A campanha nacional do Dezembro Vermelho chegou e, com ela, a necessidade de conscientizar sobre a prevenção do vírus HIV/Aids e demais infecções sexualmente transmissíveis, em diversos aspectos - e a saúde mental está entre eles. Mas, como tratar a questão junto dos soropositivos ou pessoas que já desenvolveram a doença e seus familiares e amigos?
A professora Faculdade Una Lafaiete e psicóloga Liliam Medeiros diz que os principais dramas psicológicos enfrentados pela pessoa que convive com o HIV são: estigma social, ansiedade relacionada à saúde, medo do futuro, preocupações com a mortalidade, possíveis efeitos colaterais dos medicamentos, medo de ficar sozinho e o impacto nas relações pessoais.
Enfrentando o estigma social
“Sendo que uma das principais barreiras, para muitos, é a dificuldade de aceitação do diagnóstico. Isso porque o desconhecimento, base do preconceito, é um dos fatores da exclusão social da pessoa vivendo com HIV, o que explica a decisão de muitos em esconder sua condição”, alerta a psicóloga Liliam Medeiros.
No entanto, acrescenta a psicóloga, vale lembrar que a “informação é o principal caminho para desmistificar os mitos e quebrar barreiras relacionadas a este estigma”.
Com os avanços médicos e o aumento da sobrevida dos pacientes, a aids, hoje, já vem sendo encarada como uma doença crônica. Por isso, sugere Liliam, para que os pacientes não paralisem a vida depois do diagnóstico, é preciso aderir ao tratamento, manter hábitos saudáveis, estabelecer metas e viver um dia de cada vez, mantendo conexões sociais e buscando atividades que tragam bem-estar.
Mas, mesmo com o aumento da qualidade de vida dos pacientes, como viver essa nova rotina de maneira mentalmente saudável, especialmente nos relacionamentos? Liliam diz que viver uma nova vida depois do diagnóstico de HIV requer um cuidado especial, principalmente, com a saúde mental.
“Manter-se saudável psicologicamente, pode envolver o acompanhamento psicológico, a presença de grupos de apoio ou de amigos próximos, comunicar-se abertamente com parceiros e familiares sobre sua condição, trabalhar a autoestima e o autocuidado”, sugere a psicóloga.
Para Liliam, em uma sociedade preconceituosa e com conhecimento limitado sobre HIV/aids, é fundamental educar-se e educar os outros, estabelecer limites saudáveis e rodear-se de pessoas que ofereçam suporte e compreensão. “Além disso, é preciso se alertar para consumir informações confiáveis, de base científica, que irão refutar as fake news sobre o assunto”, ensina.
Conexão e carinho
A psicóloga lembra com profundo carinho de um paciente com o vírus HIV que ela acompanhou no trabalho e que este período foi uma experiência de “conexão, respeito e disponibilidade afetiva”.
“Trabalhamos os medos e ansiedades que apareceram no processo, resgate da autoestima, autocuidado e psicoeducação, proporcionando um espaço seguro para a construção de estratégias de manejo de suas próprias emoções”, recorda Liliam.
A psicóloga ainda ressalta a importância “de um olhar cuidadoso para a saúde mental da família do paciente”, que além de assumirem a principal rede de apoio, também sofrem com toda situação.
O que é aids?
Aids é a doença causada pela infecção do vírus da imunodeficiência humana, cuja sigla em inglês é HIV. O vírus ataca o sistema imunológico.
Em Minas Gerais, 12.980 casos foram notificados nos últimos três anos, e 55.122 pessoas estão em tratamento, segundo dados recentes divulgados pelo Governo Estadual.
O uso do preservativo (masculino ou feminino) em todas as relações sexuais é o método mais eficaz para evitar a transmissão desta e de todas as infecções sexualmente transmissíveis (IST).
O preservativo é distribuído gratuitamente em postos de saúde.