A apresentador, atriz e empresária Angélica Ksyvickis Huck contou recentemente sobre a mudança capilar que experimentou após ter filhos e entrar na menopausa. "Sempre tive muito cabelo, desde pequenininha e quando me vi perdendo os fios, foi assustador", conta a apresentadora, que relata que isso mexeu com sua autoestima. Mas Angélica não está sozinha. Muitas mulheres percebem mudanças no cabelo nessa época da vida: textura mais seca, cabelos mais finos e ralos. A mudança hormonal pode ser a chave para entender essa questão.

“Alterações hormonais podem causar queda de cabelo temporária ou permanente. Isso pode ocorrer durante a gravidez, após o parto (eflúvio telógeno pós-parto), durante a menopausa ou como resultado de distúrbios hormonais, como a síndrome dos ovários policísticos”, explica a médica especializada em medicina capilar, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e coordenadora e palestrante em eventos sobre tratamentos capilares, Lilian Brasileiro.

Cerca de metade das mulheres na menopausa notam perda de cabelo acelerada e mudanças na textura nessa fase da vida. "Isso acontece porque os anos anteriores e posteriores à menopausa são caracterizados por mudanças drásticas nos níveis de hormônios sexuais femininos”, explica a endocrinologista, com pós-graduação em endocrinologia e metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ), Deborah Beranger,.



A endocrinologista argumenta que os hormônios femininos são relacionados ao crescimento e boa textura do cabelo e é por isso que, durante a gravidez, quando eles estão em profusão, os fios tornam-se mais bonitos, brilhantes, densos, fortes e com crescimento acima da média. “Durante a gestação, por conta do estímulo dos hormônios femininos nos cabelos, os fios ficam em fase anágena, de crescimento”, diz Lilian. “Os folículos pilosos, que são pequenos órgãos sob a pele que contêm a raiz do cabelo, contêm receptores para hormônios sexuais como estrogênio, testosterona e outros andrógenos. Não há muita pesquisa conclusiva sobre como os hormônios sexuais femininos afetam especificamente o cabelo. No entanto, alguns estudos preliminares em camundongos e em células da pele sugerem que o estrogênio afeta o crescimento do cabelo, possivelmente estimulando-o, e também pode ser responsável por manter o diâmetro de cada fio de cabelo”, diz a médica.

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Segundo Deborah, outros hormônios, principalmente a testosterona, que tem sido mais estudado, são responsáveis pela produção de sebo, que são óleos que nutrem e hidratam o couro cabeludo e a haste capilar (a parte do cabelo que fica acima da pele). “Durante a menopausa, esse hormônio também pode ser jogado fora de sintonia, possivelmente levando a um couro cabeludo cada vez mais seco e escamoso e a cabelos mais quebradiços”, aponta.

Que outros fatores podem alterar o cabelo?

A endrocrinologista diz que, em muitos casos, as alterações hormonais relacionadas à menopausa podem exacerbar um problema de cabelo que já era pré-existente. “Situações de estresse físico ou emocional, que elevam o cortisol, podem levar a uma situação de queda temporária. Esse hormônio do estresse consome a proteína que ancora o fio dentro do folículo capilar. Geralmente, a perda de cabelo ocorre cerca de dois a três meses após o evento estressante”, explica Deborah.

“Deficiências nutricionais também estão relacionadas. Uma dieta pobre em nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais e proteínas, pode levar ao enfraquecimento dos fios e à queda de cabelo. Deficiências de ferro, zinco, vitamina D, vitamina B12 são as mais comuns. Também podemos citar algumas condições médicas, como doenças da tireoide, doenças autoimunes, infecções do couro cabeludo ou desequilíbrios hormonais, que podem afetar a saúde do cabelo e causar queda e afinamento capilar”, acrescenta Lilian. Tratamentos médicos, como quimioterapia, radioterapia e certos medicamentos utilizados para tratar condições crônicas, podem levar à perda de cabelo temporária ou permanente, segundo a especialista.

Outro fator importante na mudança do cabelo ao longo do tempo é a genética. “Sempre pergunto aos meus pacientes sobre o histórico familiar, e muitas vezes alguém com queda de cabelo de padrão feminino diz: 'Ah, sim, minha mãe na casa dos 40 ou 50 anos tinha o mesmo padrão de queda de cabelo'”, complementa Deborah.

O afinamento dos fios pode deixar a mulher careca?

Lilian Brasileiro explica que, nas mulheres, logo no início da calvície, a primeira impressão é que o cabelo perdeu peso e volume, já não cresce mais, até que progressivamente a rarefação chega ao ponto de expor ou esboçar o esbranquiçado do couro cabeludo. “O cabelo ralo e fino é mais comum na parte superior da cabeça, na linha média do cabelo, mas também pode acometer a coroa e acontece de maneira difusa, sem provocar clareiras ou falhas circulares e bem definidas. Existem vários graus de alopecia e a exposição do couro cabeludo é determinada pela gravidade da alopecia, mas a mulher raramente fica com a careca lisa e brilhante como a do homem”, diz.

Quais são as maneiras de gerenciar essas mudanças de cabelo?

Quanto mais cedo a mulher procurar ajuda para mudanças no cabelo, melhores serão os resultados das intervenções, segundo a endocrinologista. “A primeira coisa que você deve fazer quando notar queda de cabelo ou mudanças na textura do couro cabeludo é pedir a um médico endocrinologista ou dermatologista um exame completo e um exame de sangue para descobrir se as mudanças são hormonais ou se existem outros fatores”, elucida Deborah.

Para algumas mulheres, a terapia hormonal – que é usada regularmente para controlar outros sintomas da menopausa, como ondas de calor e névoa cerebral – pode ajudar nas mudanças capilares, mas não há dados reais sobre a eficácia dessa opção, segundo Deborah Beranger.

Os métodos testados e comprovados para reduzir a queda de cabelo são eficazes, mesmo que a perda de cabelo esteja relacionada à menopausa, conforme Lilian. “Um clássico da dermatologia, o minoxidil tópico aumenta a circulação do couro cabeludo e prolonga a fase de crescimento do cabelo, conhecida como fase anágena, estimulando a atividade dos folículos capilares. Algumas deficiências nutricionais podem contribuir para a queda de cabelo. Suplementos orais contendo vitaminas e minerais essenciais, como vitamina D, zinco, ferro e ácido fólico, podem ajudar a melhorar a saúde do cabelo e estimular o crescimento capilar. No entanto, é importante consultar um médico antes de iniciar qualquer suplementação para garantir que você esteja tomando as doses corretas. Lasers e terapia regenerativa também entram no rol de tratamentos. O mais importante é buscar auxílio de um médico”, recomenda Lilian.

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