Abilio Diniz, fundador do Grupo Pão de Açúcar, morreu na noite de domingo (18/2), aos 87 anos. O empresário estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, com pneumonia, e faleceu por insuficiência respiratória desencadeada por uma pneumonite. O Correio conversou com o médico pneumologista do Hospital Santa Lúcia Sul, William Schwartz, que explicou sobre a doença e os principais sintomas.
“Pneumonite é uma inflamação dos tecidos pulmonares, que pode ser causada por vários fatores, entre elas: alergias, exposição a certos produtos químicos (alta concentração de amônia ou exposição a cloro); radiação e, em alguns casos, por reação a alguns medicamentos. Na pneumonite é possível observar uma reação desencadeada por irritantes ou alérgenos — substância de origem natural, resultando em uma resposta inflamatória no tecido pulmonar”, detalha Schwartz.
A pneumonite e pneumonia tem como principal diferença a causa subjacente, mas ambos se referem à inflamação nos pulmões. Enquanto a pneumonia está relacionada às causas infecciosas, a pneumonite se refere às químicas.
“Pneumonia é uma infecção dos pulmões causada principalmente por bactérias, vírus ou até mesmo por fungos, caracterizada pela presença de inflamação e acúmulo de fluido nos alvéolos pulmonares. Já a pneumonite é tipicamente uma inflamação sem infecção, causada por exposição a substâncias irritantes ou alérgicas. Embora os sintomas possam ser similares, o tratamento e a etiologia diferem significativamente, focando principalmente na causa”, pontua.
Principais causas da pneumonite:
- Inalação de poeira orgânica ou inorgânica, como mofo, fibras de asbesto ou sílica;
- Exposição a alguns produtos químicos, como cloro, amônia e alguns gases industriais;
- Radioterapia no tórax, como parte do tratamento para câncer;
- Reação adversa a determinados medicamentos, incluindo alguns antibióticos, quimioterápicos e medicamentos para arritmia cardíaca;
- Doenças autoimunes que podem afetar os pulmões;
- Reações alérgicas a aves (pneumonite por hipersensibilidade);
- Uso prolongado de dispositivos eletrônicos de aquecimento, como os umidificadores de ar, se não forem regularmente limpos.
De acordo com o pneumologista, os sintomas da doença podem variar de acordo com o quadro do paciente, e pode ocorrer variação dependendo da causa, da extensão da exposição ao agente irritante ou alérgeno, e da resposta individual do organismo.
“Como sintomas leves ressalto a tosse seca (um dos primeiros sintomas, que pode persistir por um longo período), fadiga e dificuldade leve para respirar. Em sintomas moderados ou intermediários, podemos destacar a piora progressiva da dificuldade para respirar, dor no peito ou desconforto, surgimento de febre e calafrios. Já em sintomas graves é possível observar: Cianose (coloração azulada da pele e das mucosas devido à falta de oxigênio), confusão mental ou desorientação decorrente da hipóxia e insuficiência respiratória”, classifica.
Ainda conforme Schwartz, vale lembrar a importância de procurar avaliação de um pneumologista para o diagnóstico precoce e planos de tratamento personalizados.
Confira a seguir algumas medidas para prevenir danos pulmonares:
- Evitar a exposição ao agente causador (conhecer potenciais riscos e uso de equipamentos de proteção individuais são fundamentais);
- No tratamento da inflamação recorremos ao uso de corticosteroides para redução;
- Medicação para controlar sintomas específicos, como a tosse;
- Oxigenoterapia — tratamento com oxigênio extra aos pulmões — em casos de dificuldade respiratória severa, podendo até mesmo recorrer a intubação endotraqueal para casos mais avançados e graves;
- Em casos de pneumonite por hipersensibilidade, pode ser necessário tratamento adicional para controlar as reações alérgicas.
*Maria Eduarda Maia, estagiária sob supervisão de Pedro Grigori