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Dólar, petróleo, expectativas e crescimento tiram inflação dos trilhos

Em carta aberta para justificar estouro da meta em 2024, presidente do Banco Central indica que IPCA se manterá acima do teto em boa parte deste ano

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Gabriel Galípolo inicia seu mandato à frente do Banco Central justificando o passado e sinalizando alerta para frente. Em carta para explicar porque a inflação, em 2024, estourou o teto fixado pelo governo, ele cita quatro fatores que demonstram que segurar a alta dos preços em 2025 e 2026 não será algo trivial, ao contrário do que faz parecer o governo quando cita em suas propagandas oficiais que a inflação está sob controle. A meta para o IPCA, índice referência para o sistema de metas de inflação, no ano passado, era de 3%, podendo chegar, no máximo, a 4,5%.

No entanto, o resultado do ano bateu os 4,83%. Essa diferença de 1,83 ponto percentual, segundo o documento divulgado no início da noite desta sexta-feira, 10, pode ser explicada por quatro fatores: i) a alta na cotação do dólar e o preço do petróleo; ii) um rescaldo da inflação de 2023; iii) crescimento acima da capacidade da economia e iv) expectativas de mais inflação no futuro que acabam influenciando no momento presente.

As incertezas em relação à capacidade do governo para controlar os gastos públicos foram um pano de fundo importante nesse cenário e afetaram as expectativas dos agentes econômicos, entre eles analistas, investidores e empresários. Isso impactou ,”de forma relevante, os preços dos ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”, destacou Galípolo no documento. A divulgação de carta aberta é uma exigência legal toda vez que a meta de inflação é descumprida.

Até o ano passado, a meta era fixada para o ano calendário, sendo apurada entre janeiro e dezembro de cada ano. A partir de 2025 haverá uma mudança para um sistema de meta contínua. Na prática, isso significa que, todos os meses, o Banco Central analisará a inflação acumulada no período de 12 meses. O presidente do BC terá que se justificar caso esse valor acumulado estoure teto por 6 vezes seguidas.

No cenário traçado por Galípolo na carta, há risco disso acontecer no primeiro semestre desse ano. “De acordo com as projeções do cenário de referência do Relatório de Inflação de dezembro, a inflação ficará acima do limite do intervalo de tolerância até o terceiro trimestre de 2025, entrando depois em trajetória de declínio, mas ainda permanecendo  acima da meta”, argumentou o presidente do BC no documento.

Em 2024, todos os nove grupos de produtos e serviços acompanhados pelo IBGE tiveram alta, ao contrário do que aconteceu em 2023 e 2022, quando alguns segmentos que compõe o índice oficial de inflação tiveram recuo. O destaque do ano ficou com alimentação e bebidas (alta de 7,69%) e impacto de 1,63 ponto percentual.

E  na alimentação no domicílio, o IBGE confirmou o que os brasileiros já sentem no bolso: a disparada do preço das carnes que acumularam elevação de 20,84% no ano. Além disso, café moído (+39,6%), leite longa vida (+18,83%) e frutas (+12,12%) também registraram elevação significativas. Outras altas de destaque ficaram com Saúde e Cuidados Pessoais (+6,09%) e Transportes (3,30%).

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