Bolsonaro pede orações a condenada por pichar estátua em frente ao STF
Em nova empreitada pela anistia, ex-presidente pediu a sacerdotes brasileiros que lembrem de Débora Rodrigues, condenada a 14 anos de prisão
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Siga noJair Bolsonaro (PL) pediu a sacerdotes brasileiros que orem pelos presos que participaram dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. Em publicação no X, neste domingo (23/3), o ex-presidente brasileiro citou Débora Rodrigues, condenada a 14 anos de prisão na última sexta-feira (21/3) como exemplo dos manifestantes que, segundo ele, são vítimas de julgamentos parciais e desproporcionais.
Débora Rodrigues tornou-se a principal personagem de parlamentares e apoiadores do ex-presidente de uma forma geral na defesa da anistia dos condenados por participar dos atos golpistas. Nas últimas semanas, com o julgamento da cabelereira e mãe de dois filhos marcado no Supremo Tribunal Federal (STF), seu caso foi utilizado para reforçar a linha argumentativa de quem pede a liberdade dos manifestantes.
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Em seu perfil no X, Bolsonaro clamou que “pastores, padres e líderes espirituais” orem pela vida de Débora e dos demais manifestantes. Ele reiterou seu discurso focado no impacto das prisões nas famílias dos condenados, a quem ele classifica como presos políticos.
“Peço aos pastores, padres e líderes espirituais de todo o Brasil que levantem um clamor sincero diante de Deus e orem pela vida de Débora Rodrigues e de tantos outros presos políticos que hoje estão privados de sua liberdade e são tratados injustamente como criminosos. Não esqueçam também de seus familiares: mães que choram, filhos que sentem o vazio de um abraço, esposos e esposas que se deitam à noite com o coração despedaçado, sem saber se haverá justiça ao amanhecer. Eles carregam o peso do sofrimento em silêncio, mas nós podemos e devemos carregar esse fardo junto com eles em oração e clamor a Deus”, escreveu o ex-presidente.
-Peço aos pastores, padres e líderes espirituais de todo o Brasil que levantem um clamor sincero diante de Deus e orem pela vida de Débora Rodrigues e de tantos outros presos políticos que hoje estão privados de sua liberdade e são tratados injustamente como criminosos.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 23, 2025
-Não…
Débora ficou notabilizada por ter pichado a estátua, “A Justiça”, esculpida por Alfredo Ceschiatti e localizada em frente ao STF, na Praça dos Três Poderes. A cabelereira usou um batom para escrever “perdeu, mané” na peça simbólica, em referência à frase dita pelo ministro do Supremo, Luís Roberto Barroso a um manifestante bolsonarista que o acossou em Nova York após as eleições de 2022.
As imagens de Débora vandalizando o patrimônio público foram utilizadas como argumento pelo ministro Alexandre de Moraes na sentença que determinou que a cabeleireira cumpra 12 anos e 6 meses de prisão, em regime inicialmente fechado, e 1 ano e 6 meses de em regime semiaberto ou aberto.
A mobilização bolsonarista em torno da figura de Débora inundou as redes sociais com questionamentos sobre o rigor da pena aplicada. As jornalistas da Folha de S. Paulo Gabriela Biló e Thaísa Oliveira, que reportaram o ato de vandalismo no 8 de janeiro, chegaram a registrar um boletim de ocorrência no sábado (22/3) após serem alvo de ataques e ameaças por estarem sendo tratadas como responsáveis pela condenação.
Indiciado pela Procuradoria Geral da República (PGR) por organização criminosa armada; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; Golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e com considerável prejuízo para a vítima; e deterioração de patrimônio tombado, o próprio Jair Bolsonaro tem semana decisiva na Justiça. Nesta terça-feira (25/3), o STF determinará se o ex-presidente se tornará réu pelos crimes listados e poderá ser condenado à cadeia.