Em novembro, as altas temperaturas fizeram BH chegar a quase 40ºC por uma semana. Já no interior de Minas a situação foi ainda mais alarmante: Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, por exemplo, marcou 44,8°C e se tornou a cidade mais quente da história das medições. Neste cenário, que ainda não acabou, a gastroenterologista Karina Camargos, alerta para o risco aumentado de gastroenterite aguda - um tipo de inflamação no tubo digestivo, o qual acomete o estômago e intestinos delgado e grosso. 

“O problema acomete pessoas de todas as idades, mas crianças e idosos são mais suscetíveis às complicações, já que os vômitos e diarreia podem levar à desidratação”, explica Karina. Além disso, a gastroenterologista ainda destaca que os outros sintomas da infecção podem ser dor abdominal, febre, prostração, mal estar e dor de cabeça. 




A especialista que pertence à equipe médica do Hospital Semper, em Belo Horizonte, informa que os períodos de calor são mais propícios para o problema justamente porque as altas temperaturas favorecem a proliferação e disseminação dos agentes causadores da gastroenterite, como vírus e bactérias.

A maioria dos casos é causada por vírus, como Norovírus, Rotavírus, Adenovírus e inclusive a COVID-19. Algumas bactérias mais frequentemente envolvidas são E. coli Salmonella, Shigella e Campylobacter. “A doença é contagiosa, e frequentemente, mais de um familiar apresenta os sintomas”, alerta a gastroenterologista.

Tratamento e prevenção

Na maioria das vezes o tratamento é apenas de suporte, com medicações que aliviam os sintomas e hidratação oral, sem necessidade de tratamentos específicos. “No caso da gastroenterite causada por bactérias ou parasitas, pode ser necessário o uso de antibióticos e antiparasitários para promover a cura”, comenta Karina. 

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Quanto à prevenção, a especialista ressalta que a melhor forma de evitar a doença é se atentar para medidas:

1. Higiene: é essencial lavar sempre as mãos antes de manusear alimentos ou depois, por exemplo, de lidar com animais de estimação e tocar em objetos.

“Uma maçaneta contaminada, um simples cumprimentar de mãos pode apresentar riscos para o indivíduo de contrair uma gastroenterite infecciosa. Por isso, lavar as mãos com água e sabão é crucial”, cita. Caso não haja uma torneira e pia por perto, a estratégia é recorrer à higienização com álcool em gel. “Hoje há diversas opções no mercado de higienizantes para as mãos à base de álcool que podem ser carregados na bolsa”, indica.

2. Consumo: a gastroenterologista também orienta que os alimentos crus sejam consumidos de forma mais rápida, pois a chance deles se contaminarem em uma temperatura ambiente alta é maior.

“Outra sugestão, é evitar alimentos muito manipulados, pois há risco de contaminação, principalmente quando se desconhece a procedência”.

3. Hidratação:  por fim, a médica ressalta sobre a importância do paciente não se desidratar, já que a falta de água no organismo é a principal complicação da gastroenterite.

“O Ministério da Saúde alerta para o risco de complicações, principalmente, em crianças e idosos, caso elas não sejam revertidas rapidamente. Por isso, a recomendação é de que quem apresenta diarreia persistente, vômitos repetidos, dificuldade de manter hidratação oral em domicilio, muita sede, recusa de alimentos, sangue ou pus nas fezes e diminuição da urina, deve procurar atendimento médico”.

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