A consulta com um oftalmologista deve ser feita dentro dos seis primeiros meses de vida, passando depois a ser realizada anualmente para acompanhamento -  (crédito: Freepik)

A consulta com um oftalmologista deve ser feita dentro dos seis primeiros meses de vida, passando depois a ser realizada anualmente para acompanhamento

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A Fundação Catalã Síndrome de Down (FCSD) estima que metade das crianças com síndrome de Down têm algum tipo de estrabismo, até 50% têm dificuldade para enxergar de longe e 20%, para ver de perto. “A síndrome de Down é uma condição genética de espectro amplo e de intensidade distinta em cada indivíduo, por essa razão as manifestações oculares podem estar mais ou menos presentes, tais como as já citadas acima, além do nistagmo, ceratocone, obstrução do canal lacrimal, catarata e glaucoma congênitos”, explica Aquiles Gontijo, oftalmologista do Instituto de Olhos Minas Gerais.

Todos esses problemas de visão, quando não diagnosticados e tratados precocemente, podem causar uma baixa visual definitiva, o que dificultará o desenvolvimento cognitivo de pessoas com síndrome de Down e restringirá sua interação social e ambiental. “Por isso, a oftalmologia precisa integrar a linha de cuidados desses pacientes desde o seu nascimento. Os cuidados começam pelo teste do reflexo vermelho (TRV), conhecido como teste do olhinho, que deve ser feito nas primeiras 72 horas de vida do bebê, e indicará a presença de possíveis doenças oculares graves. Em quase todos os estados brasileiros o teste do olhinho é coberto pelo SUS, e pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), por meio do convênio particular”, afirma o oftalmologista.

Da mesma forma, como destaca Aquiles Gontijo, a consulta com um oftalmologista deve ser feita dentro dos seis primeiros meses de vida, passando depois a ser realizada anualmente para acompanhamento e tratamento de alterações que possam surgir, lembrando que o desenvolvimento visual da criança ocorre até os sete anos de idade.

Aquiles Gontijo separou os principais problemas oculares em pessoas com síndrome de Down:

Estrabismo

Ocorre quando a musculatura do olho atua de forma anômala em relação ao outro olho. Se não tratada precocemente, a condição pode gerar danos definitivos à visão devido à não estimulação do olho desviado.

Miopia

Caracteriza-se por um globo ocular mais longo ou a córnea mais curva, provocando a focalização da imagem antes que a luz chegue até a retina. O míope enxerga pessoas e objetos distantes como se estivessem embaçados.

Hipermetropia

É o oposto da miopia, ou seja, o globo ocular é mais curto ou a córnea mais plana, provocando a focalização da imagem depois que a luz chega até a retina. O paciente enxerga pessoas e objetos próximos como se estivessem embaçados.

Nistagmo

Consiste em movimentos involuntários e repetitivos do globo ocular. O paciente costuma ter fotossensibilidade, tontura e pode apresentar erros refrativos severos. Pode ocorrer devido a problemas na retina.

Ceratocone

É uma condição hereditária, degenerativa e progressiva da córnea, caracterizada por seu afinamento e deformação, levando ao aparecimento de miopia e elevado grau de astigmatismo irregular e acentuada baixa da acuidade visual.

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Obstrução do canal lacrimal

Ocorre quando há acúmulo de lágrima na via lacrimal devido à dificuldade de drenagem pelo próprio canal, estreitamento ou mesmo um canal sem ponto de saída, causando lacrimejamento.

Catarata congênita

Consiste na perda de transparência do cristalino prejudicando a entrada de luz nos olhos. Os sintomas mais comuns são visão embaçada, alteração contínua da refração e sensibilidade à luz.

Glaucoma congênito

Caracteriza-se pelo desequilíbrio na pressão intraocular e causa uma alteração no nervo óptico que leva à perda do campo visual. A criança nasce com a doença por uma falha na formação dos tecidos, no sistema de drenagem do líquido interno do olho. O tratamento precisa ser iniciado imediatamente.