No dia 29 de janeiro, Minas Gerais entrou em estado de emergência de saúde pública causada pelos aumentos de casos de dengue e chikungunya. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado e é válida pelos próximos seis meses. Entre os sintomas das doenças estão: febre, dores no corpo, mal-estar e dor de cabeça - semelhantes à COVID-19. Segundo o último Boletim Epidemiológico de Combate ao Coronavírus, em Belo Horizonte, houve um aumento de 53% nos casos da doença. Com o aumento de ambas, não é incomum que a população tenha dificuldade para diferenciar as duas enfermidades.
CARNAVAL
E a tendência é que a dúvida piore em razão do carnaval. A época de festa e alegria incluiu aglomeração e alto risco de contaminação para o caso das duas doenças. O infectologista Estevão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI) e diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), destaca que “quando se tem muitas aglomerações, gera-se muito material que pode acumular água, favorecendo, portanto, a multiplicação do mosquito (Aedes aegypti).” Ele acrescenta: “Muitas pessoas juntas podem, obviamente, ser mais contaminadas pelo mesmo mosquito. Como tivemos essa situação durante o carnaval, está montado o cenário. O infectologista lembra que carnaval e volta às aulas são atividades com riscos não só para o aumento dos casos de dengue, como também para a COVID-19 e outras doenças que pioram com aglomerações: “Então, o pós-carnaval será de alerta”, avisa.
TRANSMISSÃO SILENCIOSA
No mesmo sentido, ambas as doenças apresentam a chamada transmissão silenciosa - quando o indivíduo é assintomático (infectado, mas sem sintomas), contamina o Aedes aegypti, o qual espalha a dengue, ou no caso da COVID-19, em que algumas pessoas não têm sintomas, e passam a transmitir o vírus pela saliva e muco.
Na contramão, a dengue é transmitida via mosquito Aedes aegypti. Ele pica uma pessoa contaminada, pega o vírus, pica outra pessoa e transmite a doença. Não passa de uma pessoa para outra. Já na COVID-19, a transmissão é pelo ar, por gotículas de secreções respiratórias de uma pessoa infectada. Então, passa de uma pessoa para outra.
SINTOMAS
Já os sintomas, apesar de semelhantes, como já citado, têm suas diferenças. Na dengue, são caracterizados pela febre alta e persistente acima de 38ºC, náuseas, vômitos, cefaleia, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas no corpo. Contudo, existem quadros leves da doença que não apresentam todos os sintomas. “O tratamento, tanto para a dengue, como para zika e chikungunya, doenças transmitidas pele mesmo mosquito, é sintomático, ou seja, utilizam medicamentos que aliviam os sintomas e alguns remédios precisam ser evitados caso exista a suspeita das doenças, sendo eles ácido acetilsalicílico (AAS), anti-inflamatórios e corticoides”, orienta a infectologista da Afya, Raíssa de Moraes.
A COVID tem como característica os sintomas respiratórios, incluindo tosse, dor de garganta, coriza, perda de olfato, dor abdominal e fadiga, dificuldade para respirar - os quais não aparecem na dengue.
VACINA
O Sistema Único de Saúde (SUS) passa a oferecer este mês a vacina contra a dengue Qdenga, imunizante desenvolvido pelo laboratório japonês Takeda Pharma, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Ela se mostrou eficaz e segura para os quatro soro tipos da doença e pode ser aplicada em pessoas entre quatro e 60 anos. Neste primeiro momento, o SUS irá oferecer apenas para crianças de 10 a 14 anos, que são o público com maior risco de internação e agravamento”, explica Raíssa de Moraes.
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Neste caso, a diferença entre a prevenção está na restrição da imunização, já que, a vacina da COVID já está disponível para toda a população no Sistema Único de Saúde (SUS).
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Um diagnóstico mais confiável sobre as doenças pode ser obtido através dos testes. Na COVID, é possível fazer o autoteste, teste rápido ou o RT-PCR: um diagnóstico laboratorial, feito por biologia molecular, que permite identificar a presença do material genético (RNA) do vírus Sars-Cov-2 em amostras de secreção respiratória. Na dengue, não tem autoteste. Mas é possível fazer o teste rápido, sorologia ou o RT-PCR.
Para tratar a febre presente nos casos sintomáticos, os dois medicamentos mais indicados são paracetamol e dipirona — os dois ajudam a amenizar dores e mal-estar. Mas em caso de agravamento e prolongamentos dos sintomas, procure um centro de atendimento ou uma orientação médica.
* Estagiária sob supervisão da editora Ellen Cristie.