Dados levantados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o Brasil é o país com o maior número de pessoas ansiosas no mundo - 9,3% da população. Outro alerta vermelho levantado no país também diz respeito à saúde mental, já que, ainda de acordo com a OMS, o Brasil é o país com a maior prevalência de casos de depressão na América Latina, com 5,8% dos brasileiros vivendo com a doença.
O crescimento do número de pacientes acometidos ao longo da vida por transtornos de saúde mental aumenta também a busca por soluções menos agressivas, já que cada vez mais a dependência química, estimulada por medicamentos, se transforma em mais um problema de saúde pública. Uma das vertentes de tratamentos que se mostra promissora é o uso do canabidiol (CBD), um dos ativos derivados da cannabis sativa, a maconha.
“Hoje, vemos cada vez mais pacientes se beneficiando dos efeitos do canabidiol na saúde, principalmente para aliviar alguns sintomas de ansiedade, depressão, transtorno bipolar e outras condições psiquiátricas”, explica o médico responsável pelo primeiro centro de acolhimento de medicina canabinoide do Brasil, uma parceria entre a empresa Anna Medicina Endocanabinoide e a Santa Casa de Curitiba, Vitor Brasil.
Nos casos específicos de ansiedade e depressão, a cannabis pode ser utilizada como uma opção complementar ao tratamento convencional, já que, por possuir efeito relaxante, seu uso auxilia no alívio de sintomas relacionados a disfunções de sono, tensão muscular, tremedeiras, fadiga e a ansiedade em si. “A cannabis age diretamente nos receptores do sistema endocanabinóide (SEC) do organismo. O SEC é responsável por regular várias funções do corpo humano, incluindo o sono, o humor e a resposta ao estresse, e a ação da cannabis nele ajuda a reduzir a ansiedade e a promover a sensação de relaxamento”, elucida.
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O especialista ainda explica que, quando comparado aos medicamentos alopáticos, a cannabis com uso terapêutico surte menos efeitos colaterais, por ser um produto de origem natural. “Os efeitos colaterais do uso da cannabis podem variar de pessoa para pessoa e dependem de fatores como a dose, a forma de consumo e a sensibilidade individual, contudo, podem ser considerados menos agressivos do que a maioria dos medicamentos químicos”, complementa.
Vale salientar que o CBD deve ser utilizado como parte de um tratamento mais amplo, que pode incluir terapia, mudanças de estilo de vida e, em muitos casos, prescrição de outros medicamentos. “É de suma importância observar que o uso da cannabis para fins medicinais deve ser realizado sob supervisão médica adequada. Cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando os riscos e benefícios específicos. Somente um médico capacitado poderá determinar se a cannabis é uma opção adequada e segura para o paciente”, indica o médico.