Ministros preocupados: qual Gleisi deve chegar ao Planalto?

A fiel escudeira, a militante combativa, a amiga leal: integrantes do governo têm dúvidas sobre qual versão de Gleisi Hoffmann vai prevalecer caso ela vire mesmo ministra palaciana

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A muito provável chegada da deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao governo tem movimentado os humores dentro do Palácio do Planalto. A presidente do PT é cotada para assumir a Secretaria-Geral da Presidência, no lugar de Márcio Macedo (PT-SE), na reforma ministerial que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve fazer até março.

A dúvida de integrantes do governo é: qual será a Gleisi que vai chegar ao Planalto? Será a militante progressista que predominou na presidência do PT? Será a fiel escudeira que esteve nos momentos mais difíceis de Lula preso? A gerente da conturbada da campanha de 2018, quando Fernando Haddad (PT-SP), hoje ministro da Fazenda, perdeu para Jair Bolsonaro? Ou a discreta, disciplinada e leal ministra da Casa Civil de Dilma Rousseff?

Na noite de quarta-feira, 29, integrantes do governo foram surpreendidos com as críticas que Gleisi e o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), namorado dela, postaram nas redes sociais após a decisão do Banco Central de elevar a Selic de 12,25% para 13,25% ao ano. Gleisi e Lindbergh bateram forte no aumento dos juros promovido, de forma unânime, pelos diretores indicados por Lula, que agora são maioria no Copom (Comitê de Política Monetária).

Apesar da contundência da crítica, um ponto de moderação esteve presente nas postagens de Gleisi e Lindbergh. Ao falar do novo presidente da instituição, pupilo de Lula, os dois ressalvaram que “não restava muita alternativa” a Gabriel Galípolo – uma consideração bem diferente da que foi dispensada no passado a Roberto Campos Neto, conduzido ao cargo por Bolsonaro.

Essa moderação é encarada como uma troca de roupa da virtual ministra e de seu namorado, futuro líder do PT na Câmara, que não poderá embarcar no discurso de “fora Galípolo”, como fdz com Campos Neto nos primeiros dois anos de governo a cada alta ou manutenção do patamar de juros.

Com que roupa?
A mexida de Lula na Esplanada terá o objetivo de acomodar políticos do Centrão e tentar garantir governabilidade e, no caso de Gleisi, premiar a execução da tarefa imposta a ela de presidir o PT nos primeiros dois anos de mandato. Ao falar com jornalistas nesta quinta-feira, 30, Lula deixou clara a gratidão a ela. “Gleisi foi chefe da Casa Civil da Dilma. Eu estava preso e eu fui um dos responsáveis pela companheira Gleisi virar presidente do PT”, reconheceu.

Lula, no fundo, aposta na capacidade de Gleisi de trocar o figurino e assumir uma estampa mais sóbria ao seu lado no Planalto. E sinalizou isso: “A Gleisi é um quadro muito refinado. Politicamente, tem pouca gente nesse país mais refinada que a Gleisi. O pessoal fala que ela é muito radical para ser presidente do PT. Ora, para ser presidente do PT ela tem que falar a linguagem do PT. Se ela não quiser ser assim, ela que vá para o PSDB, que vá para outro partido. Para ser presidente do PT ela tem que ganhar a confiança do PT. Ela tem condições de ser ministra de vários cargos. Até agora não tem nada definido”.

No ouvido do presidente
A preocupação de auxiliares de Lula não diz respeito somente à postura da deputada como presidente da legenda, mas refere-se também ao posto que ela assumirá no Planalto. Antes, as especulações eram de que Gleisi poderia assumir o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, hoje nas mãos de Wellington Dias. Era uma pasta desejada por ela exatamente por comandar o programa Bolsa Família, que virou uma marca bastante associada ao PT. Lula, no entanto, não topou mandar Dias de volta para o Senado.

Na pasta social, Gleisi ficaria limitada a falar dos assuntos sociais. Já na Secretaria-geral, estará habilitada a falar sobre qualquer assunto e isso é um ponto que causa receio em auxiliares do presidente. Assessores do governo comentam que o único ponto que une o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, é a contrariedade com o fato de Gleisi chegar a esse posto com alto poder de influência, bem perto dos ouvidos do presidente.

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