O mês de fevereiro é marcado pela cor roxa, e o objetivo é conscientizar a população para um diagnóstico precoce sobre o Alzheimer, a fibromialgia e o lúpus, todas enfermidades crônicas. Apesar de ainda não existir cura, há tratamentos que levam qualidade de vida para os pacientes que sofrem com as complicações das doenças. A neurologista Paula Azevedo, que compõe o time do Cuida, um projeto voltado para estimular a prática do cuidado entre as pessoas, explica como cada doença afeta a memória e a fala dos pacientes.

Ela esclarece que o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que leva ao declínio cognitivo, afetando capacidades de trabalho e de relação social. “A doença cursa um quadro progressivo de esquecimentos, afetando vários tipos de memória. A fala será afetada mais tardiamente na doença de Alzheimer, quando o paciente desaprender a falar e a compreender o que lhe é dito. Já o lúpus é um distúrbio crônico que provoca uma produção excessiva de anticorpos, resultando em inflamações nos rins, pulmões, pele e articulações. A depender do quanto e de como a doença afeta o cérebro do paciente, ele pode apresentar tanto perda de memória quanto dificuldade na linguagem”, explica a neurologista.



A médica da dor, Mariana Suete, que também faz parte do Projeto Cuida, explica que é preciso ter uma atenção maior para a fibromialgia, já que, entre as três doenças, esta é a mais comum na população brasileira. “A maioria dos pacientes com fibromialgia vai ter algum distúrbio cognitivo, como falta de memória e de atenção. Fibro Fog, ou névoa do cérebro, é o termo utilizado para esse conjunto de dificuldades cognitivas que podem atingir alguns portadores de fibromialgia”, elucida a médica.

“Então é como se a dor roubasse a energia e a consciência dos centros de atenção. E é por isso que as manobras de distração funcionam tanto, já que tiram o foco da dor, como se a gente direcionasse o foco do que a gente está fazendo. Pela ansiedade, depressão e distúrbios do sono que acontecem na fibromialgia, pioram ainda mais essas dificuldades cognitivas”, continua Mariana Suete.

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A inflamação está diretamente relacionada aos hábitos de vida, então, o estresse crônico piora os processos de inflamação crônica, assim como a má alimentação, ansiedade, depressão e sono ruim. Todos esses processos agravam essa inflamação e o estresse oxidativo, causando a neuroinflamação que piora muito a sensibilização central e a sensibilização periférica, que são os processos que mantêm a dor crônica ativa.

Tratamentos e estimulação cerebral

Existem dois tipos de estimulação cerebral após o diagnóstico: a profunda e a magnética transcraniana. “A estimulação cerebral profunda é utilizada como uma opção no tratamento sintomático do Alzheimer em outros países, como o Canadá, mas ainda não está aprovada para essa finalidade no Brasil. Já a estimulação magnética transcraniana é uma ferramenta que pode ser usada para tratar dor crônica, quadros depressivos, que podem ser encontrados no lúpus e na fibromialgia. É um procedimento que vem sendo estudado com mais atenção, ainda sem evidência específica na fibromialgia e no lúpus”, conta Paula.

A médica explica, ainda, que após o diagnóstico, é preciso orientar o paciente e sua rede de apoio, cuidadores e familiares para que entendam a evolução dessas doenças e como podem ajudar de forma efetiva. Além do tratamento sintomático com remédios, é muito importante a reabilitação com fisioterapia, fonoterapia, terapia ocupacional, psicoterapia e atividade física. Atividades manuais também ajudam muito no tratamento, como pintura, bordado, crochê, tricô, cerâmica e jardinagem.

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