À medida que a onda de calor persistente atinge diversas regiões do Brasil, com temperaturas elevadas em até 5ºC, as mulheres na menopausa enfrentam desafios adicionais associados a esse aumento. Neste cenário, já se perguntou se o clima quente está deixando suas ondas de calor (e outros sintomas) ainda mais intensas? Alexandra Ongaratto, médica ginecologista, especializada em ginecologia endócrina e climatério, e diretora técnica do Centro Clínico Ginecológico do Brasil, o Instituto GRIS, explica sobre uma possível conexão entre o clima quente e o agravamento de alguns sintomas da menopausa.
Certo é que esse fenômeno meteorológico, que é a oitava onda do tipo em 2023, é atribuído a um bloqueio de pressão atmosférica, ao El Niño e às mudanças climáticas, mantendo o país em alerta até a próxima sexta-feira (17). Assim, para ajudar a aliviar calor em dobro, a médica esclarece que a relação das ondas de calor da menopausa com as temperaturas elevadas tem sido objeto de estudo, destacando a influência direta do clima quente na intensificação dos fogachos e no desconforto geral das mulheres nesta fase da vida.
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Os fogachos, caracterizados por ondas súbitas de calor intenso, são uma queixa comum durante a menopausa. De acordo com um estudo publicado na revista internacional sobre saúde da meia-idade, Maturitas, o clima quente está associado a intensificação dos sintomas neste período. “Vale ressaltar que pesquisas mais recentes nos mostram que os fogachos podem causar dano neurológico, aumentando risco de demência. Assim, se preocupar com fogachos não é se preocupar com um sintoma desconfortável e ponto, mas sim pensar em qualidade de vida e prevenção”, cita Alexandra Ongaratto.
Dicas para amenizar os sintomas
Para ajudar as mulheres a lidar com esse desafio, a ginecologista Alexandra recomenda algumas estratégias específicas. Confira.
Vestuário adequado: opte por roupas leves e frescas, preferencialmente feitas de materiais respiráveis como algodão, para auxiliar na regulação da temperatura corporal.
Hidratação constante: mantenha-se bem hidratada, aumentando a ingestão de água para combater a desidratação causada pelo calor excessivo e pelos fogachos.
Refresque-se: utilize métodos de resfriamento, como lenços umedecidos e ventiladores, para aliviar os sintomas de calor repentino.
Atividade física moderada: pratique exercícios físicos leves e regulares, adaptando-se às condições climáticas, para promover o bem-estar geral e reduzir o impacto dos sintomas da menopausa. Caso as atividades sejam ao ar livre, procure horários com menor incidência solar.
Evite alimentos termogênicos: os termogênicos são alimentos que elevam a temperatura corporal e apresentam um aumento expressivo na taxa metabólica, portanto, o consumo de café, pimenta, bebidas energéticas, chá preto, entre outros, podem aumentar a sensação de calor durante o período menopausal.
Consulte um profissional de saúde: caso os sintomas se tornem severos ou disruptivos, é aconselhável buscar orientação médica para avaliação e opções de tratamento personalizadas.
Impactos indiretos
Mudanças climáticas estão vinculadas a impactos na saúde feminina, com a poluição e eventos extremos exercendo efeitos negativos. Produtos químicos ambientais atuam como desreguladores endócrinos, associados à atresia folicular e, inclusive, à antecipação da menopausa.
Pesquisa publicada na revista científica PLOS ONE revela que esses produtos estão significantemente ligados à menopausa precoce, além de outros sintomas vasomotores e distúrbios do sono em mulheres de meia idade.
Descobertas assim apenas destacam a urgência de abordagens abrangentes para mitigar os efeitos adversos na saúde feminina. À medida que o país enfrenta essa onda de calor, é crucial reconhecer os desafios específicos que as mulheres na menopausa podem enfrentar. “A adoção de estratégias práticas com orientação médica pode ajudar a minimizar o impacto desses sintomas, promovendo uma transição mais tranquila através dessa fase da vida”, ressalta Alexandra Ongaratto.