Com a chegada do verão e o aumento das temperaturas, que têm atingido recordes nos últimos meses, é comum que as pessoas transpirem em maior quantidade, uma reação normal do organismo. “Composto majoritariamente de água e sais minerais, o suor é um líquido incolor e inodoro produzido pelas glândulas sudoríparas para regular a temperatura corporal. Por isso, a transpiração tende a ser maior em dias quentes e durante a prática de atividade física, por exemplo”, explica o médico pós-graduado em dermatologia clínico-cirúrgica e professor nos cursos de dermatologia, tricologia, transplante capilar (cirurgia capilar) e medicina estética, Danilo S. Talarico.
“No entanto, algumas pessoas podem sofrer com transpiração excessiva, condição conhecida como hiperidrose, que pode ser idiopática, isto é, sem causa subjacente conhecida, ou estar relacionada com fatores como uso de certos medicamentos, condições como obesidade e hipertiroidismo, momentos de estresse e ansiedade e alterações hormonais, como aquelas que ocorrem na menopausa”, acrescenta.
Essa produção excessiva de suor pode gerar desconforto para os pacientes afetados, levando até mesmo a problemas sociais devido ao constrangimento causado pela hiperidrose. Mas, mesmo pessoas que transpiram em uma quantidade normal, podem sofrer com problemas relacionados ao suor, como a bromidose, popularmente conhecida como CC. “O suor, por si só, é inodoro, ou seja, não tem cheiro. O mau odor relacionado a transpiração ocorre, na verdade, pela decomposição do suor por bactérias presentes em regiões como axilas e virilha. É muito comum na adolescência, mas também pode ser agravado por situações como diabetes, alcoolismo e uso de certos antibióticos”, diz o médico.
Para lidar com o suor e o mau cheiro, é importante adotar cuidados como a higienização regular das regiões afetadas, com sabonetes antibacterianos, remoção dos pelos do local para evitar o acúmulo de suor e sujeira e, claro, uso de desodorantes. “Desodorantes são produtos fabricados com o objetivo de diminuir a transpiração, podendo conter substâncias que diminuem a transpiração, que diminuem o tamanho das saídas das glândulas sudoríparas ou então, no caso dos antitranspirantes, que tampam essas saídas, impedindo que o suor transborde para a superfície da pele. Dessa forma, impedem a sensação de umidade e o mau odor”, explica a dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, Mônica Aribi.
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Mas é importante tomar cuidado com o uso excessivo e com a formulação desses produtos. “Os antitranspirantes podem causar um bloqueio das glândulas sudoríparas que, se for duradouro, pode levar ao surgimento de doenças como foliculite, miliária (brotoeja) e até hidradenite. Já no caso dos desodorantes, existem trabalhos científicos que mostram uma associação entre o cloridrato de alumínio, presente na composição de muitos desses produtos, e câncer em diversas regiões, mas ainda não há comprovação. Por sua vez, desodorantes medicamentosos, indicados para pacientes com sudorese excessiva, têm a possibilidade de causar dermatites de contato”, elucida a dermatologista. Por isso, é importante optar por um produto capaz de cumprir seu papel na diminuição dos transtornos causados pelo suor sem causar esses efeitos colaterais.
Mas é importante ir além do uso de desodorantes para lidar com a sudorese, pois, como as glândulas sudoríparas estão localizadas na derme, a pele é outra grande afetada pelos efeitos do suor, podendo sofrer com desidratação, irritação e até mesmo acne devido a obstrução dos poros. “Isso porque o suor tem um PH mais ácido que a pele, prejudicando a saúde do tecido cutâneo, além de favorecer a proliferação de bactérias devido ao aumento da umidade, o que pode resultar em micoses e infecções”, alerta Danilo, que, para evitar problemas, recomenda utilizar roupas leves que permitam a respiração apropriada da pele e não permanecer com a roupa suada por muito tempo. “Se possível, após transpiração intensa, como nos exercícios, tome um banho para tirar o suor.”
Outro problema comum causado pelas altas temperaturas e suor são as brotoejas, pequenas erupções avermelhadas que surgem na pele, principalmente em bebês e crianças. “As brotoejas, também chamadas de miliárias, são resultado do bloqueio das glândulas sudoríparas, que leva ao acúmulo de suor na pele. E, apesar de serem benignas, podem causar grande coceira e desconforto”, diz Danilo.
Mas o médico afirma que as brotoejas não devem ser confundidas com outra condição comum causada pelo suor: a urticária colinérgica, conhecida como alergia ao suor. “Apesar de não ser considerado um alérgeno, o suor pode provocar reações cutâneas em pessoas com pele mais sensível ou que sofrem com doenças como dermatite atópica e psoríase. Nesses casos, é comum o surgimento de erupções cutâneas e placas avermelhadas, descamativas e inchadas que coçam e geram sensação de queimação”, explica o médico. Para evitar tanto brotoejas quanto alergias, é importante, além de utilizar roupas leves, manter a pele hidratada, não tomar banhos quentes e evitar perfumes e outros produtos químicos que possam agravar a sensibilidade da pele. “Em casos mais graves, medicamentos tópicos e orais podem ser recomendados.”
E não é só a pele. O cabelo também sofre, pois o suor é rico em sais que, em contato com os fios, favorecem o ressecamento. “Além disso, o aumento da umidade no couro cabeludo pode levar ao desenvolvimento de quadros de dermatite seborreica, a famosa caspa”, ressalta o especialista. Por isso, durante momentos de sudorese intensa, é importante manter os cabelos presos para reduzir o contato do suor com os fios. E, após transpirar, higienizar e secar bem os fios. “E não há problema nenhum em lavar os fios diariamente se for necessário. Apenas certifique-se de não usar água muito quente, para não piorar o ressecamento, e secar bem os cabelos após o banho”, aconselha o médico.
Se você sabe que vai transpirar, como na hora de praticar uma atividade física, é interessante aplicar previamente um leave-in ou óleo no comprimento dos fios, pois esses produtos formarão uma película de proteção nos cabelos que ajudará a manter a hidratação.
Mas, afinal, é possível diminuir a sudorese? De acordo com Danilo Talarico, sim. “Apesar de não ser possível acabar definitivamente com a transpiração, pois é um mecanismo importante para o bom funcionamento do organismo, algumas medidas podem ser adotadas para controlá-la, como usar desodorantes antitranspirantes e diminuir o consumo de alimentos como pimenta e café, pois estimulam o sistema nervoso central e ativam as glândulas sudoríparas. O consumo de álcool também deve ser evitado, pois causa uma vasodilatação com aumento da temperatura corporal. Perder peso também pode ajudar a reduzir a transpiração”, pontua.
Já quem sofre com quadros de hiperidrose e transpira excessivamente pode ir além e apostar na realização de procedimentos estéticos que auxiliam na redução da sudorese, como a aplicação de toxina botulínica. “Ao ser injetada na pele, a toxina botulínica inibe a liberação de acetilcolina, neurotransmissor responsável por ativar as glândulas sudoríparas. Dessa forma, minimiza a transpiração na área tratada”, explica o médico.
Para tratar a hiperidrose, uma alternativa à toxina botulínica é a radiofrequência microagulhada Eletroderme XL (RF multilayer). “Essa tecnologia conta com microagulhas que penetram em múltiplas camadas na pele, liberando energia de radiofrequência que age sobre as glândulas sudoríparas para reduzir sua quantidade e a produção de suor na região. Uma sessão já apresenta excelentes resultados, mas é possível repetir se necessário. Além disso, o procedimento é muito mais confortável em comparação a tecnologias antigas no mercado, pois tem agulhas facetadas que garantem infinitamente menos dor”, destaca o médico, que ressalta que, antes do tratamento, é importante examinar todas as possíveis causas médicas de hiperidrose.