O quadro de dengue grave, também conhecida como dengue hemorrágica, ocorre quando a doença afeta as plaquetas — células do sangue responsáveis pela coagulação, causando hemorragias internas e externas. O quadro pode ser fatal em pessoas com sistema imunológico fragilizado e reincidentes.
As pessoas mais suscetíveis a desenvolver a dengue grave são as consideradas vulneráveis, na faixa etária extrema, ou seja, menores de cinco anos e pessoas acima dos 60 anos. “Inclui-se no grupo as pessoas adoecidas; com diabetes descontrolada, asma brônquica, pessoas que estão em tratamento de quimioterapia, em hemodiálise, e que fazem uso de imunobiológicos e as imunossuprimidas. Estudos mostram que os indivíduos que sofrem uma segunda infecção têm maiores riscos de evoluir para a dengue hemorrágica e merecem atenção ”, aponta Eliana Bicudo, infectologista da Clidip vacinas.
Segundo a infectologista, os sintomas da dengue grave geralmente começam com sangramentos no nariz, gengiva e até mesmo nos olhos. “Febre persistente, vômitos, diarreia e dores abdominais que não cedem a analgésicos, também são sintomas que podem aparecer”, explica Eliana Bicudo.
De acordo com o Instituto Butantan, em caso de apresentação dos sintomas, deve-se procurar atendimento médico urgente, pois, o período que compreende das 24h às 48h posteriores é determinante para evitar complicações e morte.
Tratamento
O principal tratamento da dengue hoje é a reposição de líquidos e, em casos avançados, se houver sangramento, a reposição de plaquetas. Medicamentos também podem ser usados para controlar os sintomas de dor, como paracetamol. É importante evitar medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno e aspirina, já que eles afinam o sangue e aumentam o risco de hemorragias.
Segundo o neurocirurgião Felipe Mendes, a infecção causada pelo vírus da dengue causa um sintoma neurológico muito comum, presente em praticamente todos os casos: as dores de cabeça, muitas vezes, de forte intensidade. No entanto, apesar de raras, pode haver algumas complicações neurológicas.
“Em alguns casos, pode haver, além da dor de cabeça, sintomas como confusão mental, dificuldade de movimentar um lado do corpo, alteração da sensibilidade, sonolência excessiva ou crises convulsivas. Isso pode sugerir fortemente a possibilidade de que haja alguma complicação neurológica causada pela dengue. Entre elas, existem a meningoencefalite, a síndrome de Guillain-Barré ou sangramentos intracranianos causados pela queda excessiva das plaquetas. Muitas vezes, os episódios de manifestações neurológicas podem não ser fruto direto da infecção pelo vírus, mas de uma resposta inflamatória, imunológica exagerada do corpo ao tentar combater o vírus.”
Ele explica que, embora raras, as complicações neurológicas associadas à infecção refletem a complexidade e a gravidade potencial desta doença. Alemão dos quadros neurológicos já mencionados, é importante considerar também o impacto psicológico que essas manifestações podem ter nos pacientes, afetando sua qualidade de vida e bem-estar.
“A prevenção contra a dengue continua sendo a estratégia mais eficaz para evitar tais complicações. Isso inclui medidas de controle do mosquito Aedes aegypti, como a eliminação de águas paradas onde eles se reproduzem, uso de repelentes e instalação de telas em janelas e portas. Além disso, campanhas de vacinação em áreas endêmicas podem oferecer uma camada adicional de proteção contra a dengue, embora a vacina não seja indicada para todos os indivíduos e deva ser considerada caso a caso.”
A investigação laboratorial e o diagnóstico precoce, de acordo com o médico, são fundamentais para o manejo adequado dos casos, especialmente quando há suspeita de envolvimento neurológico.
“Testes específicos, como a reação em cadeia da polimerase (PCR) para detecção do vírus da dengue e exames de imagem, como a ressonância magnética (RM), podem ser necessários para confirmar a infecção e avaliar a extensão das lesões no sistema nervoso. A colaboração entre especialistas, como infectologistas, neurologistas e fisioterapeutas é crucial para oferecer uma assistência integral e personalizada ao paciente em tratamento, visando não apenas à recuperação da infecção, mas também à reabilitação das funções comprometidas pelas manifestações neurológicas.”
*Estagiária sob supervisão de Lorena Pacheco