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A difícil relação entre Fernando Haddad e Rui Costa

Estilos diferentes e suspeitas de vazamento permeiam o clima entre Casa Civil e Fazenda

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O ministro Fernando Haddad esperou até o último segundo para mostrar ao ministro Rui Costa, cujo gabinete é o responsável por despachar as demandas do governo para o Congresso, as minutas da reforma fiscal. Não foi um procedimento novo: é assim que a Fazenda faz em todos os momentos importantes.

O que corre no ministério de Haddad é que tudo o que vaza sobre a economia sai da Casa Civil.

O ministro Fernando Haddad esperou até o último segundo para mostrar ao ministro Rui Costa, cujo gabinete é o responsável por despachar as demandas do governo para o Congresso, as minutas da reforma fiscal. Não foi um procedimento novo: é assim que a Fazenda faz em todos os momentos importantes.

O que corre no ministério de Haddad é que tudo o que vaza sobre a economia sai da Casa Civil.

No gabinete de Rui Costa, a acusação — sempre velada — é que a Fazenda é quem não controla seu fluxo de informações.

Esta é só uma parte da valsa sem ritmo que embala a relação de Haddad e Rui Costa. O baiano tem fama de controlador e não deixa que nada chegue ao presidente sem que passe por ele. O paulista tem um cargo e uma relação pessoal que lhe permitem passar a mão no celular e ligar diretamente para Lula.

São estilos diferentes e modos de ver a gestão pública muito diferentes. Rui Costa é desenvolvimentista, quer obras, quer fazer. Haddad prega comedimento, quer poupar e pagar as contas. Gaba-se de ter responsabilidade fiscal e de ter imposto isso ao PT desde os tempos em que era chefe de gabinete da então prefeita de São Paulo Marta Suplicy, no início dos anos 2000.

Nessa guerra de estilos, Rui Costa leva a melhor com o presidente. No início do governo, chegou chegando. Nos bastidores do PT e do Planalto, diziam que ele queria ser o sucessor de Lula. Isso passou. O nome natural para petistas, governistas e a oposição é o do ministro da Fazenda. Para o bem ou para o mal, Haddad é o nome.

A truculência de Rui Costa faz fama nos corredores da Esplanada e não só na Fazenda. A blindagem que faz de Lula é tão grande que alguns ministros passaram a frequentar eventos no Planalto apenas para dar um oi ao presidente e, quem sabe, trocar algumas palavras e despachar projetos pelos quais Rui Costa não demonstrou interesse. A fama é esta, afinal: ele só encaminha ao presidente os projetos de que gosta.

No ano passado, Rui Costa deixou Haddad muito irritado. Ficou famoso o chá de cadeira de 40 minutos que deu no ministro porque estava ao telefone. Haddad foi embora. A história vazou e a relação entre os dois piorou. Afinal, pensou Haddad, por que 40 minutos de um dia de trabalho de um vale mais do que do outro?

A equipe de Haddad observou que, quando ele apresentou o arcabouço fiscal à Casa Civil, vazaram informações rapidamente. Depois disso, o ministro passou a entregar as informações a Rui Costa quase às vésperas de serem anunciadas. Os vazamentos prosseguiram. O discurso de Haddad em rede nacional, este mês, vazou duas horas antes do pronunciamento. A Fazenda jura que o assunto não saiu dali. Sobram como suspeitos a Secom e a Casa Civil, na avaliação dos auxiliares de Haddad.

Agora, no final do ano, os dois ministros enfim concordaram em algo. Haddad ganhou o surpreendente apoio de Rui Costa ao defender que o presidente Lula deveria dividir em duas partes os anúncios da reforma fiscal e da proposta de isenção do IR até salários de R$ 5 mil.

Foi um momento de distensão depois do embate que tiveram sobre a Petrobras. Haddad queria manter o então presidente Jean Paul Prates e, aliado ao ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, Rui Costa queria demiti-lo. Costa e Silveira venceram a peleja, mais pelo fracasso de Prates em criar liga com Lula do que pela falta de influência de Haddad.

Quem convive com os dois diz que os embates lembram a divisão do governo Dilma, entre lulistas e dilmistas. E, nesse ponto, Rui Costa leva de novo a melhor. Tem mais aliados, inclusive dentro do PT.

Mas, mesmo os apoiadores do entorno petista são unânimes — dentro do que no PT se pode chamar de unanimidade — em defender que o sucessor de Lula não é Rui Costa.

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