Começo de ano é tempo de verão e carnaval. Essa época é marcada, também, pelo aumento da pressão estética e muitas pessoas buscam formas de perder peso rápido para tentar alcançar o corpo perfeito. Começam a aparecer dietas com restrições calóricas severas, exclusão de grupos alimentares importantes e métodos difíceis de serem sustentados por muito tempo, o que não contribui para a saúde e o emagrecimento saudável.

De acordo com estudo realizado pela Universidade Anglia Ruskin, o Brasil está entre os dez países com menos confiança no corpo no mundo e, em pesquisa feita pelo Globo Repórter em 2022, 61% dos entrevistados tentaram algum tipo dieta para emagrecer e se sentir melhor com o corpo. Dentre eles, 61% não tiveram acompanhamento médico ou nutricional e apenas 43% conseguiram chegar ao peso desejado.



Nutricionista e responsável pelo Bio Nutri, programa de nutrição da Bio Ritmo, rede de academias high end, Fúlvia Hazarabedian explica que a busca obsessiva e a pressão estética para se encaixar nesse padrão de beleza podem trazer riscos à saúde. “Ser saudável é muito mais que ter um corpo que se encaixe ao padrão de beleza e sim, um corpo que se exercita com frequência e que se alimenta de todos os nutrientes e vitaminas que precisa, de forma balanceada”, comenta.

A nutricionista explica que os riscos de dietas restritivas estão interligados. São eles:

Deficiência nutricional

Um dos principais riscos dessas dietas é a deficiência nutricional. Muitas indicam a exclusão de grupos alimentares inteiros, como carboidratos. A retirada desse componente do prato pode levar a sintomas como desmaios, já que os carboidratos são a principal fonte de energia. Além disso, a depender da restrição, problemas sérios de saúde podem ser ocasionados, como anemia, osteoporose, entre outros.

Saúde mental

Com a deficiência nutricional, o cérebro e as outras partes do corpo não conseguem funcionar corretamente e podem não conseguir produzir hormônios importantes, aumentando a ansiedade, o sentimento de culpa, e a relação negativa com a comida, contribuindo para o surgimento de distúrbios alimentares.

Leia: Compulsão alimentar: diagnóstico e como tratar a doença

Efeito sanfona

Como um risco leva ao outro, a deficiência nutricional combinada à saúde mental abalada leva muitas pessoas a voltar a se alimentar sem nenhuma restrição e parâmetro, podendo desenvolver uma compulsão alimentar e ocorre o famoso efeito sanfona, que pode durar muitos anos, prejudicando o metabolismo e a saúde do paciente, que nunca vai conseguir realmente alcançar o efeito desejado.

Após enumerar os riscos inerentes às dietas malucas, Fúlvia dá dicas de como conquistar consistência nos cuidados com a saúde:

Equilíbrio

Não é necessário excluir grupos alimentares para emagrecer. O equilíbrio entre eles é essencial para uma boa saúde. Alguns alimentos podem ajudar nesse processo, como a aveia e a quinoa, que dão saciedade rápida e duradoura. Além de proteínas e fontes de gorduras boas, como abacate e castanhas. Para entender melhor o que seu corpo necessita e qual é a melhor maneira de conduzir isso, converse com uma nutricionista ou médico.

Atividades físicas

Combine uma dieta equilibrada com atividades físicas regulares. O exercício contribui não só para o controle de peso, como também auxilia na saúde cardiovascular, muscular e mental.

Durante a prática liberamos os cinco principais hormônios: a endorfina e serotonina, responsáveis pela sensação de bem-estar e felicidade; a adrenalina, que acelera a queima de calorias; a somatotrofina, que estimula a queima de gordura e fortalece o crescimento dos tecidos e da fibra muscular; e também o cortisol, que ajuda na diminuição dos efeitos do estresse.

Autoaceitação

É preciso entender que cada corpo é único e temos metabolismos diversos e tipos de corpos diferentes também. Antes de tudo precisamos nos aceitar e nos amar como somos e como podemos ser de forma realista. A saúde deve ser o objetivo principal na busca de um corpo perfeito.

“A saúde é um processo contínuo e a abordagem mais eficaz é adotar práticas sustentáveis e positivas em relação à alimentação e ao corpo. Se tiver dúvidas específicas ou precisar de orientação, é recomendável consultar um profissional de saúde, como um nutricionista ou médico. Além disso, a pressão estética não pode tomar espaço em nossas vidas. Precisamos construir um novo olhar sobre nós mesmos e entender que cada processo é único, assim como nós”, ensina Fúlvia.

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