A endometriose afeta 8 milhões de mulheres no Brasil e 200 milhões no mundo -  (crédito: Freepik)

A endometriose afeta 8 milhões de mulheres no Brasil e 200 milhões no mundo

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Estima-se que uma em cada dez brasileiras sofram atualmente com a endometriose. A doença afeta cerca de 10% das mulheres em fase reprodutiva, segundo dados da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE). Apesar dos números expressivos, a endometriose muitas vezes só é detectada quando a mulher enfrenta problemas para engravidar. Entre as pacientes inférteis, 50% delas apresentam a patologia.

“São números expressivos e, por isso, o chamado ‘Março Amarelo’ é dedicado à conscientização da endometriose. É importante que a mulher realize suas consultas de rotina ao ginecologista, conheça e investigue a doença”, afirma o ginecologista e especialista em reprodução assistida da Huntington Pró-Criar, João Pedro Junqueira Caetano.

O ginecologista ressalta, inclusive, que a clínica anualmente realiza uma campanha denominada “#endomarço”, com o objetivo de disseminar conteúdos explicativos a respeito da endometriose.

À seguir, João Pedro esclarece alguns pontos importantes sobre a doença.

O que é a endometriose?

O útero das mulheres é revestido de um tecido chamado endométrio. Todos os meses, quando não há gestação, esse tecido descama e é eliminado com o sangue da menstruação. Existem várias teorias para tentar explicar a causa da endometriose, e a mais comum a aceita seria um refluxo deste sangue menstrual pelas trompas e a fixação de células deste endométrio na pelve.

O organismo entende que aquelas células estão no local inadequado e ocorre um processo de eliminação destas células. Não se sabe porque, mas em algumas pacientes este processo não ocorre e pior, acaba por haver uma “batalha inflamatória” entre estas células (implantes de endometriose) e o organismo. Portanto, endometriose é a presença de endométrio fora do útero, podendo estar nos ovários, trompas ou até mesmo intestino e bexiga.


Quais são os principais sintomas?

Os sintomas variam muito de mulher para mulher. Os mais comuns são:

  • Cólicas menstruais intensas, progressivas
  • Dor pélvica (especialmente durante a menstruação)
  • Infertilidade
  • Dor durante o sexo
  • Desarranjo ou dor intestinal no período menstrual
  • Urgência urinária, dor ao urinar ou sangramento ocasional na urina

Importante ressaltar que as mulheres portadoras de endometriose podem ter um, todos ou nenhum desses sintomas. Na verdade, 25% das mulheres com a doença não apresentam nenhum sintoma, tornando o diagnóstico ainda mais difícil.

Como diagnosticar a endometriose?

Diagnosticada precocemente, a endometriose pode ser melhor tratada. No entanto, devido ao fato dos sintomas serem leves, inespecíficos e até mesmo ausentes, o diagnóstico precoce se torna bastante difícil.

O exame de ultrassom transvaginal com preparo da pelve é utilizado para identificar a presença de endometriose, sendo algumas vezes, capaz de detectar a doença em fase precoce. Apesar de eficaz, o diagnóstico só é 100% confirmado a partir de outro método, denominado de videolaparoscopia com biópsia.O exame anátomo-patológico é o único exame capaz de definir de forma conclusiva a presença da doença.. Este é o único exame capaz de definir de forma objetiva e conclusiva a extensão da doença.

É importante estar em dia com os exames ginecológicos, uma vez que nódulos no fundo da vagina e dor à mobilização do útero podem indicar endometriose.

Qual a relação entre endometriose e infertilidade?

A endometriose afeta o aparelho reprodutor de diversas maneiras e a infertilidade, a qual pode estar associada à doença, não ocorre devido a um único fator. Alguns fatores que ocorrem e alteram a fertilidade são:

  • Alterações anatômicas e fisiológicas
  • O funcionamento das trompas e a maturação e desenvolvimentos dos óvulos ficam prejudicados. Ocorre alteração na receptividade do endométrio à implantação do embrião
  • Aspecto imunológico - o sistema imune deveria atacar somente tecidos estranhos. No caso da endometriose, o sistema imune identifica endométrio fora do lugar como algo estranho e o ataca, causando inflamação. Isso faz com que as chances de implantação do embrião diminuam ainda mais

Apesar de relacionadas, a endometriose não leva necessariamente à infertilidade. Cada caso deve ser avaliado separadamente.

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Como tratar?

Infelizmente, como não sabe-se a causa da endometriose, não existe cura. Uma vez com endometriose, sempre com endometriose. O que vai variar é a evolução dela. A doença pode ser abordada com uma cirurgia denominada laparoscopia ou por meio de medicações. Além disso, ações que melhorem a qualidade de vida, como exercícios, alimentação saudável e psicoterapia, são favoráveis ao tratamento.

No entanto, se o objetivo da mulher é engravidar, o uso da maioria das medicações para tratamento de endometriose agiria como anticoncepcional impedindo uma gravidez,estando o tratamento por uma das técnicas da reprodução assistida, como a fertilização in vitro (FIV), melhor indicado. Esse método tem boas taxas de sucesso. Mas, é bom ressaltar que cada caso tem um desenvolvimento diferente, e, portanto, é essencial procurar um especialista em reprodução assistida e ver qual a melhor opção.