mandato, o governador Romeu Zema foi eleito com um discurso antipolítico. Então, cada declaração dele contra a classe política gerava uma dissonância na Assembleia, uma resistência muito grande — inclusive da minha parte.

No primeiro mandato do governador Romeu Zema, tive uma relação muito conflituosa com o governo, diretamente falando. Mas, passado o primeiro mandato e iniciado o segundo, meu diálogo com o governo mudou da água para o vinho.

Tive uma conversa muito franca com o professor Mateus, que, naquele momento, havia sido eleito vice-governador, ainda sem ter tomado posse. Nós nos propusemos a um bom diálogo. Hoje, sou líder de um bloco de apoio ao governo, e essa relação tem funcionado muito bem.


  • A Assembleia tem hoje em mãos projetos para privatizar Cemig e Copasa, o senhor acredita ser viável discutir esses temas em um futuro próximo?

Eu acompanho bem a Cemig, que está em um processo de evolução e desenvolvimento nos investimentos de forma muito considerável. A todo momento, estão sendo propagados bilhões em investimentos, novas subestações, mas, ainda assim, aquém da expectativa do cidadão. No entanto, é claro que há um processo de evolução, crescimento e melhora muito grande.

A Cemig tem um forte espírito de pertencimento na população mineira, sendo vista como uma empresa essencialmente mineira. Por isso, é muito difícil desfazer-se da Cemig enquanto empresa de controle público, ainda que de capital misto.

Já a Copasa se mostra uma empresa muito ineficiente, com tarifas altas cobradas do contribuinte e pouca entrega para o cidadão.

Dessa forma, o que eu compreendo é que o governador Romeu Zema foi eleito duas vezes com um discurso privatista claro. Ele não enganou o eleitor. Ele fez sua campanha eleitoral defendendo a privatização das empresas estatais, e acho que tem todo o direito de, pelo menos, levar esse debate adiante na Assembleia Legislativa. Imagino que meus colegas e o presidente da Assembleia devam, pelo menos, dar espaço para que esse debate aconteça. Se vai prosperar ou não, vai depender, é claro, do processo.

  • Existe alguma orientação para o bloco sobre apoiar ou  não os projetos de privatização?

Nós temos que saber quais são os modelos propostos. Não é simplesmente uma questão de privatizar ou não privatizar. Há exemplos de empresas privatizadas em outros estados, concessionárias de serviços públicos, que têm causado sérios prejuízos à população.

Temos, por exemplo, a empresa de energia de São Paulo, a Enel, que tem provocado apagões que duram dias e até semanas para uma boa parte da população paulista. Em Goiás, a empresa responsável também enfrenta problemas.

Portanto, a questão não é apenas privatizar ou não privatizar, mas em quais moldes isso seria feito. Quais são os aspectos de investimento? Quais os valores previstos para melhorar o serviço? Hoje, temos uma agência reguladora capaz de monitorar a prestação de serviço à população?

Além da privatização, há a possibilidade de envolver as estatais no Propag e reduzir o valor da dívida e dos juros cobrados sobre o débito com a União. O senhor acredita ser uma saída viável?

Para a Codemig, sim. A Codemig é uma empresa monotemática focada na mineração de nióbio, que está localizada em Araxá. E é uma empresa que atinge o valor de mercado dentro dos parâmetros exigidos pelo Propag, que são 20% do valor da dívida. Então, tudo indica que a Codemig, como empresa estatal, vai atingir esse valor.

Acho que a federalização, ou pelo menos a entrega do valor de mercado dessa empresa para bater os valores do Propag e garantir os benefícios que ele oferece, é um caminho. Agora, para as demais empresas, talvez seja necessário iniciar uma discussão sobre a privatização da Copasa, caso seja essa a vontade do governo. E, entre a Copasa e a Cemig, acredito que a Copasa enfrenta menos resistências na Assembleia Legislativa.

  • Qual papel o senhor deverá desempenhar para aprovação de projetos relacionados ao Propag na Assembleia?

Assim que os projetos chegarem à Assembleia, vamos nos debruçar sobre eles, estudá-los e avançar o mais rápido possível na aprovação. É claro que, para isso, devemos estar dentro da normalidade, para que Minas Gerais possa aderir a esse plano. Tivemos, por parte do governador, a aprovação do Propag, e também por parte do vice-governador Mateus. Este é um plano muito melhor do que o regime de recuperação fiscal.

O Propag traz muito menos danos à população mineira, e, dentro de algum tempo, Minas Gerais terá sua dívida com a União extinta. Hoje, essa dívida impede que Minas invista em áreas essenciais.

Se eu tenho que pagar ao governo federal os juros e uma parcela dessa dívida, estou deixando de investir em creches, escolas públicas, e nas vagas para as crianças de famílias que precisam trabalhar. Estou também deixando de investir nas estradas, considerando que temos a maior malha viária do país, e, infelizmente, nossa malha ainda precisa e demanda muitos investimentos. O Estado de Minas não tem a capacidade ideal de investimento para atender a essas necessidades.



  • Como o senhor avalia a recente resistência da Assembleia aos pedágios que o Executivo pretende implantar na Grande BH e já implantou em outras áreas do estado?

Ninguém quer pagar pedágio, nem eu. Mas hoje temos uma realidade em que os estados — e não falo só de Minas Gerais — utilizam o pedágio, que é uma modalidade adotada no mundo inteiro. Mas o que a pessoa realmente quer, não é pagar o pedágio; se ela tiver que pagar, quer que o serviço oferecido seja de qualidade. Por isso, a Artemig (Agência Reguladora de Transportes de Minas Gerais) está sendo discutida na Assembleia Legislativa hoje.

Como vamos pensar sobre isso? Qual é o principal problema de Belo Horizonte e da região metropolitana? Talvez seja a mobilidade, o trânsito, o escoamento de mercadorias. Então, tudo o que está sendo pensado e proposto visa evoluir e desenvolver a mobilidade urbana na nossa região metropolitana. E, se isso precisar ser cobrado através de pedágio, em quais moldes isso será feito? Será que o benefício vai valer a pena?

Porque, se ficarmos esperando o benefício sem a cobrança de pedágio, está comprovado que Minas Gerais não tem capacidade de investimento para as obras que a população espera. É muito mais fácil defender a proibição do pedágio, pois isso é popular. No entanto, ao mesmo tempo, vamos passar anos e anos com a reclamação do motorista, do cidadão, do trabalhador, que leva duas ou três horas para chegar em casa ou ao trabalho, e chega cansado.

Eu sou do Sul de Minas, perto do Estado de São Paulo. Quando atravessamos a fronteira, é um alívio. Lá, as rodovias são largas, iluminadas, com asfalto de qualidade, mas com pedágio sendo cobrado em valores altos, e ninguém reclama.

Infelizmente, hoje é mais popular negar o pedágio, ser contra o pedágio. Mas, depois que o benefício é feito, a população também reconhece que é um serviço prestado para todos.

Eu percorro, duas vezes por semana — perdão pela extensão, estou me alongando — a rodovia MG 050, que me leva até Passos, minha casa. Ela sai de Juatuba e vai até o Sul de Minas, perto de São Sebastião do Paraíso.

Foi a primeira concessão de parceria público-privada rodoviária do país, e já se passaram praticamente 17, 18 anos desde o início da concessão. Muitos erros aconteceram ao longo desse período, mas ela estava começando o processo.

Agora, já estou defendendo junto ao governo do estado uma revisão do contrato. Os contratos que estão sendo feitos agora estão sendo revisados para melhorar, a fim de oferecer um serviço melhor, com rodovias mais seguras, com menos acidentes, mais serviços para o usuário, enfim. Se tudo isso acontecer, é o caminho que o mundo está adotando.

  • Neste sentido, a Artemig pode ser um mecanismo importante?

Ela tem, por dever e por concepção de sua criação, um trabalho de fiscalização muito forte, mesmo com seus diretores com mandatos.

Não depende apenas daquele diretor estar indicado por um governador. Se ele estiver cobrando, o governador não tem a autonomia nem o poder para trocar aquele diretor, que foi eleito e tem o mandato para fiscalizar aquela concessão. E, assim, ele tem poder para punir uma concessionária ou uma empresa que não estiver entregando o serviço conforme foi assinado em contrato e conforme o contribuinte está recebendo.



É um absurdo! Você vai proibir e, então, vamos ficar parados no tempo? Nos grandes centros do mundo, há cobrança de pedágio e investimentos maciços sendo feitos.

Conforme o plano do governo do estado, apresentado pelo secretário Pedro Bruno, aqui na nossa região metropolitana, estão sendo planejados investimentos de cerca de R$ 4 a R$ 5 bilhões a curto prazo. Quando o governo teria capacidade de fazer esses investimentos com recursos próprios? Nunca. Então, vamos ficar para trás.

Agora, o importante é ter valores justos e acessíveis. É claro que é mais caro do que não pagar, mas também teremos benefícios.

  • Qual a avaliação do senhor acerca dos projetos que discutem restrições como distância mínima e cobranças repetidas?

Tudo isso é uma discussão muito meritória. É muito bem-vinda a discussão.

Eu defendi, entre meus colegas no colégio de líderes, que proibir o pedágio através de PEC ou projeto de lei é um retrocesso. Colocar uma barreira no estado de Minas Gerais e na região metropolitana de Belo Horizonte, impedindo que se tenha condições de evoluir ou de atrair investimentos, é um erro. Agora, a modelagem é muito importante e deve ser amplamente discutida.

A distância é um fator crucial: se a pessoa vai passar várias vezes por dia, ou diversas vezes na semana ou no mês, ela deve pagar menos. Isso é fundamental para que aconteça.


  • Embora tenha melhorado seu diálogo, Zema ainda tem muitas dificuldades em aprovar pautas consideradas impopulares, mesmo com deputados de sua base. Como o senhor avalia esse desafio?



Eu penso que, com o advento das emendas impositivas, a independência do poder legislativo está, hoje, muito mais vigorosa — tanto no Senado quanto na Câmara Federal, nas assembleias e nas câmaras municipais também.

Antes, o parlamentar tinha uma possibilidade maior de atender aos pedidos do governo, porque também dependia do governo para levar o recurso para cobrir a quadra da escola ou para levar a ambulância que estava faltando no posto de saúde da cidade. Hoje, com as emendas impositivas, esse parlamentar tem maior autonomia para votar "sim" ou "não" em qualquer tipo de projeto, fazendo valer os pesos e contrapesos.

Dessa forma, o governo precisa gastar mais energia no convencimento. E, quando falo em convencimento, me refiro à retórica, ao conteúdo do projeto, demonstrando que nós, políticos, estamos ali não para fazer o que é mais fácil, mas para fazer o que é melhor. Por vezes, a população que está do outro lado não tem o conjunto de informações que nós, deputados, temos.

E ela tende a adotar uma opinião mais simplista, justamente porque não tem as informações que temos. Nós possuímos um arcabouço de informações que nos leva a tomar decisões que, no meu entender, podem não ser populares, mas são necessárias para o benefício de toda a população. Se percebermos que o carro do estado, o carro do governo, está indo em direção ao abismo, devemos tomar alguma medida.

Por que hoje temos uma dívida de R$ 160 bilhões com o governo federal? Agora que essa bomba está explodindo no colo do governo do estado, por que não foram tomadas decisões antes, quando ainda havia tempo e quando a dívida não havia chegado a essa altura?


  • Executivos têm, de uma forma geral, uma dificuldade maior nos últimos anos?

Sem dúvida, sim. A gente vê o que o presidente da República está passando com o Congresso. O Congresso, de vez em quando, está revisando projetos do governo federal, derrubando vetos. Isso é a democracia: o convencimento precisa acontecer, e cada representante tem a sua autonomia de voto. Ele é um representante legítimo da população.

  • Como o senhor vê a recente discussão entre o Congresso e o STF nas medidas sobre transparência na origem e destino dos recursos empenhados via emendas?

Transparência é um dos princípios básicos da nossa Constituição e precisa ser demonstrada em relação a onde o dinheiro público está sendo aplicado. Isso é fundamental.

E me parece que lá (no Congresso) havia sérios problemas quanto a essa transparência. A discussão está girando em torno disso. Eu defendo publicamente, de forma muito veemente, a transparência dos recursos públicos. Estamos aqui para indicar uma emenda parlamentar, mas é para melhorar as condições de vida da população.

Eu disse ao governador, dias atrás, quando ele visitou minha região, que fiz questão de levá-lo a uma escola pública estadual e mostrar a ele as fotos de antes e depois das nossas intervenções com emendas parlamentares.

  • Com o afastamento de Fuad Noman, qual a relação do PSD com Álvaro Damião (União Brasil), que exerce o cargo de prefeito desde o início do mandato?

Eu tenho lido muita coisa pela imprensa sobre desavenças e outras questões, mas não é nada do que eu sei, não é nada do que eu conheço. O que eu conheço é que o Álvaro está sendo leal ao prefeito Fuad, fazendo parte de um conjunto, de uma equipe.

Ninguém gostaria que o Fuad estivesse nessa condição de reabilitação de sua saúde. Ele está se reabilitando e vai retornar ao mandato dentro de algum tempo, em pouco tempo, espero eu. E o Álvaro está conduzindo isso da sua maneira. O vice é para isso: ele está ali colocado para assumir suas funções quando chamado, e ele foi chamado, está fazendo um ótimo trabalho, e não era para esperar algo diferente.

Quando foi escolhido pelo prefeito Fuad para o cargo, já tínhamos a consciência de que o Álvaro tinha o conhecimento de Belo Horizonte, tinha a capacidade de aplicar esse conhecimento e seu trabalho. Lembrando que a prefeitura de Belo Horizonte vem sendo montada pelo Fuad com uma equipe qualificada também. É claro que o Álvaro, no seu tempo, terá as condições de dar sua cara, colocar suas pessoas de confiança ao seu redor.

Mas eu tenho que dizer que a eleição de Belo Horizonte foi maravilhosa. O prefeito Fuad foi um gigante durante o processo de campanha eleitoral, mesmo enfrentando o tratamento naquele momento.

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E conseguiu, aliado ao tratamento, também fazer uma campanha e sair vitorioso. Infelizmente, depois vieram os efeitos colaterais, mas ele está se recuperando e, dentro de pouco tempo, ele voltará para prestar seu serviço, emprestando todo o seu conhecimento, garra e dinamismo à população de Belo Horizonte.

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