Sol, areia e mar. Não há combinação melhor para curtir um dia quente de verão. Não é à toa então que a praia é o destino de grande parte das pessoas durante a estação mais quente do ano, principalmente agora, com as temperaturas atingindo índices recordes no Brasil. No entanto, a tradição tipicamente brasileira de passar um dia inteiro na praia exige uma série de cuidados para não colocar a saúde em risco, pois os mesmos fatores que tornam esse ambiente tão agradável, como o clima quente, a areia, uma refeição diferenciada, a água e o sol, também são causa de uma série de complicações.

Veja dicas para que as férias na praia não virem um pesadelo:

Reforce a hidratação

A hidratação do organismo é um dos cuidados mais importantes para aproveitar um dia na praia sem complicações. “A combinação de calor, sudorese e esforço físico favorece a desidratação, que acontece quando a quantidade de água perdida pelo organismo é maior do que a ingerida. E as consequências para a saúde podem ser graves, como alterações do ritmo cardíaco e da pressão arterial, sensação de desmaio iminente e, se persistente, até danos aos rins, fígado e cérebro”, alerta a médica nutróloga diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) Marcella Garcez, que explica que os primeiros sintomas da desidratação incluem sede, boca seca e redução da sudorese, da elasticidade da pele e da produção de urina. E, para a hidratação, a água é insubstituível. “Porém, alguns outros alimentos podem ser utilizados como aliados na hidratação do organismo, principalmente bebidas, frutas, legumes e verduras com mais de 90% de água em sua composição. Em contrapartida, evite o consumo de álcool, pois, por estimular a diurese, também favorece a desidratação, principalmente quando combinado à exposição solar”, aconselha a médica.



Cuidado com a alimentação

Na praia, atente-se à qualidade dos alimentos para prevenir uma intoxicação alimentar. “Alimentos de composição e procedência desconhecidas, preparados fora das normas básicas de higiene e mal embalados ou acondicionados, possuem risco de contaminação, principalmente na praia, já que as altas temperaturas favorecerem as contaminações, então todo o cuidado é bem-vindo. Na dúvida, o melhor é optar por alimentos industrializados, embalados, dentro da validade e bem armazenados”, diz Marcella Garcez. Além disso, é importante evitar alimentos ricos em sal e açúcar, que podem acelerar a desidratação. “Refeições muito elaboradas, com grandes quantidades de gorduras e condimentos, também devem ser evitadas, pois podem causar disfunções digestivas, que são agravadas em dias de calor”, diz a médica nutróloga, que recomenda que, na praia, a alimentação seja leve e fresca. Mas cuidado com as frutas cítricas. “Alimentos como limão, laranja e caju contêm fitoácidos na casca que, quando em contato com a pele exposta ao sol, podem causar queimaduras e manchas, o que é chamado de fitofotodermatose. Então redobre a atenção ao manusear esses alimentos”, alerta a dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Paola Pomerantzeff.

Hidrate a pele

A hidratação da pele também é indispensável, pois, na praia, é maior a exposição a fatores climáticos como o vento, o sol e o calor que podem favorecer o ressecamento. O ideal é apostar em produtos formulados com ativos que restabeleçam as defesas naturais do tecido cutâneo e que possuam ação calmante e um sistema antioxidante avançado. Paola Pomerantzeff recomenda, por exemplo, a vitamina E, que tem ação antioxidante, imunoprotetora e hidratante, além de possuir efeito calmante e suavizante. “Mas, em caso de queimaduras, atente-se aos hidratantes intitulados pós-sol, pois alguns possuem uma consistência espessa e oleosa que cria uma barreira emoliente no topo da pele, aprisionando o calor na camada superior da epiderme e exacerbando a inflamação e a sensação de queimadura”, diz a dermatologista. A hidratação cutânea ainda pode ser potencializada por meio de nutracêuticos, como o FC Oral. “Por conter ômega-3 vetorizado por fosfolipídeo, que possui identidade com a membrana celular, o ativo promove hidratação, restaurando os danos dessa membrana, e melhora a fluidez, permitindo que os nutrientes sejam melhor absorvidos. Além disso, conta com carotenoide, astaxantina e vitamina E para aumentar o status antioxidante da pele, reduzindo a inflamação e auxiliando na hidratação por inibir a perda de água transepidérmica”, diz a farmacêutica, gerente científica da Biotec Dermocosméticos, Patrícia França.

Faça uma esfoliação

Caso a pele não esteja excessivamente sensibilizada devido ao sol, é interessante realizar uma esfoliação antes da hidratação para recuperar o brilho e o viço perdidos devido à exposição à radiação UV. “A esfoliação ajuda a remover as células mortas e impurezas da pele, acelerando a renovação celular e suavizando a superfície do tecido cutâneo, além de aumentar a eficácia dos cosméticos aplicados em seguida”, explica a dermatologista membro da SBD, Lilian Brasileiro. “Porém, é importante ter cuidado ao utilizar o esfoliante, evitando aplicá-lo com muita força para não irritar a pele, o que pode causar vermelhidão, sensibilidade e até piorar manchas, além de promover um efeito rebote na oleosidade”, aconselha a médica. É fundamental ainda escolher um produto adequado que atue de maneira suave.

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E não se esqueça da fotoproteção

Na praia, a fotoproteção da pele é indispensável para evitar que a radiação ultravioleta cause danos celulares responsáveis pelo fotoenvelhecimento precoce e maior risco de câncer de pele. “Um protetor solar adequado deve oferecer amplo espectro de proteção solar, com, no mínimo, FPS 30 e um terço desse valor de PPD ou FP-UVA, que indicam o fator de proteção solar contra a radiação UVB e UBA, respectivamente. O produto deve ser aplicado diariamente com reaplicação a cada duas horas, em média”, explica a dermatologista membro da SBD, Ana Maria Pellegrini. Para uma proteção eficaz, a quantidade de produto aplicada também é importante, e uma dica é seguir a regra da colher. “Uma colher de chá para a cabeça, meia colher de café para a face, uma colher de chá para cada braço, duas colheres de chá para o torso (uma para a frente e uma para as costas) e duas colheres de chá para cada perna (uma para a parte da frente e uma para a parte de trás)”, detalha a especialista.

Os cabelos também precisam de atenção

A radiação solar também favorece a degradação das proteínas que compõem os fios, tornando-os mais fracos e quebradiços. “Além disso, também pode levar a queimaduras no couro cabeludo, causando um processo inflamatório que favorece a queda capilar e o surgimento de câncer de pele na região”, explica o médico pós-graduado em dermatologia clínico-cirúrgica e professor nos cursos de dermatologia, tricologia, transplante capilar (cirurgia capilar) e medicina estética, Danilo S. Talarico. Outro dano importante para os cabelos é causado pelo sal da água do mar, que prejudica a cutícula e diminui a quantidade de proteínas na fibra capilar, favorecendo o ressecamento e a quebra. “Para evitar esses danos, é importante fazer uso de fotoprotetores específicos para os fios. Além disso, molhe os cabelos antes de mergulhar, assim já estarão saturados e absorverão uma menor quantidade de sal; e volte para baixo do chuveiro ao sair da água para retirar qualquer resíduo de areia, cloro ou sal dos fios”, aconselha o médico. Ao final do dia de praia, para recuperar a saúde dos fios, capriche na hidratação com uso de máscaras e ampolas com ativos hidratantes. Outra opção interessante são os leave-ins, um reconstrutor e reparador dos fios capaz de conferir nutrição, hidratação e controle do frizz aos cabelos, além de também atuar como finalizador.

Cuidado com a areia

Na praia, é importante redobrar o cuidado com a higienização e evitar o contato com a areia, principalmente em lugares muito sujos e se for o caso de machucados abertos, para prevenir a contaminação por microrganismos, como a bactéria causadora da erisipela. “Afetando geralmente as pernas, a erisipela é uma infecção da gordura que existe entre a pele e o músculo. A bactéria causadora da infecção penetra no organismo pelo que chamamos de portas de entrada, que são rupturas da pele, como arranhões, machucados, frieiras e unhas encravadas. Se a imunidade estiver baixa, a bactéria consegue se proliferar, gerando vermelhidão, calor, sensação de febre, dor e inchaço na região afetada, além de bolhas em casos mais graves”, explica a cirurgiã vascular, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), Aline Lamaita.

Fique de olho no termômetro

Ir à praia em dias muito quentes pode ser um problema para pessoas que sofrem com certas condições de saúde, como varizes. “O calor favorece a vasodilatação sanguínea e, consequentemente, o inchaço das pernas que, se não for controlado e permanecer por longos períodos de tempo, pode piorar as varizes em pessoas que já sofrem com o problema”, alerta Aline Lamaita. A vasodilatação gerada pelo calor também é um problema para quem sofre com rosácea. “A rosácea é uma doença inflamatória e crônica caracterizada pelo aumento do número de vasinhos na pele, gerando vermelhidão. Logo, quem sofre com o problema deve evitar a exposição ao sol e ao calor, que pode piorar severamente o quadro de vermelhidão”, completa Paola Pomerantzeff. Nesses casos, o ideal é evitar ir à praia nos horários mais quentes do dia e, se for, permanecer na sombra e locais mais frescos.

Não se esqueça da higiene oral

Se você pretende passar um dia inteiro na praia, comendo e bebendo, não se esqueça de realizar a higiene oral após as refeições para prevenir problemas como cáries e doenças gengivais. Para isso, é interessante que você leve um pequeno kit composto de uma escova de dentes, creme dental e escovas interdentais. Existem até mesmo kits portáteis prontos para a higiene oral que podem ser adquiridos em farmácias.

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