Drops da semana: depois do julgamento, começa nova fase para a família Bolsonaro
Decisão da Primeira Turma do Supremo vai definir o futuro do ex-presidente na política e, se a denúncia for aceita, como esperado, o desgaste vai repercutir na carreira política dos filhos e nos rumos do campo direitista
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Siga noA Primeira Turma do STF julga a partir desta terça-feira, 25, oito acusados de tentativa de golpe de Estado na última sucessão no Planalto. A provável condenação dos denunciados pela PGR abre uma nova fase para a oposição e, em particular, para a família de Jair Bolsonaro, personagem central na trama golpista. Se as previsões se confirmarem, o ex-presidente terminará a semana como réu e, com isso, viverá o desgaste de um processo que pode levá-lo para a cadeia.
Para o campo da direita, essa perspectiva representa um fator de incertezas quanto aos rumos da atuação política. Ao mesmo tempo que vêem o principal líder acuado por um processo demolidor, essa faixa ideológica precisa encontrar alternativas eleitorais para 2026. Com Bolsonaro inelegível e próximo da prisão, os grupos conservadores terão de se reorganizar para lançar candidatos competitivos para o Planalto no ano que vem. Até agora, os nomes cogitados são de quatro governadores: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; Ratinho Jr. (PSD), do Paraná; e Romeu Zema (Novo).
Se a denúncia de fato for aceita pelo Supremo, a família do ex-presidente gastará boa parte do capital político acumulado na última década em esforços para amenizar os efeitos do processo. Nesse aspecto, a maior frente de atuação tende a acontecer nos Estados Unidos, para onde se mudou Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, durante o período de licença que pediu da Câmara dos Deputados. Pelos planos do clã, uma grande campanha no país do amigo Donald Trump fará pressão contra o STF com o objetivo de evitar condenações dos acusados.
Julgamentos de Carla Zambelli e da pichadora ficam para depois
Dois pedidos de vista apresentados nesta segunda-feira, 24, mudaram os encaminhamentos dos julgamentos no STF da deputada Carla Zambelli (PL-SP), por perseguição armada a um jornalista, e da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, processada por pichar a estátua da Justiça nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Com essas iniciativas, os ministros Nunes Marques e Luiz Fux, respectivamente, adiam por até 90 dias a apresentação final de seus votos e, assim, reduzem a tensão em torno do Supremo, que concentra as pressões decorrentes do julgamento de Bolsonaro e dos outros sete denunciados por tentativa de golpe de Estado.
Na Ásia, Lula tenta abrir mercados e atrair o Centrão
O presidente Lula passa a semana em viagem ao Japão e ao Vietnã, uma jornada preparada com fins comerciais e políticos. Por um lado, o petista busca estreitar os laços diplomáticos com os dois países e abrir mercados comerciais para o setor produtivo brasileiro. Ao mesmo tempo, empenha-se em amarrar acordos com líderes do Centrão, representados na comitiva pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta, do Senado, Davi Alcolumbre, e por seus antecessores, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respectivamente.
Ministros, políticos e mais de cem empresários integram a comitiva de Lula. Para o presidente, a viagem à Ásia representa uma oportunidade para demonstrar prestígio internacional. No Japão, é recebido pelo Imperador Naruhito e pela Imperatriz Masako, no Palácio Imperial, como chefe de Estado, um formato de visita raro, reservado para situações especiais – a última visita nos mesmos moldes foi para Donald Trump, em 2019, na primeira passagem do republicano pela Casa Branca.
Sem Motta e Alcolumbre, Congresso tem mais uma semana esvaziado
Depois de aprovar o Orçamento de 2025 e novas regras para o pagamento de emendas parlamentares, o Congresso terá mais uma semana de pouca produção legislativa. Sem as presenças de Hugo Motta e Davi Alcolumbre, a Câmara e o Senado voltam ao ritmo lento adotado desde o final do ano passado, sem votações relevantes.
Pauta mais importante para o governo, o projeto de lei que propõe a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda ainda não tem relator. A expectativa é que o nome seja escolhido pro Motta durante a viagem ao Japão. O PT e o Centrão disputam a indicação.