Em Minas, Lula 'esquece' política e foca na questão econômica
A viagem a Montes Claros foi a terceira visita do presidente Lula a Minas Gerais em um mês
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Siga noNesta segunda-feira (7/4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou Montes Claros, no Norte de Minas, onde participou da solenidade do anúncio de investimentos da empresa dinamarquesa Novo Nordisk, no valor de R$ 6,4 bilhões. Com a ampliação, a fábrica vai gerar mais 600 empregos diretos na nova unidade, que tem previsão para entrar em operação em 2028, passando a produzir medicamentos da linha Ozempic.
A cerimônia contou com a presença do CEO global da Novo Nordisk, Lars Fruergaard Jorgensen, que destacou que a empresa realiza o maior investimento da história feito por uma indústria farmacêutica no Brasil. Também participou a embaixadora da Dinamarca no Brasil, Eva Bisgaard Pederson.
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Por outro lado, o evento não teve o comparecimento de Romeu Zema (Novo). A presença do governador estava sendo aguardada mas, na tarde de domingo, em São Paulo, onde participou da manifestação na Avenida Paulista em defesa da anistia dos envolvidos nos atos golpistas do 8 de janeiro, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Zema anunciou quer permaneceria na cidade para compromissos nesta segunda-feira.
A viagem a Montes Claros foi a terceira visita do presidente Lula a Minas Gerais em um mês. Ele esteve acompanhado do vice-presidente Geraldo Akckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria e Serviços; e de mais seis integrantes da sua equipe ministerial: Fernando Haddad (Fazenda), Alexandre Padilha (Saúde), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Conceição Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania) e Luiz Marinho (Trabalho). Também marcou presença o senador Rodrigo Pacheco (PSD), ex-presidente do Senado, cotado para ser o candidato a governador de Minas e ser apoiado por Lula e pelo PT na eleição de 2026.
Um dia após a manifestação em defesa da anistia, que contou com a participação de sete governadores, e após a queda nas bolsas de valores mundo afora como consequência do “tarifaço” do presidente norte-americano Donald Trump, esperava-se que Lula abordasse os dois temas na visita a Montes Claros.
No entanto, o líder petista optou por um discurso sobre a questão econômica com elogios à dinamarquesa Novo Nordisk. Em nenhum momento Lula pronunciou as palavras "Bolsonaro” e “anistia”. Numa clara demonstração da busca de maior aproximação com o mercado e com o setor produtivo, Lula destacou que o Brasil atrai investimentos estrangeiros devido às condições de “estabilidade” que o governo oferece.
“Quando uma fábrica dessa vem para cá, o primeiro (benefício) é a estabilidade política. As pessoas saberem o que vai acontecer nesse país, (com o) exercício da democracia. A segunda coisa que nós oferecemos é estabilidade jurídica. As pessoas não podem ser pegas de surpresa com mudança toda hora. A terceira coisa que nós tivemos que oferecer é estabilidade econômica. As pessoas têm que ter certeza de que o governo não vai tomar medidas na calada da noite para surpreender as pessoas”, assegurou o mandatário.
“Além disso, este país é o único com mais de 100 milhões de habitantes que tem uma coisa chamada SUS, que é o mais importante programa de saúde do mundo. Esse é o dado concreto. E é o maior comprador de remédios. Então, é por isso que eles (a multinacional dinarmaquesa) estão aqui”, afirmou Lula, lembrando que o Brasil “estará sempre de portas abertas” para receber os investimentos estrangeiros.
Prefeito de Montes Claros
O prefeito de Montes Claros, Guilherme Guimarães (União), foi o primeiro a falar na solenidade de anúncio de investimentos da Novo Nordisk na cidade. Quando ele agradeceu ao diretor de Atração de Investimentos da Agência Invest Minas, Leandro Andrade, e citou o nome do governador Romeu Zema (que Andrade representou), um grupo de petistas vaiou.
Guimarães interrompeu sua fala imediatamente e disse em tom de advertência: “a gente sabe que a tolerância, a harmonia é o que faz o mundo crescer de forma melhor”. Na sequência, a plateia ficou em silêncio. Ele defendeu a união dos governos federal e estadual e dos municípios no desenvolvimento de grandes projetos, citando o próprio empreendimento da Novo Nordisk como exemplo.
“A gente precisa entender a importância do Governo Federal e do Governo do Estado aqui. O Invest Minas participou (da iniciativa) e é isso que a gente quer, essa harmonia entre todos”, enfatizou. O prefeito de Montes Claros ainda aproveitou a presença de Lula para reivindicar a duplicação da BR-251 e da construção de “grandes barragens” para o combate à seca no Norte de Minas. No seu discurso, no entanto, o presidente da República acabou não citando obras específicas para a região.