O câncer é a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de um a 19 anos no Brasil, mas o diagnóstico precoce e o tratamento adequado aumentam significativamente as chances de cura. Para este ano são estimados cerca de 12 mil novos casos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), e ao contrário do que ocorre em adultos, os tumores infantis não estão associados a fatores de risco.

“A predisposição ao câncer infantil não está confirmadamente associada a causas ambientais. Importante esclarecer também que embora maus hábitos dos pais, como tabagismo e ingestão de bebida alcoólica, possam afetar o desenvolvimento do feto, não é possível relacioná-los ao surgimento da neoplasia na fase infantil”, esclarece Eliana Quintão, médica da Casa de Apoio Aura.



Segundo a médica, algumas mutações genéticas e síndromes de imunodeficiência, como trissomias dos cromossomos 13, 18 e 21, síndrome de Fanconi e deficiência seletiva de imunoglobulina A, correspondem a uma taxa muito baixa do total de casos de câncer infantil. “O tumor na infância pode surgir em qualquer idade, mas sua incidência é mais prevalente de acordo com a faixa etária, como é o caso da leucemia e dos tumores de sistema nervoso central, que surgem entre um e 10 anos, e dos neuroblastomas e retinoblastomas, mais frequentes em menores de um ano de idade”, explica.

Eliana Quintão reforça a importância de ficar atento aos primeiros sinais e sintomas para garantir um tratamento eficaz e menos agressivo. “O diagnóstico precoce está relacionado à redução da morbidade e de complicações da doença, por isso os profissionais de saúde devem ter um olhar cuidadoso e suspeitar sempre que identificarem manifestações como febre, cefaleia e indisposição. Muitas vezes esses sintomas são associados à anemia por deficiência de vitaminas e viroses. A leucemia, por exemplo, é marcada por febre, palidez e surgimento de linfonodos. É essencial correlacionar a idade com os diagnósticos mais comuns para direcionar a investigação”, informa.

Confira 9 sintomas que exigem uma investigação médica:

1 - Palidez, hematomas e sangramentos
2 - Caroços e inchaços, especialmente se indolores e sem febre nem outros sinais de infecção
3 - Dor em membros e/ou dor óssea sem traumas nem sinais de infecção
4 - Febre persistente sem outras causas e/ou perda de peso inexplicáveis
5 - Inchaço abdominal, vômitos (em especial pela manhã ou com piora ao longo dos dias)
6 - Alterações oculares, como pupila com reflexo branco, estrabismo de início recente, perda visual, hematomas, inchaço ao redor dos olhos
7 - Dores de cabeça, especialmente se incomuns, persistentes ou intensas e associada a outros sinais neurológicos e vômitos em jato
8 - Fadiga, letargia, mudanças no comportamento, como isolamento
9 - Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação

Sobre Casa de Apoio Aura 

Fundada em 1998, a Casa de Apoio Aura acolhe pacientes de zero a 17 anos em tratamento de câncer, doenças hematológicas e em processo de transplante, e seus acompanhantes, vindos de diversas partes do Brasil. Sua equipe multidisciplinar de enfermagem 24 horas, abrange a fisioterapia, nutrição, psicologia, psicopedagogia, serviço social e fonoaudiologia e são constantemente incentivada à formação clínica. Juntam-se a esses profissionais cerca de 70 voluntários presentes nas atividades diárias da Aura.

A fachada da sua sede própria (rua José Lavarine, 100, bairro Paraíso, Belo Horizonte/MG), inaugurada em 2017, conta com pinturas de um grupo de artistas renomados da galeria QUARTOAMADO. A associação oferece condições adequadas de acolhimento com 32 quartos individuais para criança/adolescente e seu acompanhante, e acomodações diferenciadas para pós-transplantados, cinco refeições diárias nutricionalmente balanceadas para atender às necessidades específicas, bem como cesta básica e outros benefícios de acordo com a necessidade individual, e ainda espaço de estar e convívio e atividades de desenvolvimento educacional, cognitivo e social.

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“A Aura se dedica para manter o clima positivo e alegre e garantir aos seus acolhidos o direito de ser criança, de brincar, de estudar, de passear. Oferecemos suporte educacional para os momentos de afastamento da escola, transporte para hospitais, centros de saúde e atividades programadas de lazer, auxílio na obtenção de benefícios sociais e documentos, mediação de psicólogo para que todos se sintam seguros e confortáveis para compartilhar a sua jornada”, descreve Marilda Eugênia de Souza e Santos, gerente social da instituição.

A Casa desenvolve também ações para aquisição de próteses, órteses, cadeiras de rodas e outros itens necessários à saúde e reabilitação, e oficinas artesanais para ensinar e estimular atividades geradoras de renda e economia criativa.

A instituição é certificada pelo Selo PGT (Padrões em Gestão e Transparência), conhecido também como Selo Doar A+, e se mantém exclusivamente por meio de doações de pessoas físicas e parceiros, emendas impositivas e projetos para captação de recursos. Conta ainda com um bazar na própria sede, que ajuda diretamente na manutenção dos projetos e ações e funciona de segunda a sexta, das 13h às 16h.

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