A nicotina, um dos componentes ativos do tabaco, é uma das substâncias mais viciantes do mundo e, recentemente, o sertanejo Gusttavo Lima, abriu o coração em uma entrevista ao colunista Leo Dias, revelando sua luta pessoal contra o vício. Assim como ele, milhares de pessoas tentam, todos os dias, ficar livres do cigarro e, mesmo com muito esforço, ainda assim acabam voltando a fumar. Essa confissão traz à tona uma questão amplamente discutida: por que a nicotina é tão viciante?

A resposta é na forma como ela afeta o cérebro. Quando inalada, ela estimula a liberação de dopamina, um neurotransmissor associado ao prazer e à recompensa. A sensação de prazer instantâneo cria uma conexão poderosa no cérebro, levando à busca incessante pela substância para repetir esse efeito. Com o tempo, o corpo desenvolve tolerância, exigindo doses maiores de nicotina para atingir o mesmo resultado, gerando um ciclo de dependência difícil de quebrar.
Segundo Michelle Andreata, pneumologista da Saúde no Lar, parar de fumar é uma jornada desafiadora, repleta de obstáculos físicos e emocionais.



“Durante o período de abstinência, muitos enfrentam sintomas que incluem irritabilidade, ansiedade, insônia, aumento do apetite, dificuldade de concentração e intensos desejos de fumar. Esses sintomas variam de pessoa para pessoa, nível de dependência, quanto tempo consumindo cigarro, estilo de vida, dentre outros. Mas, independente disso, as reações são passageiras. Podem durar semanas ou até entre dois e quadro meses, tornando o processo de desintoxicação uma experiência extenuante. Após esse período a ansiedade diminui e depois, tende a desaparecer.”
Para aqueles que desejam parar de fumar, a pneumologista explica que a primeira etapa fundamental é o desejo genuíno de não o fazer e, em seguida, buscar apoio. 

“A ajuda psicológica, por meio de terapia comportamental cognitiva ou aconselhamento, desempenha um papel crucial no processo de recuperação. Os profissionais de saúde mental auxiliam os indivíduos a desenvolver estratégias para lidar com os desejos, lidar com o estresse e evitar situações que possam desencadear a vontade de fumar.”


Além do suporte profissional, amigos e familiares também desempenham papel essencial.
“O ex-fumante precisa buscar novos hábitos e também outras atividades mais saudáveis, como a realização de exercícios físicos, uma dieta equilibrada, evitar o consumo exagerado de álcool, praticar meditação, ioga, técnicas de respiração em momentos de maior ansiedade, além de procurar ter noites de sono de qualidade.”


Em um primeiro momento pode parecer muito difícil, mas Michelle acredita que o paciente deve viver um dia de cada vez, colocando-se como um vitorioso por ter conseguido ficar mais tempo sem fazer uso do cigarro novamente.


“Nos primeiros dias, o ex-fumante verá uma melhora substancial com relação ao olfato e paladar. Nas próximas semanas, a respiração fica mais leve e a falta de ar diminui, mas é no 15º dia que acontece o pico da angústia. E é nesse intervalo de tempo, entre o 7º e o 14º dia, que é necessário tratar a ansiedade. Depois que esse período crítico passa, é possível notar uma melhora considerável nos sistemas cardíaco, respiratório e muscular. Ao ver que sua qualidade de vida melhora, o paciente fica mais animado em manter os novos hábitos saudáveis.”


A coragem de figuras públicas como Gusttavo Lima ao compartilhar suas experiências pessoais serve como inspiração e destaca a importância de apoiar quem está em busca de uma jornada para uma vida livre do tabaco.

 

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