Informar-se e conhecer melhor quais tipos de cânceres infantis existem, o que é quais são os tipos de estomias e como a intercessão destas duas condições podem impactar a vida de uma criança é o primeiro passo para melhorar a qualidade de vida de milhares de brasileirinhos. Você sabia que, de acordo com o Decreto Lei 3298/99, as crianças estomizadas são consideradas pessoas com deficiência física e têm os mesmos direitos legais de qualquer PCD?
Você sabia que as crianças com estomia e com câncer, de acordo com Política Nacional de Atenção à Oncologia Pediátrica, também têm asseguradas a disponibilização de diagnóstico e tratamento universal e integral, que inclui acesso a uma linha de cuidados especializados?
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Apesar destas leis assegurarem o direito e o acesso aos cuidados de saúde necessários às crianças estomizadas e com câncer, de forma humanizada e livre de preconceitos, na prática não é isso que acontece na maioria dos casos.
Estomia de eliminação: uma deficiência nem sempre visível
A ostomia é um processo cirúrgico pelo qual uma pessoa (criança ou adulto) precisa passar para criar uma abertura no corpo, uma espécie de orifício chamado estoma, que funcionará como um caminho alternativo para a saída das fezes e urina ou para auxiliar na respiração do estomizado.
“Como as estomias de eliminação são feitas na região abdominal (colostomia, ileostomia ou urostomia), o estoma não fica visível, pois a bolsa coletora que recebe as fezes ou a urina, além de ficar encoberta embaixo da roupa, permite que a pessoa mantenha a sua rotina. Por isso, é como se fosse uma deficiência invisível”, esclarece Kellen Cristina de Souza, enfermeira estomaterapeuta da Coloplast, empresa global no desenvolvimento de produtos e soluções para pessoas com necessidades íntimas de saúde.
“Já a chamada estomia respiratória, traqueostomia, é mais visível porque fica na região do pescoço e, em vez de uma bolsa coletora, apresenta uma cânula, que pode ser de plástico ou de metal gerando um canal de passagem do ar, como uma alternativa segura para a respiração, já que não há possibilidade de fazê-lo através das vias aéreas superiores para os pulmões”, explica Daniela Abreu, Clinical Manager da Atos Medical no Brasil, empresa de cuidado e tratamento de estoma respiratório.
Câncer infantil
O câncer infantil não tem uma causa definida por tratar-se, na realidade, de um grupo de diversos tipos de cânceres resultantes de anormalidades genéticas ou hereditárias, ou seja, de alterações no DNA das células que podem ocorrer ainda na fase embrionária (durante a gestação).
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Apesar dos tipos mais comuns serem e as leucemias (que afeta os glóbulos brancos) e os do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático), os cânceres infantis são considerados doenças raras que geralmente afetam o sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação, manifestando-se em qualquer parte do corpo da criança e com tendência a se desenvolverem rapidamente por nem sempre serem diagnosticados precocemente, já que seus sinais podem ser mascarados e confundidos com outras doenças típicas da infância.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a exemplo do que ocorre em países desenvolvidos, os cânceres infantis são a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Porém, quando há o diagnóstico precoce, cerca de 80% das crianças podem ter remissão total (cura) da doença.
Segundo estimativas do Inca, são esperados 7.930 novos casos de câncer infantil só este a ano no Brasil.
Estomias em crianças
Graças ao avanço tecnológico na medicina, que tem permitido diagnósticos cada vez mais precoces de doenças, o número de estomias em crianças tem sido reduzido e, na maioria dos casos, é um procedimento reversível. Entretanto, há casos em que a criança manterá a ostomia até a fase adulta.
No caso das estomias de eliminação, os cânceres infantis podem ser uma das causas para a realização de uma estomia, embora sejam o motivo menos comum. Entre as outras causas, podemos destacar:
- Malformações congênitas que fazem com que a criança nasça om anomalias no trato gastrointestinal, como ânus imperfurado.
- Doenças inflamatórias intestinais como a doença de Crohn ou colite ulcerativa, em que a estomia pode contribuir para o alívio dos sintomas graves e complicações da doença.
- Traumas ou acidentes graves, como os automobilísticos, que provoquem lesões no trato gastrointestinal
- Enterocolite necrosante que provoca inflamação e a necrose do intestino, principalmente bebês prematuros.
- Doença de Hirschsprung, que é uma congênita que provoca à obstrução dos intestinos.
“Nestes casos, a criança terá de utilizar uma bolsa coletora de acordo com o tipo de estomia que ela fez (colostomia, ileostomia ou urostomia) e adequada ao perfil corporal ao redor da estomia dela, sendo recomendada a troca diária desta bolsa para prevenir vazamentos e problemas de pele, e garantir maior conforto e qualidade de vida para o usuário”, Kellen Cristina de Souza, enfermeira estomaterapeuta e da Coloplast.
Traqueostomia em crianças
A estomia respiratória ou traqueostomia é recomendada para crianças que apresentem comprometimento ou obstrução das vias aéreas superiores (VAS) por doenças respiratórias graves, como:
- Malformações congênitas como estenoses glóticas, subglóticas ou de traqueia superior.
- Malformação craniofacial e obstrução por cistos laríngeos ou hemangioma de laringe.
- Bebês que ventilação mecânica por tempo prolongado
- Crianças com comprometimento neurológico, doenças cardíacas ou pulmonares congênitas
“O cuidado adequado é essencial para garantir a saúde e qualidade de vida da criança traqueostomizada. Por isso, é importante a utilização de uma espuma de proteção adequada, para prevenir lesões de pele ou vermelhidão, bem como, substituir as cânulas periodicamente, para prevenir sangramentos e infecções”, reforça Daniela Abreu, clinical manager da Atos Medical no Brasil.
Vale frisar que tanto nas estomias de eliminação como na traqueostomia, o acompanhamento médico e de equipe multidisciplinar adequados, além do suporte emocional são essenciais para garantir o bem-estar da criança e de sua família, especialmente após a alta hospitalar ou mesmo no home care.