Levantamento do Ministério da Previdência Social aponta que a hérnia na virilha (inguinal) afastou temporariamente 29.749 trabalhadores brasileiros dos seus postos de trabalho ao longo de 2023, sendo a oitava maior causa de benefício por incapacidade temporária.
Segundo informações da Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH) as hérnias são aberturas na musculatura do abdômen que permitem a passagem de uma porção de órgão - geralmente o intestino - ou gordura através deste espaço e acontecem principalmente na virilha, no umbigo e na cicatriz de uma cirurgia anterior.
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Para o cirurgião presidente da entidade, Gustavo Soares, o afastamento das atividades laborais pode acontecer em situações consideradas graves: “Hérnias grandes e volumosas, que provocam dor incapacitante em pacientes que trabalham levantando peso podem ter a indicação de afastamento das atividades, mas a avaliação precisa ser feita de forma individualizada de acordo com cada caso”, ressalta.
Dados da SBH apontam que as hérnias na virilha tem alta prevalência, representando 75% das hérnias da parede abdominal e que 20% dos homens vão apresentar a alteração em algum momento da vida, assim como 3% das mulheres.
Ligação entre o abdômen e os testículos
Ainda conforme Soares, os homens são mais atingidos pois o tipo mais comum de hérnia na virilha ocorre no ponto de ligação entre o abdômen e os testículos: “Afeta a zona de junção entre a coxa e a parte inferior do abdome, onde existe uma abertura natural por onde passam os vasos e nervos para os testículos, a transformando em uma área mais frágil”, destaca.
As mais volumosas podem descer em direção aos testículos e são chamadas de hérnia inguinoescrotal.
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Também ocorre na virilha as hérnias femorais, essas mais raras e mais comuns em mulheres.
Causas e sintomas
O vice-presidente da SBH e cirurgião, Heitor Santos ressalta que entre as causas da doença estão a obesidade, diabetes descontrolada, tosse crônica e constipação intestinal: “O principal sintoma é dor no local que geralmente é acompanhada por uma bolinha. Em muitos casos é possível fazer o diagnóstico em consulta, com exame clínico e ter mais informações sobre a hérnia do paciente através de exames de imagem”.
A cirurgia é a única forma possível de tratamento, complementa Heitor. “Como é uma abertura na musculatura não há outra forma de fechar esse espaço sem ser com cirurgia, a sutura dos tecidos. Também utilizamos uma prótese, no formato de tela, para evitar a recidiva do problema”.
Dados
De acordo com informações divulgadas pelo DataSus foram feitas 166.131 cirurgias para correção de hérnias inguinais em todo o Brasil, de janeiro a novembro de 2023. A região Sudeste foi a que mais atendeu pacientes, com 65 mil cirurgias.
De todos os casos, 23 mil foram atendidos em caráter de urgência, ou seja, 13% dos casos.