Iniciada antes dos 65 anos, a demência de início precoce tem raízes genéticas e hereditárias. Porém, pela primeira vez, pesquisadores identificaram que fatores associados ao estilo de vida também podem influenciar no desenvolvimento da doença, sugerindo bases para novas estratégias de prevenção.
O estudo revelou fatores de estilo de vida, ambientais e de saúde que elevam o risco de demência precoce. São eles: menor escolaridade formal, situação socioeconômica desfavorável, variação genética, transtorno por uso de álcool e isolamento social, e problemas de saúde, incluindo deficiência de vitamina D, depressão, acidente vascular cerebral, deficiência auditiva e doenças cardiovasculares.
Impacto
"Esse é o maior e mais robusto estudo do tipo já realizado. É emocionante, pela primeira vez, revelar que podemos ser capazes de tomar medidas para reduzir o risco desta condição debilitante", comemora David Llewellyn, pesquisador da Universidade de Exeter. Stevie Hendriks, cientista da Universidade de Maastricht, destaca que a demência de início precoce tem um impacto muito sério, porque as pessoas afetadas geralmente ainda têm emprego, filhos dependentes e uma vida agitada. "Muitas vezes, presume-se que a causa seja genética, mas para algumas pessoas não sabemos exatamente o que desencadeia. É por isso que também queríamos investigar outros fatores de risco neste estudo."
Segundo Sebastian Köhler, professor de neuroepidemiologia na Universidade de Maastricht, já se sabia por pesquisas anteriores que, no caso da demência em idades avançadas, como Alzheimer, há uma série de fatores de risco modificáveis. Além disso, a saúde mental é conhecida por desempenhar um papel importante. Por isso, evitar estresse crônico, solidão e depressão são importantes estratégias preventivas. "O fato de isso também ser evidente na demência de início precoce foi uma surpresa para mim. A descoberta pode oferecer oportunidades para reduzir o risco também neste grupo."
Leah Mursaleen, chefe de Investigação Clínica da Alzheimer's Research UK, que cofinanciou o estudo, acredita que o mundo está testemunhando uma transformação na compreensão do risco de demência e, potencialmente, na forma de reduzir as probabilidades de desenvolvimento da condição. Nos últimos anos, observa, há um consenso crescente de que o declínio cognitivo está associado a pelo menos 12 fatores específicos modificáveis, como tabagismo, pressão arterial e perda auditiva. "Agora é aceito que até quatro em cada 10 casos de demência em todo o mundo estão ligados a estes fatores."