No verão, que vai até o dia 20 de março, além da elevação das temperaturas é comum a ocorrência de chuvas de curta duração e de forte intensidade, o que aumenta os riscos de enchentes, alagamentos, transbordamento de esgotos e rios e de deslizamentos de terra. Com isso, crescem também o número de casos de leptospirose, doença transmitida pelo contato com a urina de ratos, hepatite A e doenças diarreicas agudas (DDA).



Para auxiliar nos cuidados com a saúde no período mais chuvoso do ano, o infectologista e coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Filipe Piastrelli, orienta como se proteger.

De acordo com o Ministério da Saúde, entre janeiro e novembro de 2023, o país registrou cerca de 2 mil casos de leptospirose e mais de 180 mortes. Para evitar a transmissão da doença é importante minimizar ao máximo o contato com a água suja e barrenta. Além disso, sair rapidamente do ambiente atingindo é fundamental para que as bactérias não penetrem na pele, afirma o especialista.

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Os principais sintomas da leptospirose são dores pelo corpo principalmente nas panturrilhas, febre, icterícia rubínica (coloração amarelada na pele e nos olhos, que por vezes podem ficar avermelhados) e dor de cabeça. O período de incubação da doença pode chegar a até 30 dias, mas normalmente os sintomas se manifestam entre 7 e 14 dias após a exposição ao risco. O diagnóstico da doença é feito por meio de exame de sangue.

O tratamento da leptospirose consiste no uso de antibióticos e medidas de suporte clínico, muitas vezes requer internação hospitalar. “A qualquer sinal dos primeiros sintomas é importante procurar um médico e relatar o contato com a enchente, para que seja feita uma melhor avaliação clínica para a possibilidade de leptospirose e o tratamento seja instituído precocemente caso seja pertinente. A leptospirose pode evoluir com comprometimento renal, hepático e pulmonar e até mesmo levar à morte”, explica o infectologista.

Já a hepatite A é uma infecção causada pelo vírus A da hepatite (HVA) e que pode ser contraída quando há o consumo de alimentos ou líquidos contaminados. Os primeiros sintomas da doença são perda de apetite e dores abdominais. É importante lembrar que é possível evitar essa doença por meio da vacinação.

As doenças diarreicas agudas são caracterizadas por uma infecção gastrointestinal, que pode ser causada por diferentes agentes, como bactérias, vírus ou parasitas. A doença altera a consistência das fezes, que fica aquosa ou pouco consistente, e há o aumento do número de evacuações em 24 horas, quadro que pode ser acompanhado de vômitos.

Segundo Filipe Piastrelli, essas doenças aparecem de forma silenciosa e por isso, as pessoas que tiveram contato com água contaminada devem procurar ajuda médica o quanto antes.

Dengue, zica e chikungunya

Os períodos de chuvas intensas, aumenta a preocupação dos especialistas também com a proliferação dos casos de dengue, zica e chikungunya, que são provocadas pelo mosquito Aedes aegypti, cuja reprodução é maior durante a estação mais quente do ano.

De acordo com dados divulgados pelo Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo, até a primeira quinzena de dezembro deste ano, foram registrados cerca de 316 mil casos de dengue, 2 mil de chikungunya e quatro de zika.

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Os principais sintomas dessas doenças são febre alta, manchas na pele, dor de cabeça e dores pelo corpo, principalmente nas articulações. Quem apresenta esses sintomas deve procurar atendimento médico, pois são doenças potencialmente graves.

“A principal forma de prevenção é eliminar pontos que podem acumular água parada e que provocam o surgimento de poças de água, locais propícios para a proliferação das lavas do mosquito transmissor dessas três doenças. Para isso, é importante manter caixas d´água bem tampadas, evitar o acúmulo de lixo, fazer a limpeza frequente de ralos, calhas além de eliminar pratos em vasos de plantas”, reforça Filipe. 

O que fazer em casos de enchentes

  • Caso você tenha sido vítima de uma inundação, a limpeza dos ambientes atingidos deve ser feita quando a água baixar e sempre com o uso de protetores como luvas, botas impermeáveis ou sacos plásticos duplos para pernas e braços.
  • O que não puder ser recuperado deve ser descartado e o barro que permanecer nos ambientes, utensílios, móveis e outros objetos deve ser removido usando escova ou vassoura, sabão e água limpa. Para a limpeza de ambientes e superfícies deve-se utilizar produtos à base de hipoclorito de sódio (como água sanitária).
  • Todos os alimentos que tiveram contato com a água das enchentes devem ser jogados fora, pois mesmo quando lavados e secos, ainda podem estar contaminados.
  • Atenção com as crianças, elas não devem jamais brincar com a água suja das poças e inundações.
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