Se você pretende viajar de avião com o seu pet, é importante entender as regras e preparo para garantir ao seu bichinho um trajeto tranquilo e seguro. Atualmente é permitido ao tutor transportá-lo ao seu lado, na cabine, ou no bagageiro da aeronave, mas essa tarefa não é das mais simples. “Cada empresa aérea tem regras próprias e restrições de acordo com a espécie (cachorro, gato ou coelho), o porte, a raça e a idade do animal, o que demanda planejamento para cumprir todos os requisitos impostos”, afirma Ticiano Guimarães Leite, professor de medicina veterinária da Estácio BH.



 

Segundo médico veterinário, geralmente cães e gatos de pequeno porte (peso do animal somado ao da caixa de transporte deve ser igual a 7 a 10 kg) podem ser transportados na cabine de passageiros. Animais de médio e grande porte (entre 10 kg e 30 kg ou superior) devem ser transportados no compartimento de carga. “Porém, as regras de peso, tamanho e dimensões da caixa variam de empresa para empresa. Vale lembrar que a maior parte das companhias aéreas não permite que cães e gatos braquicefálicos (aqueles que têm o focinho achatado) sejam transportados no porão em razão da sensibilidade destas raças. Algumas empresas aéreas proíbem totalmente o transporte dessas raças”.

Os animais devem ser acomodados limpos e sem odor desagradável em uma caixa de transporte, chamada de Kennel, regulada pelas companhias aéreas, que seguem diretrizes da Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), como informa o médico veterinário.

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“Essa caixa pode ser comprada em petshops, porém algumas empresas aéreas também a vendem. No site da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) é possível consultar as dimensões que cada companhia aérea permite. Quando for comprar, leve as especificações para medir a caixa na loja. O kennel tem que ser resistente, bem ventilado, com aberturas para garantir a circulação de ar, e com espaço suficiente para que o animal consiga ficar em pé e dar uma volta de 360 graus. Além disso, deve ter uma trava que evite a abertura acidental, interna ou externamente. O compartimento deve ser forrado com jornais e/ou uma toalha para absorver urina e outras secreções – eu recomendo o tapetinho higiênico para cães. À exceção de cães-guia, cães-ouvintes e animais de assistência emocional (ESAN), que não precisam de caixa já que desempenham papéis específicos de auxílio aos seus tutores”, explica Ticiano Guimarães Leite.

No colo ou no assento 

O professor observa que na cabine, o kennel não pode ficar no colo dos tutores ou nos assentos ao lado: “A caixa deve caber embaixo do assento da frente em posição horizontal, sem necessidade de pressionar, sendo que algumas companhias aéreas só permitem as caixas de plástico rígido ou fibra de vidro, outras empresas permitem as caixas flexíveis. No bagageiro da aeronave, obrigatoriamente as caixas devem ser rígidas e ter compartimento alimentício e bebedouro para serem acessados pelo lado externo”, orienta.

Preparando o pet para a viagem aérea

Antes de viajar com o bichinho, deve ser feita uma consulta com um médico veterinário para verificar se ele está em condições de enfrentar uma viagem, e se ele apresenta um perfil calmo e adequado para tal. “Por mais tranquilo, manso e amigável que o pet seja, verifique se ele ficará bem acomodado na viagem, se não ficará estressado. planeje voos diretos com trajetos curtos, o que reduzirá ou controlará a ansiedade dos animais e evitará a desidratação”, sugere o veterinário.

Sedação

“A sedação não é recomendada, e é desencorajada pela Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata), pois pode causar um déficit respiratório, problemas circulatórios e/ou alteração da frequência cardíaca, os animais perdem sua capacidade de se endireitar e o senso de equilíbrio ficando, por isso, susceptíveis a lesões e obstrução das vias aéreas. Em casos específicos a sedação ou tranquilização pode ser realizada por motivos médicos, sob a orientação de um veterinário e a administração de medicamentos – incluindo tempo e a dosagem – deve ser anotada no atestado de saúde, segundo as recomendações da Iata. Devemos lembrar que ficar preso em uma caixa de transporte pode ser uma condição bastante estressante e isso vai exigir um período de adaptação do pet”, descreve Ticiano Guimarães Leite. 

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Outra preocupação bastante comum dos tutores é a adaptação dentro das caixinhas de transporte. “Para que seu pet viaje tranquilo, sugiro iniciar a adaptação com no mínimo 15 dias de antecedência, mas apresentar a caixa ao bichinho 30 a 60 dias antes da viagem. Deixe a caixa aberta e acessível, em um local dentro da casa, para que o animal se acostume. Ofereça alimentos e petiscos dentro da caixa e brinque com o animal dentro do “kennel”. Enquanto o pet está dentro da caixa, feche a porta para que se acostume, e aumente gradativamente o tempo de permanência dentro da caixa. Outra dica é colocar algum brinquedo ou cobertor que o animal goste, ou algum petisco”, ilustra o médico veterinário.

Na véspera da viagem, o Prof. Dr. Ticiano aconselha a reduzir a quantidade de comida, mantendo água suficiente, a levar o cachorro para passear antes de ir ao aeroporto e antes do check-in, a fornecer uma refeição leve cerca de duas horas antes de entrar no avião. “Isso ajuda a acalmá-lo e é uma exigência legal nos Estados Unidos, por exemplo”.

Depois do desembarque 

Segundo o médico veterinário, no caso de transporte no porão, depois do desembarque o tutor deve se dirigir para o departamento de cargas vivas para buscar seu animal, e imediatamente tentar acalmá-lo, fornecer água e alimento e levá-lo para passear nas imediações do aeroporto. 

Documentação necessária 

Ticiano Leite afirma que para voos nacionais é necessário apresentar a carteira de vacinação completa e um atestado de saúde, emitido por um médico veterinário com pelo menos 10 dias de antecedência à viagem.

Em viagens internacionais o atestado de saúde exigido deve conter nome e dados do tutor, raça, nome, idade, origem e pedigree (se houver), também emitido por um médico veterinário com 10 dias de antecedência. “Também é necessário apresentar comprovante de vacinação antirrábica – obrigatória a partir de três meses de vida –, Certificado Veterinário Internacional (CVI), emitido pela Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro) – órgão do Ministério da Agricultura que disponibiliza a emissão do documento de forma eletrônica para o trânsito de cães e gatos para 11 países”, relata.

 “O animal deverá estar com as vacinas em dia e ter um atestado de saúde específico para aquela viagem aérea. O proprietário deve verificar se as vacinas estão atualizadas ou vencidas. Se não for possível comprovar a vacinação antirrábica, por exemplo, é preciso aplicar novamente dentro de um prazo mínimo antes do voo. Em geral, são ao menos 30 dias antes da viagem, mas é melhor consultar a companhia aérea para evitar dúvidas”, completa o médico veterinário.

Passaporte para cães e gatos

Uma opção prática para quem viaja com frequência com o animal é tirar o Passaporte para Trânsito de Cães e Gatos. “Diferentemente do CVI, que deve ser expedido a cada viagem, o passaporte vale para o território nacional e alguns internacionais, como países do Mercosul, Brunei, Colômbia, Gâmbia e Taiwan. O passaporte animal é feito pela Vigiagro desde que o pet tenha identificação eletrônica (microchip), e o prazo de emissão é de 30 dias úteis a partir do momento da apresentação do requerimento à unidade do órgão”, elucida.

“No caso de viagens para Países livres de Raiva, como os da União Europeia e os Estados Unidos, alguns exigem exames de sorologia para a doença infecciosa viral. A sorologia de raiva tem que ser feita três meses antes da viagem, e deve ser constatada a concentração dos anticorpos antirrábicos, que comprovam a vacinação, por soroneutralização. O animal também deve ter um atestado de saúde. Cada país tem requisitos específicos para autorizar o ingresso de cães e gatos em seu território. Portanto, é importante planejar a viagem do animal com bastante antecedência para dispor de tempo suficiente para cumprir as exigências do país de destino, o que, às vezes, pode requerer alguns meses. É responsabilidade do proprietário do animal procurar se informar sobre as exigências junto à Embaixada/Consulado do país de destino”, explica o veterinário.

Transportadoras exclusivas de pets 

Por diferentes razões, há situações em que o tutor não consegue viajar com o pet, optando por uma transportadora de animais por via terrestre. “Para escolher uma transportadora exclusiva de pets o mais importante é pesquisar a sua reputação, verifique no site Reclame Aqui. As próprias companhias aéreas podem indicar empresas especializadas em transporte terrestre de animais, e algumas até oferecem esse tipo de serviço. Procure empresas e sites especializados em turismo com animais, um deles é o Pet-friendly Turismo, que fornece consultoria e orçamento para o transporte de carga viva”, explica Ticiano Leite.

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