Todos os dias surgem novos procedimentos estéticos e cirurgias plásticas, com soluções inovadoras para os mais diversos problemas, inclusive para algumas alterações específicas e difíceis. A busca por esse tipo de procedimento mais personalizado para cada paciente é uma tendência cada vez maior no universo da cirurgia plástica, por diversas razões, como o avanço das técnicas cirúrgicas, que permitem o acesso menos invasivo de regiões específicas, o aumento da demanda por parte dos pacientes, que buscam soluções para as mais diversas queixas estéticas, e a maior popularização da cirurgia plástica, muito influenciada pelas mídias sociais, fazendo com que os cirurgiões se sintam impelidos a desenvolver técnicas para solucionar essas demandas.
Pescoço, uma demanda antiga
O rejuvenescimento do pescoço é um desejo de muitos pacientes, mas representa um grande desafio. Já é possível tratar a região de maneira eficaz com o lifting Deep Plane. Essa técnica tem ganhado popularidade para a realização de lifting facial, pois permite o reposicionamento de todas as camadas do rosto que sofrem com o envelhecimento, incluindo pele, músculos e ligamentos, assim rejuvenescendo a região de forma natural. Mas também pode ser realizada para combater a flacidez na região do pescoço. “Assim como reposicionamos todas as camadas da região da face a partir de uma dissecção profunda da musculatura facial, no pescoço conseguimos reposicionar, além da pele, um músculo chamado platisma para reduzir a flacidez e melhorar o contorno facial”, explica a cirurgiã plástica membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da International Society of Aesthetic Plastic Surgery (Isaps), Beatriz Lassance, que diz que, dessa forma, é possível conquistar um rejuvenescimento natural do pescoço com resultados mais harmônicos e maior eficiência e durabilidade. “Uma vantagem é que, como pele e musculaturas são reposicionadas em conjunto, há menor chance de surgirem irregularidades na superfície do pescoço, o que é muito comum na lipoaspiração de papada, por exemplo”, destaca a médica.
Esculpir a silhueta corporal
Para quem deseja uma cintura mais fina e uma silhueta corporal com formato de ampulheta, a cirurgia de remodelação ou ressecção costal é uma opção com vantagens sobre as técnicas cirúrgicas comumente utilizadas para essa finalidade. “Ao contrário de procedimentos como a abdominoplastia e a lipoaspiração, que consistem apenas no manuseio das partes moles, a remodelação costal é capaz de atuar sobre a parte óssea por meio da retirada parcial das 11ª e 12ª costelas, também chamadas de costelas flutuantes”, afirma o cirurgião plástico membro da Associação Brasileira de Cirurgia Plástica (BAPS), Paulo Michels. Segundo a BAPS, a retirada dessas costelas, quando devidamente indicada, é segura, pois elas não fazem parte da dinâmica de respiração e, por serem removidas parcialmente, a proteção aos órgãos, como os rins, não é prejudicada. Apesar do procedimento ser realizado há décadas por cirurgiões torácicos, as incisões eram grandes, o que limitava seu uso para fins estéticos. Mas isso mudou com o advento do bisturi ultrassônico. “Com o bisturi ultrassônico, é possível realizar duas pequenas incisões muito discretas nas costas, com cerca de 2,5 centímetros, que permitem que o cirurgião retire as partes laterais e anteriores das costelas, preservando os trechos posteriores, de maneira menos traumática do que as técnicas realizadas no passado”, explica.
Máxima definição muscular
As técnicas de lipoaspiração evoluíram muito e hoje, além de aspirarem gordura, também ajudam quem deseja melhorar a definição muscular. Na Lipo HD (High Definition), por exemplo, a gordura é aspirada de maneira estratégica em áreas que escondem a definição da musculatura. “Dessa forma, é possível esculpir as transições do corpo e realçar os contornos de maneira detalhada e precisa para conferir à área tratada um aspecto mais definido e atlético”, explica o cirurgião plástico membro da BAPS, Luiz Carlos Carvalho. Existe também uma evolução mais recente, conhecida como UGraft, que possibilitou o aumento seletivo e customizado dos compartimentos musculares do abdômen, diminuindo a necessidade da lipoaspiração superficial e, consequentemente, as irregularidades, fibroses e alterações na pele. O procedimento pode ser feito no abdômen, músculos deltoides (ombro), peitorais, bíceps e tríceps. “Com a técnica, áreas musculares antes inacessíveis agora podem ter melhor definição. E mesmo pacientes que não têm uma musculatura muito desenvolvida, agora, conseguem um resultado estético mais natural”, destaca o cirurgião.
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Tratamento das dores de cabeça
As evoluções na cirurgia plástica, com o surgimento de procedimentos extremamente específicos, não contribuíram apenas para o tratamento de problemas estéticos. Hoje, por exemplo, é possível aliviar as dores da enxaqueca por meio de um procedimento criado a partir de cirurgias plásticas para a região frontal ou superior da face, quando o médico Bahman Guyuron notou que, após o tratamento, seus pacientes que sofriam com enxaqueca melhoravam das dores causadas pela condição. “Pouco invasiva, a cirurgia de enxaqueca apresenta, em estudos, excelentes resultados que garantem sua eficácia e replicabilidade”, afirma o cirurgião plástico membro da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica e um dos poucos médicos que realizam a cirurgia de enxaqueca no Brasil, Paolo Rubez. O médico explica que o procedimento tem como objetivo descomprimir e liberar os ramos dos nervos trigêmeo e occipital, que são responsáveis pela sensibilidade da face, pescoço e couro cabeludo, mas podem sofrer compressões das estruturas ao seu redor, como músculos, vasos, ossos e fáscias. “Isso gera a liberação de substâncias (neurotoxinas) que desencadeiam uma cascata de eventos responsável pela inflamação dos nervos e membranas ao redor do cérebro, que irão causar os sintomas de dor intensa, náuseas, vômitos, sensibilidade à luz a ao som”, complementa o médico.