Estudo da Universidade da Califórnia, em Davis, revela que a interação entre o flavonoide quercetina, encontrado no vinho tinto e considerado um antioxidante saudável, pode bloquear o metabolismo do álcool, causando dores de cabeça em algumas pessoas, mesmo que em pequenas quantidades. Isso acontece porque ele se converte, na corrente sanguínea, em uma molécula de forma diferente, chamada glicuronídeo de quercetina, e resulta no acúmulo de acetaldeído, causador desses efeitos negativos.

E isso pode acontecer de forma rápida, de 30 minutos a três horas após a ingestão, o que não ocorre com outras bebidas alcoólicas. Esses desconfortos são desencadeados rapidamente, especialmente em indivíduos com enxaqueca preexistente ou com outra dor de cabeça primária. O próximo passo é conduzir ensaios clínicos para investigar o impacto de diferentes concentrações de quercetina em vinhos e entender melhor porque algumas pessoas são mais propensas a ter o metabolismo do álcool inibido por esse composto.



Segundo o médico neurocirurgião membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, Felipe Mendes, exagerar no álcool é quase uma certeza de ter a temida dor de cabeça no dia seguinte, a famosa ressaca. Contudo, muitas pessoas portadoras de enxaqueca, por exemplo, têm uma intolerância muito maior a bebidas alcoólicas, principalmente o vinho.

“Para esses indivíduos, às vezes, não depende da quantidade, mas somente uma taça de vinho já é suficiente pra disparar uma crise de dor de cabeça.” De acordo com o médico, esse estudo, na verdade, não responde o porquê de algumas pessoas terem o metabolismo desse flavonoide funcionando de modo diferente do resto da população.

“Isso é uma etapa para um próximo projeto de pesquisa, mas não deixa de ser importante, pois nos dá um direcionamento do tipo de hipótese que deve ser investigada posteriormente pra tentar criar alguma alternativa, seja por meio de orientação ou até mesmo por meio da descoberta de alguma substância que amenize esses efeitos em quem tem essa predisposição ao fazer uso do vinho”.

Ressaca

A dor de cabeça após o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, conhecida como ressaca, pode ser atribuída a vários fatores. O álcool é desidratante, pode causar inflamação nos vasos sanguíneos e aumentar a produção de certas substâncias químicas no cérebro, contribuindo para o incômodo. Entre os sintomas estão náuseas, fadiga e sensibilidade à luz e ao som.

Para evitar dores de cabeça relacionadas ao consumo de álcool, Felipe Mendes cita algumas precauções:

Hidratação: beber água durante o consumo de bebidas alcoólicas para ajudar a evitar a desidratação.

Consumo moderado: limitar a quantidade de álcool consumida em uma única ocasião e não exagerar.

Alimentação adequada: comer antes ou durante o consumo de álcool para ajudar a reduzir seus efeitos.

Escolha de bebidas: algumas bebidas alcoólicas, especialmente aquelas com aditivos e açúcares, podem aumentar o risco de ressaca. Vale optar pelas mais leves e evitar misturar diferentes tipos de bebidas.

Descanso adequado: ter uma boa noite de sono após consumir álcool, pois a falta de sono pode contribuir para a intensificação dos sintomas da ressaca.

“Se a dor de cabeça já estiver presente, o ideal é investir na ingestão de grande quantidade de água, medicamentos de venda livre, como analgésicos, repouso e em uma alimentação leve e equilibrada.”

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