Neurocientista Fabiano de Abreu Agrela afirma que o efeito de enquadramento impede a pessoa de assumir riscos e agir em situações cotidianas -  (crédito: MF Press Global/Divulgação)

Neurocientista Fabiano de Abreu Agrela afirma que o efeito de enquadramento impede a pessoa de assumir riscos e agir em situações cotidianas

crédito: MF Press Global/Divulgação

 

A capacidade de tomar decisão é uma característica crucial para o sucesso na vida pessoal e profissional. Para muitos, essa habilidade permite que enfrentem desafios com confiança. No entanto, para outros, a tomada de decisão pode ser um verdadeiro obstáculo, independentemente da simplicidade da situação. É exatamente esse enigma que tem intrigado o neurocientista luso-brasileiro, Fabiano de Abreu Agrela.

Por isso, Fabiano de Abreu Agrela mergulhou em uma investigação para compreender as razões por trás desse fenômeno. Curiosamente, seu estudo revelou que enquanto os empresários de sucesso costumam tomar decisões ousadas, a maioria da população contemporânea enfrenta uma notável dificuldade nesse aspecto.

Leia: Conheça as formas de superar o medo de mudanças

O neurocientista identificou o que chama de "trava neural," um complexo fenômeno que impacta o funcionamento dos circuitos cerebrais responsáveis pela tomada de decisões. Em especial, Agrela destaca o papel do córtex pré-frontal (PFC) e do hipocampo, duas áreas críticas do cérebro humano relacionadas às memórias de trabalho e de longo prazo.

Efeito de enquadramento

É no âmbito dessas investigações que Agrela explora o intrigante efeito de enquadramento, que frequentemente inibe as pessoas de assumir riscos e agir, mesmo em situações tidas como simples. A ansiedade desempenha um papel central nesse processo, criando uma barreira que impede a tomada de decisão.

“A ansiedade não gerenciada induz o corpo a entrar em um estado de estresse negativo, diminuindo o fluxo sanguíneo e a oferta de oxigênio para o cérebro. Isso resulta em uma redução do funcionamento cognitivo, levando o cérebro a um estado caótico”, explica o neurocientista.

Essa ansiedade excessiva direciona o foco para opções de escolha negativas e leva à interpretação negativa de opções ambíguas: "O resultado é uma relutância em enfrentar possíveis resultados negativos, mesmo que haja ganhos potenciais envolvidos, o que, por sua vez, inibe a tomada de decisão".

Estresse, distúrbios mentais, fadiga, pressões sociais...

Os obstáculos à tomada de decisão também incluem sobrecarga de informações, estresse, fadiga, viés cognitivo, distúrbios do sono, transtornos mentais, pressões sociais, conformidade, menor inteligência, uso de substâncias químicas e álcool, uso de maconha e o chamado efeito escassez, que é frequentemente associado a situações de recursos limitados.

Leia: Sentir medo é normal e saudável, mas, em excesso, atrapalha

"Além disso, o "efeito looping" se junta a essas complexidades, uma vez que situações que derivam ou promovem a ansiedade podem agravar ainda mais o problema". 

A pesquisa de Fabiano de Abreu Agrela oferece uma visão esclarecedora sobre a complexidade da tomada de decisões e os obstáculos que muitos indivíduos enfrentam em suas vidas diárias: "Compreender essas complexidades pode ser o primeiro passo para desenvolver abordagens mais eficazes na gestão da ansiedade e na promoção da capacidade de tomada de decisão".