A obesidade é uma preocupação de saúde pública que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e ainda é um desafio crescente na sociedade brasileira. A sua prevalência no público feminino é notavelmente maior em comparação ao público masculino e merece uma atenção especial. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2003 a 2019, a proporção de mulheres acima dos 20 anos com obesidade aumentou de 14,5% para 30,2%. Enquanto que entre os homens, a taxa passou de 9,6% para 22,8% no mesmo período.

A obesidade, além de representar uma questão de saúde, traz uma série de desafios emocionais e sociais, especialmente para as mulheres. O estigma e o preconceito associados à obesidade podem ter impactos significativos na vida desse público, afetando sua autoestima, oportunidades profissionais e saúde mental.



“Essa doença crônica e multifatorial está estreitamente ligada às questões de saúde mental. Quanto mais grave é a obesidade, maior é a chance de a pessoa ter um quadro de transtorno do humor, como depressão, ansiedade, transtornos de personalidade que podem ser desencadeados ou agravados pelo comprometimento da qualidade de vida que a própria obesidade gera. Assim, quanto mais cedo for iniciado o tratamento, melhor será o prognóstico”, diz Andrea Levy, psicóloga e presidente da ONG Obesidade Brasil.

A sociedade ainda impõe padrões de beleza irreais, criando pressões sobre as mulheres para atender a essas expectativas, o que pode contribuir para comportamentos alimentares prejudiciais e distúrbios psicológicos. Essas mulheres frequentemente enfrentam discriminação e preconceito, tanto na vida social como em ambientes de trabalho. E esses estigmas podem resultar em consequências sérias para a saúde mental e física, criando-se um ciclo difícil de ser quebrado.

“O excesso de peso, além de estar associado a diversos outros problemas de saúde como diabetes, pressão alta, asma, dor de cabeça, aumento de colesterol, sobrecarga do sistema ósseo e articular, ainda leva a uma pior resposta ao tratamento de cânceres associados à obesidade, mais casos de mortalidade, complicações e maior toxicidade. Também podem surgir problemas relacionados à fertilidade, gestação de risco e problemas na menopausa”, explica a nutróloga Andrea Pereira, cofundadora da ONG.

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Outros desafios enfrentados pelas mulheres surgem quando tentam acessar serviços de saúde e programas de perda de peso. Desde a falta de apoio médico sensível às questões de gênero até a escassez de opções de tratamento adaptadas às necessidades específicas das mulheres, há uma clara lacuna na prestação de cuidados de saúde para as mulheres com obesidade.

“As mulheres sofrem, por exemplo, ao não encontrarem macas ou cadeiras adequadas para um atendimento em um ginecologista ou mesmo para a realização de algum procedimento cirúrgico. Junto a isso, ainda existe o preconceito dos próprios profissionais de saúde que julgam os pacientes e consideram a obesidade como falha de caráter, falta de força de vontade ou algo que seja fácil de controlar, mas isso não é verdade. Ela é uma doença crônica e precisa de tratamento”, denuncia Andrea Levy.

 

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