O rim, responsável por filtrar o sangue, é um órgão que pode sofrer consequências de doenças metabólicas e cardiovasculares. Entre elas, o diabetes descontrolado pode ser extremamente danoso aos rins. “A doença renal é 10 vezes mais comum em pessoas com diabetes. No mundo, 44% dos portadores da doença desenvolvem a doença renal crônica”, explica a médica nefrologista, especialista em medicina interna pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e em nefrologia pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Caroline Reigada.
Segundo a nefrologista, o diabetes é uma doença extremamente inflamatória, em que a quantidade exagerada de glicose no sangue é capaz de provocar a hiperfiltração do sangue nos rins (a chamada hiperfiltração glomerular). Além disso, eleva a concentração de produtos de glicosilação (processo no qual açúcares são adicionados em proteínas e lipídios, transformando-os em glicoproteínas e glicolipídeos) avançada, os maiores responsáveis pelas complicações do diabetes”, comenta. “Os rins ajudam a filtrar resíduos e fluídos extras do sangue, usando muitos vasos sanguíneos, mas precisam que o sangue circule adequadamente para funcionar”, acrescenta a médica.
Segundo a médica, quando estes produtos ficam ativados pelo sistema único imunológico, aparecem as doenças dos vasos sanguíneos e dos nervos, assim como os prejuízos renais. “São as denominadas complicações micro e macrovasculares do diabetes. Ou seja: microvascular – alteração de vasos menores, como dos rins e da retina; e macrovasculares – do coração e dos grandes vasos”, explica.
Como os rins, órgãos de filtração, contêm muitos vasinhos, principalmente dentro das estruturas chamadas glomérulos, que são os verdadeiros filtros do sangue, essas estruturas podem ser muito prejudicadas pelo diabetes. “Quando isso ocorre, o paciente começa a perder proteína na urina, clinicamente correspondente ao aparecimento de espuma na urina, aumento da pressão arterial e edema (inchaço)”, diz a médica.
Já que os sintomas da doença renal crônica não são específicos e podem ser confundidos com outras doenças, a identificação da doença, no geral, só acontece em estágios avançados, quando os rins já estão em fase crítica de funcionamento. “Por isso, todas as pessoas devem consultar-se com um nefrologista e fazer exames de triagem, principalmente após os 35 anos. Pacientes diabéticos devem controlar a doença e contar sempre com a orientação de um nefrologista”, argumenta a médica.
“O controle do diabetes, que apresenta fácil diagnóstico (um simples exame de sangue) deve objetivar, na maioria dos casos, uma hemoglobina glicada menor que 7%. Caso você tenha diabetes ou história familiar desta doença ou, ainda, esteja sobrepeso ou obeso, procure seu nefrologista”, diz a médica. “Lembre-se que o diabetes pode ser uma doença insidiosa. O diagnóstico do pré-diabetes e seu tratamento é a melhor forma de evitar complicações como as renais”, aponta.