Americanas: diante de reveses com produtoras, roteirista fará livro sobre a fraude
Para roteirista Ricardo Chacur, mercado tem medo da influência dos controladores das Americanas
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Siga noAssim que estourou o escândalo contábil das Lojas Americanas, em 2023, o produtor e roteirista Ricardo Chacur, sócio-diretor da Cubox Films, decidiu formular um projeto para adaptar a história para um longa de ficção. A ideia não era atacar os acionistas de referência da empresa, Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles, mas fazer um paralelo com histórias de investidores que ganharam muito dinheiro com informações privilegiadas sobre a empresa na bolsa de valores de São Paulo, a B3.
Chacur desenvolveu um roteiro de cerca de 200 páginas, “Visionários da arena”, em uma trama que mescla fatos da vida real, coletados durante o processo de pesquisa, e elementos fictícios. A obra seria inspirada no filme “A grande aposta”, de Adam McKay, e a ideia era ter Maria Fernanda Cândido e Ricardo Tozzi como protagonistas.
Após se reunir com diversas produtoras, entre Globo, O2, Conspiração e Sentimental Filme, Chacur disse ter percebido o receio no mercado pela influência do multibilionário trio.
“Acho que os brasileiros, de forma geral, têm muito medo de tocar nesse assunto”, disse Chacur. “Mas o projeto ainda está em aberto. É uma história que precisa ser contada. Se [o projeto] não for feito agora, vai ser daqui a dez ou 15 anos, por mim ou por outra pessoa, porque é a maior fraude contábil do Brasil.”

Ricardo Chacur, roteirista responsável por “Visionários da Arena”
Diante dos reveses na indústria audiovisual, Chacur decidiu transformar o roteiro em um livro. Pretende lançá-lo ainda este ano em português e em inglês. “Estou convertendo o roteiro para inglês. Foi uma ideia da [ex-apresentadora] Cidinha Campos. E também não descarto a possibilidade de fazer em quadrinhos contando essa história para adultos”.
Ele também disse ter ficado decepcionado com a demora para se punir os culpados pelas inconsistências contábeis na empresa. Por não acreditar no trabalho da Comissão de Valores Mobiliários, a CVM, Chacur decidiu vender todos os papéis que tinha em empresas de capital aberto, como ações do Bradesco e da Vale.
“Não vejo mais confiança no mercado acionário brasileiro”, criticou. “Eu entrevistei pessoas que realmente ganharam muito dinheiro apostando na queda das ações das Americanas. Uma parte da elite da Faria Lima estava sabendo da queda com antecedência.”