O jornalista e ex-âncora da Rede Globo e CNN Brasil, Evaristo Costa, está hospitalizado em uma UTI em Cambridge, Inglaterra, onde reside, devido a uma crise relacionada à doença de Crohn. Diagnosticado com o quadro inflamatório intestinal há quatro anos, Evaristo está sob cuidados médicos desde sexta-feira (12), com uma evolução positiva, mas ainda sem previsão de alta.
A nota publicada nas redes sociais do apresentador informa sobre a melhora em seu estado, mas destaca a necessidade de continuar o tratamento intravenoso. “O meu diagnóstico de Crohn é relativamente novo, descobri há 4 anos. Vê-se que ainda não aprendi como conviver e controlá-lo. Mas chego lá! Sigo com minha resistência imunológica na ‘sola do pé’. Dessa vez fui surpreendido com uma sepse urinária. Ainda bem que me mexi a tempo e estou recebendo o tratamento adequado num hospital de excelência do NHS (gratuito)”, diz a nota.
Segundo a especialista do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (CIGHEP), Paula Senger, é essencial identificar os sintomas precocemente e buscar o tratamento adequado para garantir maior sucesso no tratamento. "A doença inflamatória intestinal é uma condição crônica e progressiva, caracterizada por ativações imunes e consequentes inflamações no trato gastrointestinal. As principais são a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn", explica a gastroenterologista.
Doença não tem cura
Dados da Sociedade Brasileira de Coloproctologia apontam um aumento significativo na incidência de doenças inflamatórias intestinais (DIIs) no Brasil, afetando principalmente pessoas entre 15 e 40 anos. Estima-se que o Sistema Único de Saúde (SUS) registre cerca de 100 casos para cada 100 mil habitantes. As DIIs, como a doença de Crohn, são crônicas e imunomediadas, desencadeando respostas inflamatórias anormais no trato gastrointestinal.
Os sintomas mais comuns das doenças inflamatórias intestinais (DIIs) incluem dor abdominal e diarreia, sangramento nas fezes, emagrecimento, anemia e febre. Na doença de Crohn, podem ocorrer também fístulas e abscessos perianais. O diagnóstico das DIIs é realizado por meio de uma combinação de sintomas clínicos, exame físico e exames complementares, como análises de sangue, fezes, colonoscopia, ressonância magnética ou tomografia específica para o intestino.
Embora o tratamento clínico seja a primeira abordagem na maior parte dos casos, a cirurgiã e coloproctologista Mariane Savio, também especialista em doenças inflamatórias intestinais no CIGHEP, destaca que, em alguns casos, pode ser necessária a intervenção cirúrgica, especialmente em pacientes com doença de Crohn.
"Mais da metade dos pacientes com doença de Crohn precisarão de algum procedimento cirúrgico em algum momento da vida, seja para a remoção de partes do intestino ou para tratar complicações na região perianal", ressalta a médica.
No entanto, a cirurgiã enfatiza que o tratamento cirúrgico não significa o fim do tratamento, mas sim um importante passo para atingir a remissão da doença. Acompanhamento médico regular é essencial para monitorar a resposta ao tratamento e realizar ajustes, se necessário. Ela também ressalta que a abordagem multidisciplinar, com a participação de gastroenterologistas e coloproctologistas, é fundamental para o sucesso no tratamento das DIIs.
Novos tratamentos
O tratamento das DIIs é contínuo e visa controlar a inflamação intestinal, prevenir a progressão da doença e evitar a necessidade de cirurgias. Opções de tratamento incluem corticoides, imunossupressores e medicamentos biológicos.
Com os avanços da medicina, novos medicamentos imunobiológicos têm sido desenvolvidos, oferecendo mais opções de tratamento para os pacientes. "Hoje temos também 'pequenas moléculas', de administração oral, que têm se mostrado eficazes no controle da inflamação intestinal, complementando os medicamentos biológicos já disponíveis", destaca Mariane Savio.
Segundo as especialistas, é fundamental que a pessoa esteja atenta aos sintomas e busque auxílio médico especializado para investigar possíveis casos de doenças inflamatórias intestinais. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, melhores serão as respostas aos medicamentos e menores serão as chances de complicações e necessidade de cirurgias no futuro.
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