Governadores ameaçam Bolsonaro à direita
Fora Bolsonaro, Caiado foi o único direitista que já se lançou a presidente em 2026
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Siga noDois governadores que já foram aliados de Jair Bolsonaro, mas enfrentaram e derrotaram candidatos dele nas capitais de seus estados em 2024, terão um 2025 estratégico para seus planos em 2026: Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Ratinho Junior (PSD), do Paraná. A exemplo de Romeu Zema (Novo) e Pablo Marçal (PRTB), a dupla pode trincar a hegemonia do ex-presidente à direita.
Fora Bolsonaro, Caiado foi o único direitista que já se lançou a presidente em 2026. Ele passou boa parte de 2024 em guerra com o capitão, em mais uma ida e vinda de uma relação cheia de casamentos e separações — para usar uma analogia cara ao bolsonarismo. Mas a dinâmica desse relacionamento pode estar caminhando para um fim, já que a chance de Bolsonaro ser candidato é próxima de zero, e o governador goiano já avisou publicamente que só abriria mão de sua candidatura pelo ex-presidente.
A segurança pública, valendo-se da redução da criminalidade em Goiás, seria sua principal vitrine. Se sair candidato, tentará angariar o voto de quem defende um endurecimento ainda maior. Sustenta que a polícia precisa usar a força para intimidar criminosos, na contramão das mais bem-sucedidas experiências de redução consistente de criminalidade no mundo.
Se o plano de disputar o Planalto fracassar, Caiado tende a tentar voltar ao Senado, movimento com poucos riscos de derrota. Hoje inelegível por abuso de poder político na campanha vitoriosa de Sandro Mabel (União Brasil) em Goiânia, deverá conseguir reverter no TSE a condenação dele e de seu prefeito para manter seus planos eleitorais e não correr o risco de perder o domínio na capital, onde Mabel bateu o candidato de Bolsonaro em 2024 – Fred Rodrigues (PL).
Ratinho Junior, por sua vez, saiu fortalecido das eleições municipais, ao eleger 164 prefeitos do PSD entre as 399 cidades do Paraná, incluindo Curitiba, onde seu aliado Eduardo Pimentel venceu a candidata apoiada por Bolsonaro – Cristina Graeml (PMB). Para 2026, o governador é cogitado como vice em uma chapa de direita ou como candidato do PSD ao Planalto. Contemplando uma terceira hipótese, aliados dizem que Ratinho Junior já seria o virtual dono de uma das duas cadeiras ao Senado a serem disputadas.
O governador paranaense tem defendido um PSD protagonista na próxima eleição e seu nome é o preferido internamente em caso de candidatura própria. “Só não será candidato se não quiser”, já disse Gilberto Kassab sobre Ratinho, caso se decida por um voo independente em 2026.
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No entanto, em meio aos múltiplos e conflitantes interesses do PSD — na estranha posição de aliado do bolsonarismo em São Paulo e no Paraná a integrante do governo Lula —, o mesmo Kassab costuma dizer que os planos da legenda para ter um presidenciável miram 2030 ou 2034, quando imagina-se haver mais espaço em meio à polarização.