Como fica a vida sexual após o câncer de próstata? Essa é uma das principais dúvidas que surgem após o diagnóstico da neoplasia, considerada uma das mais comuns entre os homens, e que ocasiona o óbito de cerca de 28,6% dos pacientes. A próstata é uma glândula do sistema reprodutor masculino localizada abaixo da bexiga, cuja principal função é produzir o esperma.
O médico urologista da Hapvida NotreDame Intermédica, Felipe Delgado, explica que a rotina sexual do paciente depende de dois grandes pilares para funcionar bem: o orgânico e o emocional. “Em relação à parte orgânica, o paciente precisa ter seus níveis de hormônios regulares, como a testosterona, assim como diabetes e pressão alta controladas, pois, se não tratadas, as doenças podem causar injúria nos vasos de sangue do pênis, gerando uma piora da função erétil”, ressalta.
Já em relação ao pilar emocional, Felipe pontua que o tratamento demanda um acompanhamento multidisciplinar. “Essa questão está relacionada ao psicológico e, em muitos momentos, esse paciente pode estar sob estresse e ansiedade, o que naturalmente vai desencadear uma baixa da sua função sexual, provocando ejaculação precoce e disfunção erétil. Por isso a importância do tratamento envolvendo a psicoterapia, com a ajuda de psicólogos e demais profissionais da saúde mental”, endossa.
A partir do diagnóstico, o paciente vai ser avaliado por diversos critérios que o urologista utiliza para saber qual o melhor tipo de tratamento a ser implantado. De acordo com a necessidade e com a intervenção escolhida, podem surgir algumas repercussões sobre a sexualidade e a fertilidade. O tratamento cirúrgico e a radioterapia, por exemplo, afetam cerca de 5% a 20% dos pacientes, podendo provocar disfunção erétil.
Diagnóstico precoce e tratamento
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são registrados cerca de 65 mil novos casos de câncer de próstata a cada ano. Essa é uma questão de saúde significativa para a população masculina. Em 2023, ainda segundo o órgão, são esperados 7.970 novos casos em Minas Gerais, com a taxa bruta de 74,85 casos novos em 100 mil homens.
De acordo com Felipe Delgado, a melhor ferramenta no combate ao câncer de próstata é o rastreamento e o diagnóstico precoce. “Assim, conseguimos disponibilizar tratamentos efetivos com taxas de cura acima de 90%. Para os pacientes que possuem histórico familiar de câncer e fatores de risco, como obesidade, o rastreamento deve iniciar aos 45 anos. Para os que não possuem, a idade recomendada é 50 anos”, explica.
Os exames mais utilizados para o rastreio são o PSA e o toque retal. “O PSA é uma enzima produzida na próstata, que a gente consegue medir por meio de um exame de sangue. A elevação dessa taxa pode levar à suspeita de um diagnóstico de câncer. Uma vez que houve alguma alteração nos exames, a gente indica a realização da biópsia da próstata. Caso haja a confirmação, os possíveis caminhos para o tratamento serão delimitados”, informa o médico.
Em estágios iniciais, a doença não causa sintomas. Eles costumam aparecer quando o câncer já está em uma fase avançada. Por isso, a periodicidade do rastreamento é anual. Caso apareçam sinais de alerta, como sangramento na urina, perda de força do jato urinário ou excesso de idas ao banheiro, é necessário procurar um especialista imediatamente.