Gonet ainda não jogou a toalha sobre inventário da corrupção da Odebrecht
Chefe da PGR contesta decisão de Dias Toffoli de manter anulada cobrança por informações sobre contas da Odebrecht em principado europeu
compartilhe
Siga noEm meio à ampla anulação das provas de como a Odebrecht comprou o poder e os poderosos no Brasil e no exterior nas últimas décadas, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ainda não jogou a toalha sobre o inventário da corrupção da empreiteira.
No último dia 13, Gonet contestou uma decisão do ministro Dias Toffoli de manter anulada uma cobrança do Ministério Público Federal (MPF) à Odebrecht por informações sobre contas da companhia no Banco Privado de Andorra (BPA), um principado entre a França e a Espanha.
Com esses dados solicitados à empreiteira, a Procuradoria da República no Paraná pretendia mapear contas vinculadas a duas offshores da empresa, a Lodore Foundation e a Klienfeld Services. Segundo o MPF, havia “indícios suficientes” de que elas teriam sido usadas para movimentar dinheiro sujo e pagar propina a políticos e autoridades.
Em junho, Toffoli atendeu a um pedido da Novonor, como se chama a Odebrecht atualmente, e anulou o pedido de informações feito pelo MPF do Paraná. Ele considerou que os dados sobre as contas de Andorra envolviam provas já anuladas pelo STF, como os sistemas Drousys e MyWebDay, usados pela empreiteira para administrar pagamentos ilícitos do seu “departamento de propinas”. Em razão da decisão do ministro, o procedimento administrativo por meio do qual o MPF cobrava os dados da Odebrecht acabou sendo arquivado.
Paulo Gonet contestou a decisão ainda em junho. O chefe da Procuradoria-Geral da República (PGR) argumentou que o pedido de informações à Odebrecht sobre as contas no principado europeu não tem relação com os sistemas invalidados pelo STF. Gonet observou que há “outros meios legítimos e autônomos” para obtenção das informações necessárias e ressaltou que a empreiteira segue obrigada a cooperar com as investigações no âmbito de seu acordo de leniência.
Dias Toffoli, contudo, não só não mudou sua posição como engavetou o recurso do PGR sem submetê-lo a julgamento colegiado. Em decisão do último dia 6 de dezembro, o ministro apontou que, como o procedimento administrativo do MPF foi arquivado, não haveria mais o que analisar no caso.
Paulo Gonet, agora, voltou à carga. O procurador-geral da República quer que essa decisão mais recente de Toffoli seja revista e o recurso da PGR possa ser julgado. Para o chefe da PGR, não seria “admissível que o Ministério Público renunciasse à pretensão de repatriação de valores destinados ao ressarcimento ao erário, decorrentes de condutas delitivas praticadas em detrimento da Petrobras”.