Em todo Brasil, 74.696 cirurgias bariátricas foram feitas, seja pelo Sistema Único de Saúde (SUS), convênio médico ou de forma particular, ao longo de 2022. E, de acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), aproximadamente 303 mil pessoas no Brasil têm indicação para a realização desse procedimento para tratamento da obesidade.



A execução da cirurgia bariátrica requer acompanhamento prévio de uma equipe multidisciplinar, além da realização de exames para que o paciente possa ser liberado para o procedimento, como ecocardiograma, ultrassom abdominal e exames laboratoriais. O pós-operatório também exige cuidados específicos por parte dos pacientes para evitar complicações. Nesse contexto, é imprescindível que médicos e outros profissionais que atendem no setor de emergências estejam bem orientados sobre as especificações do paciente bariátrico.

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Pensando nisso, a SBCBM produziu um manual com diretrizes profissionais específicas. As complicações cirúrgicas podem ocorrer, apesar de serem incomuns. Elas são classificadas como precoces quando ocorrem até 30 dias após a cirurgia, ou tardias, surgindo após esse período. Entre as complicações mais comuns estão a fístula, que é um vazamento decorrente do rompimento de grampos ou pontos no estômago, sangramento, tromboembolismo venoso (TEV), que é a obstrução aguda da circulação arterial pulmonar, e eventos cardiovasculares.

“Existe uma frase da qual gosto muito e que é do professordDoutor João Batista Marchesini: ‘Você nunca fará o diagnóstico de uma doença que você não conhece’. É quase impossível identificar uma complicação aguda ou crônica em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica se o cirurgião geral, ou o socorrista, desconhece os possíveis problemas que podem acompanhar um paciente bariátrico em sua jornada cirúrgica”, destaca o cirurgião bariátrico do Hospital São Marcelino Champagnat, Caetano Marchesini, um dos editores da publicação, também responsável pelo prefácio.

Compartilhamento de vivências

A publicação Advanced Bariatric Life Support (ABLS-Brasil) foi produzida com a contribuição de quatro cirurgiões bariátricos que atuaram como editores e outros 46 colaboradores. O compartilhamento de conhecimento e da vivência em cirurgia bariátrica é essencial para a busca de um atendimento qualificado a pacientes que passaram pelo procedimento, especialmente com aumento dos números de cirurgias no país.

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Dados do Sistema de Vigilância Alimentar (Sisvan), do Ministério da Saúde, apontam que, em 2023, quase 6,5 milhões de brasileiros estavam obesos. O número representa 33,38% de toda população do país. Segundo o Atlas Mundial da Obesidade, produzido pela World Obesity Federation (WOF), até 2035, a obesidade deve atingir 41% da população brasileira. O impacto econômico na saúde é estimado em US$ 19,2 bilhões.

A SBCBM também oferecerá cursos de capacitação, tanto presenciais quanto on-line, para profissionais interessados. Os temas abordados incluem a anatomia da cirurgia bariátrica, uma visão geral dos procedimentos, avaliação do paciente e a abordagem das complicações. Além disso, há previsão para certificação de hospitais organizados e com pessoal treinado para atendimento a pacientes bariátricos pela SBCBM. A certificação “Emergência Bariátrica” será disponibilizada para pacientes que passarem pelo procedimento.

Para Marchesini, o manual é um material indispensável para profissionais de diferentes àreas. “Esta obra, rica em informações, deverá ser livro de cabeceira de plantonistas em hospitais, a companhia inseparável de nossos novos cirurgiões em obesidade e síndrome metabólica, assim como livro de consulta e atualização dos velhos guerreiros do mundo bariátrico”, ressalta.

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