É de conhecimento geral que, para a prática esportiva, é importante utilizar um tênis específico. Porém, os tênis esportivos não são todos iguais e muito menos devem ser escolhidos apenas pela estética. “O calçado deve oferecer estabilidade, possuir um tamanho adequado para seu pé e, claro, ser confortável. Além disso, o tênis escolhido deve estar de acordo com o seu tipo de pé e pisada, a atividade física que será praticada, o solo e a qualidade do amortecimento”, explica o ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Marcos Cortelazo, que alerta que a prática de exercícios físicos com calçados inadequados leva a um aumento no impacto sobre as articulações, acarretando em desconfortos e dores.

Mesmo a caminhada e a corrida, por mais similares que possam parecer, exigem tênis com características distintas para serem praticadas com segurança. “Os tênis para corrida, no geral, são mais leves e possuem um sistema de amortecimento mais sofisticado. Já os tênis de caminhada, além de serem mais pesados, costumam ter solas mais robustas”, diz o médico, que acrescenta que é importante atentar-se também ao solo para qual o calçado é projetado, já que pode ter composição, tamanho e estrutura de acordo com o local onde o exercício será praticado, por exemplo, na areia, na neve ou em montanhas. Realizar esse tipo de atividade física sem calçados, recomenda o especialista, está fora de cogitação. “Correr descalço aumenta o impacto sobre as articulações e sobre uma estrutura chamada fáscia plantar, o que pode levar a dores articulares e a famosa fascite plantar, causa frequente de dor e limitação. Existe também o risco de traumas nas partes moles, com cortes e ferimentos”, alerta.



Outra atividade física comum que exige um tênis específico é a musculação. “Os tênis projetados para a prática de musculação devem proporcionar estabilidade e suporte durante exercícios de levantamento de peso e treinamento de força. Por isso, suas principais características são: sola plana, suporte no calcanhar, parte superior resistente, ajuste firme e flexibilidade adequada”, aconselha Marcos, que, novamente, ressalta que o exercício não deve ser realizado sem calçados. “Praticar musculação descalço aumenta o risco de traumas diretos e, principalmente, de instabilidades, podendo levar a torções com traumatismos articulares e até lesões de ligamentos do pé e tornozelo, dependendo da demanda e da carga praticada nos exercícios.”

Dada a variedade de atividades físicas existentes e tipos de tênis disponíveis no mercado, na dúvida, o melhor é buscar a orientação de um ortopedista, que poderá recomendar a melhor opção para cada caso. “Vale ressaltar ainda que o uso de meias, apesar de não ter influência na questão do impacto, é recomendado, pois, caso contrário, pode ocorrer fricção (atrito) sobre determinadas saliências dos pés, com surgimento de bolhas, feridas ou calosidades”, acrescenta.

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Marcos Cortelazo afirma ainda que é importante também prestar atenção à vida útil do tênis, que pode variar de acordo com uma série de fatores. “A vida útil de um tênis de corrida, por exemplo, depende de questões como frequência de uso, distância percorrida, superfície em que é usado, peso do corredor, qualidade do amortecimento e até biomecânica individual. No geral, estima-se que um tênis de corrida dure, aproximadamente, 480 a 800 quilômetros. A taxa de impacto de um corredor começa a aumentar com 65% da vida útil sugerida e aumenta drasticamente após 110%”, detalha o médico, que explica que sinais que indicam o fim da vida útil de um tênis incluem desgaste da sola, perda do amortecimento, mudança no padrão da pisada e surgimento de desconforto ou dor. “Para fazer os tênis durarem mais, uma ótima dica é realizar o rodízio dos pares, o que aumenta consideravelmente sua vida útil”, ensina o ortopedista.

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