Com Bolsonaro, Tarcísio fala sobre elogio a urnas e nega que esteja recebendo 'o bastão' para 2026
Tarcísio também disse que não apoiaria Bolsonaro "de jeito nenhum" em uma eventual tentativa de golpe
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Siga no(FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira (24) não ter havido contradição entre elogiar as urnas na última quinta-feira (20) e estar ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), crítico contumaz do dispositivo. Ele também afirmou que não apoiaria Bolsonaro "de jeito nenhum" em um golpe e negou ser seu sucessor na vaga a presidente em 2026.
O governador disse que ressaltar aspectos positivos sobre a Justiça Eleitoral não significa dizer que não há o que melhorar. A justificativa se deu depois que o elogio do governador irritou bolsonaristas, que veem Tarcísio como possível sucessor de Bolsonaro caso o ex-mandatário não restitua a elegibilidade a fim de concorrer nas eleições de 2026, cenário considerado o mais provável para o pleito.
Tarcísio e Bolsonaro estiveram juntos em uma entrevista ao vivo no podcast Inteligência Ltda, um dia antes de sessão no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira (25) que vai decidir se o ex-presidente se torna réu por liderar uma trama golpista.
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Na semana passada, o governador de São Paulo disse em um evento que é preciso agradecer a Justiça Eleitoral pelo trabalho feito. "O Brasil veio se tornando referência em termos de velocidade, de apuração, de tecnologia. Muitos países têm que olhar para o Brasil e ver o que está sendo feito aqui."
Sobre as próximas eleições presidenciais, Bolsonaro negou "passar o bastão" a Tarcísio ou a qualquer outro convidado. "Eu só passo o bastão só depois de morto", afirmou.
Em outro momento da entrevista, no entanto, afirmou "a gente vê na época, se for o caso", sobre a possibilidade de seu campo político ter um plano B caso permaneça inelegível.
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A respeito do tema, Tarcísio afirmou que "as pessoas, eu acho que interpretam errado a proximidade, o apoio" e que estará junto de Bolsonaro "neste momento independente de qualquer interesse." "Não é justo tirar o Bolsonaro do jogo. É um candidato superviável, a maior liderança da direita. Como eu falei, é o cara que me abriu a porta", afirmou o governador.
Ele disse não ter dúvida de que Bolsonaro possa ganhar a próxima eleição e que vai estar junto do aliado "até debaixo d'água". "Não tem passagem de bastão", falou.
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O governador foi criticado por uma internauta, que disse que nenhum nome substitui Bolsonaro e questionou o por quê da proximidade de Tarcísio com o STF e Lula, ao que ele respondeu serem relações institucionais a favor de São Paulo.
Na entrevista, Bolsonaro negou mais uma vez ter havido uma tentativa de golpe. O ex-presidente admitiu ter discutido o estado de defesa e de sítio, mas disse que não havia contexto para o golpismo.
"Dos 23 ministros meus, tu acha que no caso de um golpe, quem ficaria comigo? Acredito que nenhum. Eu seria um golpista solitário."
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Questionado pelo apresentador se estaria ao lado do ex-presidente no caso de uma tentativa de golpe, Tarcísio afirmou "de jeito nenhum". Depois da fala do governador, Bolsonaro completou o raciocínio.
"Você não pode achar uma companheira hoje e ter um filho no mês que vem. Tem que esperar no mínimo uns sete meses. Um golpe é a mesma coisa. Tem que ter contato no Parlamento, na imprensa, classe empresarial, fora do Brasil, todas as Forças Armadas envolvidas, todas, sem exceção", afirmou, completando que não era este o cenário nos ataques do 8 de janeiro de 2023.
Bolsonaro também afirmou que não procede a acusação de que havia um planejamento de golpe em relação ao qual o então chefe da Aeronáutica, Carlos Baptista Júnior, não teria concordado. Para argumentar que a informação não procede, disse que "se mandasse plantar bananeira", o chefe da Aeronáutica o faria.
Ele também afirmou que uma pena alta imposta a Débora Rodrigues dos Santos, que escreveu "perdeu, mané" na estátua da Justiça nos ataques do 8 de janeiro, seria para justificar 30 anos de cadeia a ele.
Já Tarcísio minimizou a participação da pichadora nos ataques, disse não ter sido feliz o posicionamento do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, que disse que o projeto de anistia não deveria ser analisado agora pelo Congresso, e afirmou que seu partido vai apoiar a aprovação do benefício.
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O julgamento no STF da participação de Débora nos ataques foi interrompido nesta segunda-feira depois que o ministro Luiz Fux pediu mais tempo para analisar o caso. O placar até o momento é de 2 a 0 pela condenação de Débora a 14 anos de prisão, segundo os votos dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino.
Bolsonaro finalizou a participação na entrevista pedindo a "Deus que ilumine o ministro Fux" por ter pedido vista no julgamento de Débora e que Deus "ilumine" também os cinco ministros do STF que participam de seu julgamento nesta terça.
Disse esperar que o pedido de vista de Fux seja um "ponto de inflexão" no julgamento de Débora e na maneira como seus processos estão sendo conduzidos em Brasília.
Participou também da entrevista com Tarcísio e Bolsonaro o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente. Ele afirmou estar focado em falar aos congressistas dos EUA sobre a "perseguição política" enfrentada pelo pai.
Com a iminência de se tornar réu, Bolsonaro tem feito uma ofensiva para tentar driblar a Justiça, pressionando aliados por anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e propondo mudanças na Ficha Limpa, além de outras frentes de pressão.
O ex-mandatário é acusado de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e de golpe de Estado, de dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União, deterioração de patrimônio tombado e participação em uma organização criminosa.
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Se virar réu e for condenado, pode pegar mais de 40 anos de prisão e aumentar sua inelegibilidade, que atualmente vai até 2030.