Pesquisa recente publicada na revista Nature Aging, liderada por Betty Tijms, da Universidade Livre de Amsterdã, revelou cinco variantes biológicas distintas da doença de Alzheimer. O estudo, que envolveu a análise do líquido cerebrospinal de mais de 400 pacientes, mostrou que cada variante afeta o cérebro de maneira diferente e responde de forma única aos tratamentos. Essa classificação ajuda a compreender a progressão individual da doença, apontando para a necessidade de abordagens de tratamento personalizadas.

A equipe de Tijms descobriu que as variantes da doença diferem significativamente, desde variações na produção de amiloide até alterações na barreira sangue-cérebro. Cada subtipo possui características exclusivas e um perfil genético de risco distinto, afetando diferentemente os resultados clínicos e os padrões de atrofia cerebral.

A descoberta sugere que tratamentos específicos para cada subtipo de Alzheimer podem ser mais eficazes, destacando a importância de uma abordagem personalizada. A identificação da variante específica de Alzheimer em cada paciente poderá melhorar a eficácia dos tratamentos e abrir novos caminhos para combater esta doença complexa.



De acordo com a médica geriatra Simone de Paula Pessoa Lima, da empresa especializada em home care, Saúde no Lar, estudos como esse são fundamentais devido à prevalência e ao impacto significativo dessa condição em idosos. “Como o estudo relata, existem formas diferentes de desencadear o processo de Alzheimer. Essas causas distintas geram também subtipos clínicos diferentes. Um paciente com doença de Alzheimer pode ter sintomas diferentes de outro que também possui essa doença. Tem sintomas que serão semelhantes a todos, claro, até para podermos dar o mesmo diagnóstico, mas algumas características serão diferentes e a condução/tratamento pode passar a ser diferente no futuro.”

A doença de Alzheimer (DA) é caracterizada por um distúrbio neurocognitivo progressivo, sendo a principal causa de demência em idosos. Ela é responsável por cerca de 60% dos casos de demência, tornando-se o distúrbio neurodegenerativo crônico e incurável mais comum à população mundial.

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Simone explica que a doença apresenta uma patologia multifatorial, influenciada tanto por fatores ambientais (diabetes mellitus, acidente vascular cerebral, obesidade, tabagismo, sedentarismo, dieta inadequada e depressão) quanto por fatores genéticos e diretamente ligado à idade. “O diagnóstico é complexo, com muitos pacientes sofrendo subdiagnóstico devido à dificuldade de identificar sintomas iniciais, levando frequentemente a diagnósticos tardios.”

A geriatra conta que, fisiopatologicamente, a doença de Alzheimer é caracterizada pela agregação das proteínas beta-amiloide (A) e alterações patológicas da proteína tau. Essas alterações estão associadas a danos cognitivos e a baixos níveis do neurotransmissor acetilcolina no cérebro dos pacientes.

Quanto aos sintomas, a geriatra explica que, na fase inicial, a doença é marcada por perda de memória e prejuízo na aprendizagem, podendo ser acompanhada de dificuldades motoras. Nos estágios mais avançados, observa-se uma diminuição da capacidade executiva, motora e de linguagem, além de um impacto devastador na cognição.

“No tratamento, é crucial considerar que cada paciente pode apresentar sintomas e progressão diferentes. Isso implica a necessidade de uma abordagem individualizada no tratamento, que pode incluir medicamentos, terapias e suporte para melhorar a qualidade de vida e gerenciar sintomas”, recomenda.

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