“Os filhos são os espelhos dos pais”, frase que toda mãe já ouviu depois da gravidez. Copiam hábitos alimentares, gostos musicais, e até o que não devem imitar. Para quem gosta de consumir um docinho ou mascar chiclete após as refeições, é importante pensar que isso também pode influenciar na construção do paladar infantil.

Estudos apontam que o consumo excessivo de açúcar está relacionado ao ganho de peso, à obesidade, ao diabetes tipo 2, às doenças cardiovasculares e à cárie dentária. Na infância, a exposição à sacarose é ainda mais preocupante - chega a quase 70% em bebês de seis a 23 meses, e ultrapassa os 87% na faixa etária dos dois aos cinco anos de idade, de acordo com um levantamento do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani).



Para a nutricionista do Grupo Prontobaby, Paula Tuffy, a disseminação da diabetes na infância pode ser, por exemplo, consequência do consumo de açúcar e alimentos industrializados. “Além de se tornar um adulto com outras comorbidades, como hipercolesterolemia, hipertensão, doenças reais e cardiovasculares, a criança que se acostuma a ingerir doces pode perder o hábito saudável, por viciar e alterar o verdadeiro sabor dos alimentos”, pontua a especialista.

Os cuidados com a saúde bucal também não podem ser esquecidos, como alerta o dentista Sergio Pinto. “Chicletes com açúcar podem contribuir para lesões cariosas, pois fornecem alimento para as bactérias presentes na boca, levando à produção de ácidos que danificam o esmalte dos dentes”, comenta.

Outro cuidado com o consumo, principalmente de chicletes, é o hábito de engoli-lo. “Ele não é digerido da mesma maneira que os alimentos normais e pode permanecer no sistema digestivo por um tempo prolongado. Ingerir grandes quantidades em um curto período de tempo pode causar obstruções no trato gastrointestinal, especialmente em crianças pequenas”, explica Sergio Pinto, ao enfatizar que o consumo não é recomendado, principalmente, por crianças muito pequenas que não tenham a habilidade de mastigar e cuspir, pois podem engolir ou sufocar com a goma de mascar.

A mastigação pode levar a ingestão excessiva de ar, especialmente se a criança mastigar rapidamente ou com a boca aberta. “Pode causar desconforto abdominal, flatulência e inchaço, além de desenvolver uma gastrite ou até úlcera”, esclarece Paula Tuffy.

Com o estímulo de açúcar na infância, a dúvida que fica é: qual a melhor forma de equilibrar a saúde nutricional e os desejos das crianças por doce? “Pode ser desafiador, mas é possível estimular hábitos alimentares saudáveis sem negar completamente os prazeres dos doces, ensinando o conceito de moderação desde cedo”, enfatiza Paula Tuffy.

Sergio Pinto dá dicas de como os pais podem estimular alternativas saudáveis na infância:

Exemplo e disponibilidade: modelar comportamentos alimentares é fundamental. Tenha uma variedade de opções saudáveis em casa, as crianças terão mais chances de experimentá-las.

Envolvimento na cozinha: incluir as crianças no preparo de refeições e lanches saudáveis pode aumentar o interesse delas por esses alimentos.

Variedade e criatividade: apresentar uma ampla gama de opções, como frutas frescas, vegetais cortados, iogurtes naturais ou lanches caseiros pode despertar a curiosidade e aceitação desses alimentos.

Elogios e reforço positivo: reconhecer e elogiar as escolhas das crianças pode incentivá-las a continuar fazendo-as de forma consciente.

Limitar a disponibilidade de doces: reduzir o acesso fácil em casa pode fazer com que outras alternativas sejam a opção mais acessível.

Educação alimentar: conversar sobre os benefícios dos alimentos saudáveis e como eles ajudam a crescer forte e com a saúde em dia pode incentivar escolhas melhores.

compartilhe