O glaucoma é a doença que mais cega no mundo. Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), afeta entre 1% e 2% da população com mais de 40 anos de idade em todo o mundo, o que representa cerca de 3 milhões de pessoas. O Dia Mundial do Glaucoma, celebrado hoje (12/3), alerta para a importância do acompanhamento oftalmológico adequado. Por ser uma doença silenciosa e não apresentar sintomas na maioria dos casos, muitas vezes é diagnosticada quando o paciente já está na fase final, onde ocorre a perda da visão e do campo visual, de forma irreversível.
“Alguns fatores de risco favorecem o aparecimento da doença, como idade avançada, hipertensão arterial, miopia elevada, diabetes, raça negra e hereditariedade. A prevenção se dá com visitas regulares ao oftalmologista para avaliação e detecção precoce do problema, como forma de evitar a cegueira por glaucoma”, explica Márcia Keiko Tabuse, oftalmologista e consultora da HOYA Vision Care, empresa japonesa que produz lentes para óculos.
O glaucoma crônico, mais frequente, não oferece sintomas nas fases iniciais da doença e pode ser diagnosticado pelo exame de pressão ocular e fundo de olho, que analisa o nervo óptico. Os pacientes com alto grau de miopia, acima de cinco graus, têm maior probabilidade de desenvolver esse tipo de glaucoma.
Evidências comprovam o aumento da miopia em todo o mundo. Estima-se que terá impacto sobre mais da metade da população mundial até 2050, segundo dados da OMS. Desta forma, o controle rigoroso da miopia em crianças é fundamental para não alcançar graus altos com risco de glaucoma e perda da visão durante a fase adulta.
“Visitas de rotina ao oftalmologista desde a primeira infância, o uso comedido e regrado de dispositivos móveis, como smartphones, tablets e outros tipos de telas, e o estímulo às atividades ao ar livre consistem em estratégias importantes de prevenção à progressão da miopia. Adicionalmente, a implantação da correção adequada e/ou das terapias, também colaboram para conter o provável avanço de um quadro já existente”, aponta a especialista.
Uma vez diagnosticada, a doença pode ser corrigida, quando necessária, por meio do uso de óculos ou lentes de contato. Márcia destaca a eficiência de alternativas não invasivas, como é o caso das lentes de óculos de alta tecnologia e que já são opções importantes para a redução da miopia infantil.
“As pessoas com a miopia axial, quando passam a fazer uso contínuo desse tipo de lente, podem ter uma média de 60% na desaceleração da progressão da miopia, pois a estrutura da lente permite simultaneamente desacelerar o crescimento do globo ocular e proporcionar uma visão mais clara”, afirma a profissional.
Em paralelo, o glaucoma agudo ocorre quando a pressão do olho sobe de forma abrupta e o paciente refere sintomas como muita dor no olho, visão turva e pupila dilatada, por exemplo. Nesse caso, é necessária procura por um pronto socorro para o controle urgente da pressão ocular, com risco de perda da visão. Uma curiosidade é que esse tipo de glaucoma é mais frequente nas mulheres.
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As evidências atuais sugerem que as mulheres mais velhas correm o risco de desenvolver glaucoma e cegueira devido à doença. De acordo com estudos recentes, as mulheres superam os homens em casos de glaucoma em todo o mundo e correm maiores riscos de glaucoma de ângulo fechado, mas não há uma predileção clara por gênero para o glaucoma de ângulo aberto. Além disso, curiosamente, existem algumas evidências que sugerem que os hormônios sexuais femininos podem proteger o nervo óptico.
Também levanta-se a hipótese de que a diminuição da exposição ao estrogênio está associada ao aumento do risco de glaucoma de ângulo aberto, mas estudos de base populacional apresentam resultados inconsistentes. “Atualmente, não há evidências suficientes para apoiar o uso da terapia de reposição hormonal na prevenção do glaucoma. Pesquisas apontam que as mulheres carregam um fardo maior de cegueira devido ao glaucoma por conta da longevidade e desvantagens nas crenças socioeconômicas e de saúde”, informa.