Começar o ano com o pé direito é um anseio de todos. E, para muitos casais tentantes – assim chamados pois estão na expectativa de engravidar – a notícia mais esperada é o nascimento de um bebê saudável. “Cerca de 85% dos casais concebem dentro de um ano de tentativa. Muitas vezes, eles são capazes de engravidar em apenas alguns meses. Os 15% que não engravidam em um ano certamente têm problemas na saúde reprodutiva ou de fertilidade – e devem buscar ajuda de um especialista”, explica o especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, Fernando Prado. “Normalmente, quando um casal busca uma clínica especializada, eles já estão tentando engravidar sozinhos no mínimo há seis meses, mas muitas vezes são anos de tentativas frustradas. E tempo é gravidez. Quanto mais se espera para procurar ajuda médica especializada, mais difícil pode ser para engravidar”, complementa o médico. Em muitos casos, apenas ajustes no estilo de vida já dão um bom resultado.
Muito do que é possível ser feito está na alimentação. “Limitar o consumo de carne ultraprocessada ajuda a melhorar a saúde reprodutiva. Em contrapartida, comer mais peixes ricos em ácidos graxos ômega-3 ou proteínas vegetais pode melhorar a ovulação”, diz Fernando. “Tomar suplementos contendo ácido fólico (orientados por um especialista) e outras vitaminas para melhorar a ovulação também traz benefícios. E, quando você engravidar, eles irão prevenir defeitos congênitos”, completa.
Para quem está tentando engravidar, uma dica é tomar cuidado com substâncias químicas nocivas no trabalho ou na vida diária, como o chumbo ou fumaça de cigarro, que podem diminuir a qualidade do esperma. A fertilidade das mulheres também pode ser afetada pela exposição a produtos químicos. “Existem muitos compostos em nosso ambiente que podem prejudicar sua saúde reprodutiva. Por exemplo, alguns produtos químicos usados em produtos de beleza ou pesticidas em nossos alimentos, ou até mesmo BPA, um produto químico usado em plásticos para fazer garrafas de bebida. Eles são chamados de disruptores endócrinos, ou seja, eles bagunçam a produção hormonal e isso afeta a fertilidade”, explica o médico. As pessoas que podem estar expostas a produtos químicos no trabalho devem usar roupas de proteção, luvas e máscaras para evitar o contato com toxinas.
Nesse mesmo caminho, o especialista sugere não fumar e não beber, manter um peso corporal adequado (estar acima ou abaixo demais pode impactar a fertilidade) e tentar ao máximo ter um sono de qualidade, reparador, de seis a oito horas. “É importante também tentar evitar o trabalho noturno, que pode atrapalhar a produção de hormônios”, afirma.
Mesmo algumas mudanças simples em sua dieta e estilo de vida podem melhorar as chances de concepção. “Comece com o básico, como os alimentos que você come, sua qualidade de sono e controlando os níveis de estresse. Pratique atividade física e evite os vícios de álcool e cigarro”, ensina Fernando. Quanto aos exercícios físicos, são recomendados, mas sem exageros. “O excesso de exercício pode interferir na ovulação. Limite o exercício vigoroso a cinco horas ou menos por semana se estiver tentando engravidar."
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Ter relações sexuais frequentes, especialmente dois dias antes e dois dias depois da ovulação, também ajuda. O médico pede um cuidado extra com saunas e a exposição ao calor, o que pode diminuir a contagem de espermatozoides nos homens. “Para eles, indicamos usar roupas íntimas folgadas, evitar banheiras de hidromassagem e não descansar o laptop perto da região genital”, recomenda Fernando.
Tratamentos médicos
Exames e resultados de testes ajudam o médico a personalizar o plano de tratamento. Primeiro, ele pode prescrever medicamentos para melhorar a ovulação e, no caso dos homens, para aumentar a produção de espermatozoides e sua qualidade. “Além disso, a inseminação intrauterina (IIU) pode ser indicada. Nesse procedimento, os espermatozoides são colocados no útero na época em que um óvulo é liberado. Ao final de quatro ciclos de ovulação, esses tratamentos juntos têm uma taxa cumulativa de gravidez de 30% a 35%”, diz. “Mulheres com pólipos endometriais, tecido cicatricial ou miomas no útero ou aderências pélvicas podem precisar de cirurgia para melhorar as chances de concepção. Homens com obstrução no trajeto dos espermatozoides, como no caso da vasectomia, por exemplo, podem fazer uma cirurgia de reversão para restaurar o fluxo normal ou mesmo uma punção para obter os gametas”, acrescenta o médico.
A fertilização in vitro (FIV) também é uma possibilidade, que pode ser a primeira escolha em alguns casos, como obstrução das tubas uterinas, por exemplo. “A fertilização in vitro é a tecnologia de reprodução assistida mais comum. Seu médico estimulará seus ovários a produzir óvulos, que são então recuperados e fertilizados com o sêmen em laboratório. Alguns dias após a formação dos embriões, eles são transferidos para o útero”, conta o médico. “Acima de tudo, não desista do seu sonho de constituir família. A medicina evoluiu muito, possibilitando novas formas de melhorar a saúde reprodutiva”, aponta o especialista.