Associada a um problema comum do envelhecimento, a perda de transparência do cristalino também acomete as crianças: a catarata congênita é responsável por 10 a 38% dos casos de cegueira prevenível e tratável na infância, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
No Brasil, 77 mil crianças de até 14 anos são cegas ou têm deficiência visual grave decorrentes de doenças oculares evitáveis, entre elas, a condição que afeta o cristalino, conforme a publicação do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), “Prevenção da Cegueira e Deficiência Visual na Infância”.
“O cristalino é uma estrutura anatômica do aparelho visual que junto com os demais componentes, ajuda a formar e enviar as imagens captadas pelos olhos e enviadas para o cérebro. Na catarata congênita o paciente nasce com opacidade do cristalino, a qual dificultará o desenvolvimento da visão cuja fase áurea se dá até os seis anos de idade”, destaca Daniel Puertas, oftalmologista e diretor do Hospital do Olho Júlio Candido de Brito.
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Fatores de risco e teste do olhinho
O oftalmologista explica que os principais fatores de risco são doenças virais contraídas pela mãe durante a gestação, principalmente no primeiro trimestre da gravidez, como citomegalovírus e toxoplasmose, e o diagnóstico precoce é determinante para reduzir as chances de sequelas a médio e longo prazo.
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Obrigatório em toda a rede pública e privada do Brasil, por meio do projeto de lei 4090/2015, o exame do reflexo vermelho (TRV), conhecido como teste do olhinho, é o único capaz de identificar a catarata congênita e outras condições oculares nas primeiras 72 horas de vida do bebê.
“O teste do olhinho é rápido e indolor, e fundamental para diagnosticar previamente a catarata congênita, que pode ser uni ou bilateral. O tratamento é cirúrgico e deve ser feito preferencialmente antes dos seis anos, contudo mesmo após o procedimento, ainda que a probabilidade seja mínima, a criança está passível de ter algum problema futuro, como estrabismo e glaucoma”, alerta Daniel Puertas.